terça-feira, 31 de dezembro de 2013

TUCANA “FOLHA” QUER UMA “BOLSA-DONDOCA” PARA AS MADAMES



Por Eduardo Guimarães

UMA “BOLSA-DONDOCA” PARA A MADAME, POR FAVOR

“Enquanto Lula e Dilma se preocupavam com futilidades como tirar dezenas de milhões de brasileiros da pobreza extrema, em implantar o virtual pleno emprego no país, em fazer a renda média do trabalhador bater recordes sucessivos de crescimento, em levar médicos a regiões em que muitos nunca foram atendidos por tais profissionais durante toda uma vida, "aqueles que realmente importam" neste país foram deixados à míngua.

A crueldade da ditadura lulopetista, porém, ultrapassou todos os limites com o recente aumento do IOF sobre os gastos dos turistas brasileiros no exterior. Esse governo sádico acaba de impor mais uma sevícia a essa pobre classe social rica que, lá se vai mais de uma década, vem sendo submetida a torturas cada vez mais diabólicas e que agora, para completar, nem pode mais buscar refúgio consumista em Miami.

Para se refazer das agruras nacionais, as madames e os doutores podiam ir obter suas bolsas Prada, seus X-Box ou mesmo um mísero burgundy Henri Jayer de 16 mil dólares em condições monetárias minimamente aceitáveis. Agora, no entanto, graças à perversidade de Dilma Rousseff, tais condições ficaram insuportáveis.

É um crime de lesa-pátria, se não de lesa-humanidade. Só porque uma classe social que tem tanto do que reclamar – não é mesmo? – torrou [este ano] vinte bilhõezinhos de dólares em compras de bugigangas no exterior, chegando a desequilibrar as contas externas do país, a imperadora vermelha baixou uma carga desumana de impostos sobre “quem produz”.

E o que é pior: para torrar tudo em programas sociais para uma gentinha que não faz a menor ideia do que são esses itens tão essenciais a qualquer pessoa com um mínimo de bom gosto.

Mas eis que surge uma heroína, fidedigna defensora dos pobres e oprimidos ricaços. Essa verdadeira Joana D’Arc dos Jardins e do Leblon tem nome e profissão. Eliane Cantanhêde, uma simples colunista de jornal [a tucana "Folha"], levantou seu brado retumbante contra a iniquidade lulodilmista.

Quem não leu o grito de indignação contra a crueldade rubra da presidente da República agora pode conhecer esse documento histórico que se ombreia à “Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão” – muito mais chique do que as declarações de direitos humanos sucedâneas.

O 'post', claro, prossegue em seguida, logo que o leitor tiver ingerido um copo d’água para arrefecer a emoção:

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Por Eliane Cantanhêde [na tucana "Folha"]:

“PRESENTE DE GREGO NO NATAL

Os viajantes brasileiros deixaram (deixamos) mais de US$ 20 bilhões no exterior neste ano. No fim das contas, vai dar umas cinco vezes mais do que a compra de caças suecos para renovar a frota da FAB, a serem pagos durante décadas.

Em vez de aquecer a economia do Brasil, estamos movimentando o comércio e gerando empregos nos países alheios, sobretudo nos ricos. Miami passou a ser o principal destino da brasileirada, que volta com malas gigantescas abarrotadas de peças de grife e todo tipo de bugiganga.

Na versão cor de rosa do governo, tudo isso é resultado do sucesso: o país está bombando, e os brasileiros estão cheios de amor para dar e com montanhas de dinheiro para viajar e gastar. Mas a realidade é outra e tem um nome: preço. Os preços no Brasil estão pela hora da morte.

Numa tarde em Miami, sentei para tomar um café e me senti em casa, mas a minha casa é aqui. À mesa da direita, paulistas; à da esquerda, nordestinos. E havia três moças de Minas. Todos cheios de sacolas.

Na volta, fiquei vagando duas horas num shopping em São Paulo à procura de lembrancinhas de Natal e tudo o que comprei foram dois lencinhos de seda, só para não sair de mãos abanando. Ah! E gastei R$ 60 de estacionamento num único dia.

Os produtos nacionais viraram artigo de luxo, os importados custam três vezes mais que nos EUA. Nem as feiras e o comércio popular escapam. Imagine a aflição da maioria de trabalhadores ao procurar brinquedos, tênis e roupas para os filhos.

