segunda-feira, 30 de março de 2015

TUCANA "FOLHA" CRITICA "FOLHA" POR PERSEGUIÇÃO À DIRCEU COM MENTIRAS




Ombudsman da "Folha" critica perseguição à Dirceu

Por Miguel do Rosário

"É incrível o descompromisso da imprensa brasileira com a verdade.

E mais incrível ainda a despreocupação com o direito dos cidadãos – quando esses cidadãos pertencem ao partido do qual a Folha não gosta, claro – à dignidade.

(O direito à dignidade é um dos princípios basilares da Constituição Federal, mas isso parece não ter muita importância para nossa mídia).

Quando se trata de um tucano, tudo é “suposto”.

“Suposto primo”, “suposto esquema”…

Quando se trata de personagem do PT, qualquer mentira vira manchete garrafal na primeira página.

Não adianta a própria ombudsman do jornal protestar.

Aliás, não deixo de me espantar com a arrogância com que a “secretaria de redação” da Folha responde à ombudsman do jornal.

No domingo, por exemplo, em que ela aponta o erro do jornal na manchete contra Dirceu, a secretaria admite que, de fato, “houve um erro de enunciado, de responsabilidade da Redação, mas avalia que o conteúdo da reportagem valia mesmo manchete.”

Ou seja, era mentira mas valia manchete.

Até onde vai o cinismo da imprensa brasileira?

Na página da Ombudsman da "Folha":

"Diferentemente do informado…

… Na manchete de domingo passado, quem informou não é delator e quem é delator não informou.

Por Vera Guimarães Martins, Ombudsman

É obrigação do bom jornalista produzir títulos atraentes, capazes de fisgar o interesse do leitor. Já é um problema quando, no afã de cumprir bem a tarefa, o titulador (que nem sempre é o repórter que escreveu o texto) exagera no “esquenta” e, além da atenção, atrai também a ira de quem se sente enganado por um enunciado que vende gato por lebre. A manchete do último dia 22 –“Dirceu recebia parte de propina paga ao PT, afirmam delatores”– foi mais do que um desses casos clássicos de exagero. Foi erro sem sombra de dúvida, gerado desde o título interno da reportagem.

A manchete tem alguns problemas, mas os principais cabem num resumo: quem informou não é delator e quem é delator não informou o que está na título. E, claro, se a fonte é uma só, usa-se o singular.

A afirmação de que os pagamentos à consultoria de Dirceu eram descontados das propinas da Petrobras foi feita pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, que ainda não fechou acordo de delação premiada – o que faz toda a diferença.

A operação Lava Jato já produziu dezenas de manchetes desde sua deflagração, algumas arriscadas, como já foi comentado neste espaço. O argumento que balizou as reportagens foi a premissa de que, mesmo sem provas materiais, os depoimentos feitos em delação premiada gozam de maior credibilidade porque mentir seria contraproducente. O próprio depoente sairia prejudicado e perderia as vantagens jurídicas que obteve. Há muita informação a ser provada pelas investigações, mas esse princípio norteava a conduta de risco dos veículos.

Pessoa vem negociando com os procuradores, mas, como informa o texto, ainda não conseguiu um acordo. Logo, não tem o mesmo compromisso com a veracidade do que afirma; pode estar tentando vender mais do que realmente tem para obter o benefício. Para aumentar a dose de incerteza, a afirmação não foi feita em depoimento formal, mas "em conversa com investigadores".

A reportagem também relata que um representante da Camargo Corrêa, nome não divulgado, afirmou, nas mesmas circunstâncias, que a empreiteira contratou os serviços de Dirceu porque tinha medo de que a recusa prejudicasse os negócios que mantinha com a Petrobras. Ele, sim, é delator, mas sua história é outra.

A Secretaria de Redação diz que houve um erro de enunciado, de responsabilidade da Redação, mas avalia que o conteúdo da reportagem valia mesmo manchete.

Como já escrevi antes, erros prejudicam o jornal, mas, por improváveis e absurdos que possam parecer, acontecem. O que acho mais lamentável é que a correção tenha sido feita em uma nota de dez linhas na seção "Erramos", espaço em que o jornal publica, por exemplo, que a sexta não foi dia 19, e sim 20. Pelo destaque que teve, esse erro merecia um texto em “Poder”.

O jornal discorda. “O erro foi assumido na seção diária destinada a essa finalidade. A carta do assessor de Dirceu criticando o enunciado foi publicada com destaque no alto do ‘Painel do Leitor’ de 24/3.”

ombudsman@grupofolha.com.br; http://folha.com/ombudsman"


FONTE: escrito por Miguel do Rosário no blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=25915). [Título acrescentado por este blog 'democracia&política'].

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