quinta-feira, 29 de maio de 2014

CUIDADO COM ILUSÃO SOBRE ENERGIA EÓLICA




Energia eólica: boas notícias, mas cuidado com as ilusões

Por Fernando Brito



"O Brasil está avançando, e muito, na produção de energia elétrica a partir do vento.


Um boletim da "Câmara de Comercialização de Energia", divulgado quarta-feira (28), registra que capacidade instalada das usinas eólicas em operação no Brasil passou de 2.250 MW para 2.758 MW entre fevereiro e março de 2014 – um crescimento de 22,6% em apenas um mês.

Só em março, entraram em operação 21 parques eólicos.

Em um ano, o aumento foi de 36% frente aos 2.027 MW instalados em março de 2013.

Nos próximos meses, este total subirá para perto 3.400 MW, equivalentes à usina de Belo Monte no período de seca, ou a um terço dela, nas chuvas.

Em tese, porque a geração efetiva destas plantas é de um terço de sua capacidade total.

Como é, em taxas até menores, em toda a parte do mundo.

Porque isso é da natureza da geração eólica: é preciso instalar uma capacidade de 3 para ter certeza de gerar 1, pela razão óbvia de que o vento é variável.

Isso é ruim? Claro, embora a média brasileira supere a média mundial de aproveitamento, que é de 21%. Nos três primeiros meses deste ano, a geração média correspondeu a 35% da capacidade instalada, o que nos coloca em patamar superior ao de países com maior potencial de geração eólica. Em 2012, os valores médios verificados para a China, Estados Unidos e Espanha, por exemplo, foram 18%, 33% e 24%, respectivamente.

Isso desqualifica a energia eólica? Não.

Até porque as usinas eólicas funcionam melhor nos meses de menos chuva, o que amplia sua capacidade de funcionar como complemento à geração hidráulica.

Toda a capacidade de geração da Alemanha, por exemplo, que é o país apontado como modelo no uso de energia eólica, teria capacidade de geração menor que 10% do consumo brasileiro de energia.

Nossa capacidade de geração de energia de origem eólica vai triplicar até 2018.

Ela é importante, importantíssima.

Ainda assim, vai representar menos de 10% da geração hidráulica.

Quem disser que a energia eólica, no curto e médio prazo, pode resolver os problemas energéticos do Brasil está sonhando ou mentindo."


FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=17751).

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