Não foi nenhuma surpresa saber que o comércio teve seu pior Natal em 11 anos. A surpresa ficou por conta da reação desvairada do governo: em vez de se preocupar e se ocupar com os preços internos abusivos, aumentou o IOF e penalizou os cartões de débito em moeda estrangeira. Falta pão? Suprimam-se os brioches.

Se o brasileiro ficar, o bicho preço come; se correr, o bicho imposto pega. Obrigada, presidente Dilma, pelo presente de grego no Natal.”


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Essa classe que afirma, pela pena da colunista revolucionária, que não pode pagar os preços extorsivos do Brasil – e que, como mostra essa colunista, já não encontra por aqui os itens que lhe apeteçam o paladar consumista –, diante de tanta carestia teve que recorrer aos aeroportos que a ditadura petralha encheu de “paraíbas” e “baianos”.

Com tantos brasileiros vivendo nessas condições degradantes na ponte aérea Cumbica/Galeão-Miami, a presidente da República vai à televisão e ainda tem a petulância de reclamar do que fazem a colunista e seus coleguinhas ao alardear "racionamentos de energia" que teimam em não dar as caras, "crises inflacionárias" que não se materializam, "surtos de desemprego" que ninguém vê.

Aquela que um site dito “de homens bons” chama de “búlgara escarlate” bem que poderia, em seu pronunciamento do último domingo, ter anunciado um programa social para madames como a tal colunista. Uma espécie de “Bolsa-Dondoca”. Uns mil dólares mensais para cada membro da família. Para sacar o benefício bastaria procurar as boas casas de câmbio dos shoppings e dos aeroportos. Com câmbio subsidiado, claro.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania”   (http://www.blogdacidadania.com.br/2013/12/um-bolsa-dondoca-para-a-madame-por-favor/). [Título modificado por este blog 'democracia&política'].

UMA PERSPECTIVA DE ESQUERDA PARA O “BRASIL QUINTO LUGAR NO MUNDO”


O Brasil já não é mais o mesmo, mas os fundamentos do Brasil atual precisam de algumas reformas estruturais para que possamos ser outro país integralmente.

Por Tarso Genro

“O Brasil ficou em segundo lugar, em 2013, no ranking entre os 90 países que elevaram taxa de juros, só perdendo para a República de Gâmbia, fechando-a em 10% ao ano. Paralelamente, o CEBR (sigla da instituição em inglês) – “Centro de Pesquisas Econômicas e Negócios” - registra que em 2023 seremos a 5ª economia do mundo. Prevê, aquela instituição insuspeita de proteger nossos governos, que alcançaremos daqui a dez anos um PIB de 3,2 trilhões de dólares com o crescimento, portanto, de 1 trilhão de dólares no PIB entre 2013 e 2023.

Para que tenhamos uma ordem de grandeza relativa do que está acontecendo em nosso país, lembremos que a proposta do arquiteto da política de reformas na China Popular, Deng Xiaoping (1904 – 1997), foi chegar no seu país, em 2050 - numa nação de 1 bilhão e 300 mil habitantes no dias de hoje - a um PIB de 6 trilhões de dólares, “quando teremos” – dizia Deng - “uma renda per capita, de 4 mil dólares”, com população de 1,5 bilhão de pessoas.

Quatro mil dólares, com forte distribuição de renda já terá sido um impacto gigantesco no mercado interno em 2050, considerando ainda que a China - já nos próximos 10 anos - portanto até 2024, retirará da miséria e da pobreza mais duzentas milhões de almas. Mas, as previsões do Presidente Deng “furaram”: a China já chegou em 2012 a um PIB de 8,28 trilhões de dólares, mesmo reduzindo seu crescimento em função da crise européia e americana, promovendo, já em 2013, uma renda “per capita” de mais de 9.000 dólares ano. 


A China é um Estado Nacional unificado há mais de 2.5OO anos e fez, recentemente, uma poderosa Revolução Popular. Essa revolução instaurou no poder um Partido Comunista que centralizou, com poderes quase absolutos, o Governo e a Política. Em sucessivas fases de disputas permeadas por ações anárquicas de violência, a China abriu uma etapa nacional-desenvolvimentista, integrada na economia global, que preparou o país para ser a economia mais forte do Século. No século XXI, a China, pelo menos, dividirá hegemonia sobre o mundo com os países capitalistas mais desenvolvidos, mas certamente em condições de superioridade militar e econômica.

Sobre o caso chinês – seu processo de desenvolvimento econômico e social acelerado - podemos prestar atenção exclusivamente nos seus métodos não democráticos (dentro da perspectiva das democracias ocidentais) ou, por escolha ideológica, só no fato histórico formidável de um país que tirou da miséria e da doença “um Brasil e ½”, em mais ou menos trinta anos. Ou, se escolhermos, podemos fazer uma terceira opção e prestar atenção - para fazer justiça ao seu povo e aos seus lutadores e dirigentes - nos dois processos: seu crescimento espetacular, combinado com a promoção social dos mais pobres, num regime político não democrático para os nossos olhos, num país que até há pouco foi praticamente feudal, tornou-se “agrário” e depois industrialmente atrasado.

Partir desse olhar mais abrangente para concluir se aquilo que acontece na China é, ou não, um progresso humanista de cunho social, que tem elementos importantes de valor universal, não é um olhar manipulatório. O que ocorre ali pode ter sido a única saída de uma civilização de 5.OOO anos, cujos conteúdos culturais e políticos jamais experimentaram os processos de modernização política e social semelhantes à Revolução Francesa, à Revolução Americana ou à Gloriosa Revolução Inglesa. As chacinas coloniais e imperiais, que essas mesmas revoluções levaram adiante, não invalidaram as suas conquistas civilizatórias, sem “luzes” e sem humanidade, que fomentaram o desenvolvimento capitalista como progresso nos seus moldes clássicos.

Para pensar o Brasil como 5ª economia mundial, creio que devemos adotar a terceira hipótese: ver o processo como um todo, sem descarte do compromisso com a democracia e a República, com os direitos humanos e com a sustentabilidade. Verificar, a partir daí, o que podemos aproveitar do universal que tem a experiência chinesa, para que cheguemos em 2023, não somente como quinta economia mundial, mas no mínimo a 5ª em distribuição de renda, 5ª em educação, 5ª em sustentabilidade, 5ª em melhor saúde pública, 5ª em melhor mobilidade urbana, 5ª em respeito aos direitos humanos.

Parto dessa reflexão porque de nada adianta ser a quinta economia do mundo, mantendo as desigualdades sociais e econômicas que ainda existem no Brasil.

Carregamos nas costas do progresso a exclusão, a violência, a insegurança e os brutais contrastes entre ricos e pobres, que não somente são geratrizes de todos os tipos de violência, mas também se apoiam na criação de empregos de baixa qualidade e qualidade de vida, material e cultural, muito inferior ao possível e desejável nas grandes regiões metropolitanas.

Nossos governos federais não conseguiram uma correlação de forças favorável, não só para obter o volume de recursos necessários para financiar a saúde pública taxando as movimentações financeiras, como também não conseguiram condições políticas para uma Reforma Tributária, que pudesse reordenar de forma mais democrática e eficiente as relações federativas, no plano econômico-financeiro.

O Prefeito Fernando Haddad, por exemplo, neste momento, sofre forte campanha de difamação política pela grande imprensa por pretender adotar um mínimo de justiça tributária, com a simples correção do valores do IPTU – o que fizemos em 1990 em Porto Alegre com apoio dos “Conselhos Regionais do Orçamento Participativo” e dos movimentos sociais, que hoje frequentemente tornam-se visíveis somente em demandas mais imediatas.

Tivemos no país avanços significativos na distribuição de renda, na inclusão social e educacional, na defesa dos pobres do campo, na criação de milhões de empregos, que dão um nível de subsistência mínimo aos assalariados da nação.

Em compensação, fomos “obrigados” pelo “mercado” a aumentar a taxa de juros, mesmo com índices reduzidos de crescimento na economia, o que implica em reconhecer que o Brasil já não é mais o mesmo, é verdade, mas os fundamentos do Brasil atual - que não é mais o mesmo - precisam de reformas para que possamos ser outro país, integralmente.

A grande questão política, para a esquerda que recusa a fantasia histórica de que está em curso uma revolução socialista no mundo ou que há possibilidades concretas de um horizonte socialista a médio prazo, é a seguinte: o que fazer para que a democracia “volte a ter sentido?”, como diz Boaventura Souza Santos. Até agora, o Estado Democrático não criou condições para interferir, de molde a proporcionar uma taxa de juros compatível com os níveis internacionais. Nessa questão, estamos apenas à frente da remota Gâmbia (país da África Ocidental com uma população ligeiramente superior a Porto Alegre), o que nos obriga a pensar quais as mudanças estruturais que “devemos”, para que a taxa de juros, portanto, compatibilize-se com o processo de desenvolvimento?

Deixando de lado a fantasia de que se trata, apenas, de arbitragem voluntarista da Presidenta ou do Banco Central e tendo consciência que, na verdade, essa deve ser uma “guerra mundial” política, para vencer um tema que começa por decisões internas sobre o modelo de desenvolvimento. Lembro que a China adotou na sua estratégia –como escreveu Perry Anderson- com “a combinação do que é agora, de acordo com qualquer medida convencional, uma economia predominantemente capitalista, com o que todavia é, inquestionavelmente –de acordo com qualquer medida convencional- um Estado comunista, sendo ambos os mais dinâmicos da sua classe até hoje”. Ou seja: planejamento de longo curso através do Estado, dinâmica de mercado capitalista contida por regras de distribuição “pétreas”, monolitismo político para aplicação das normas do novo modelo.

Se quiséssemos enquadrar nas categorias do marxismo tradicional, o que ocorreu na China, após os anos sessenta, poder-se-ia dizer que a Revolução Cultural como forma específica de revolução política “permanente”, foi sucedida por uma “Nova política Econômica” (a NEP leninista), de longo prazo, que tende a se tornar economia “permanente”. Assim como o sujeito político (Partido-Estado) cria o mercado e suas relações, essas relações novas recriam o sujeito (Partido-Estado), que será permanentemente outro. Como “outro”, mudado pela nova sociedade que ele produziu, é que vai reportar-se aos resultados obtidos, tanto para aumentar as conquistas dos trabalhadores no novo modelo, bem como para aumentar ou diminuir as rendas das classes ricas, que estão surgindo nesse processo.

O próprio capitalismo, sem perder seu eixo e sua fúria, assim como o “modelo chinês”, vão esbarrar em situações-limite, nem sempre em função das suas contradições internas, mas muito fortemente em função dos limites da naturalidade (crise de fornecimento de energia fóssil, destruição ambiental ampliada, esgotamento do modelo produtivo agrícola predatório, esgotamento de recursos naturais não renováveis), cujos efeitos (“estufa” e outros) já são plenamente visíveis. Isso quer dizer que as amarras que impedem hoje as mudanças, no médio prazo, podem ser rompidas e assim será agregada à crítica do capitalismo, não só a crítica aos seus regimes brutais de violência e exploração que ele semeou no mundo, mas também a possibilidade de liquidação, através dele, da sobrevivência do gênero humano, o que atinge, inclusive, aquela parte da sociedade planetária que o capitalismo prometeu e deu uma vida melhor.

Para atuar de maneira produtiva nesse novo ciclo de lutas, que já se abre com a “rearrumação” internacional, já em curso pela intervenção do modelo chinês, não podemos cair na tentação simplista e despolitizada apresentada, por exemplo, por Michael Löwy, na “Carta Maior”: que só existem duas esquerdas na Europa, uma “oficial, institucional” e outra “radical”: o “sistema” e o “antissistema”.

Se é verdade que tal fórmula pode ter eco e dar prestígio em setores radicalizados da academia e entre uma pequena-burguesia com dramas existenciais, em função das crises atuais, promove, como diz Marilena Chauí, uma posição “ingênua", que “ninguém leva à sério” e levanta uma barreira à construção de uma nova hegemonia, promovida pelos distintos pensamentos de esquerda, que se expressam numa sociedade civil extremamente complexa, tanto pela via eleitoral, como pelos movimentos sociais mais diversos. Uma sociedade que não mais se move exclusivamente a partir dos conflitos entre capital e trabalho, e nem mesmo somente a partir dos choques entre “incluídos” e “excluídos”, mas que expõe suas contradições agudas também em questões relacionadas como a sustentabilidade, as novas relações de família, os novos “modos de vida”, a diversidade sexual, a expulsão dos imigrantes, a pobreza endêmica nas grandes periferias.

Penso que as esquerdas no país devem abordar programaticamente essas novas exigências para o futuro, já neste processo eleitoral. Não somente celebrando as conquistas que tivemos nestes doze anos, mas, sobretudo, redesenhando a utopia concreta, pois “o objetivo concretamente antecipado rege o caminho concreto” (Bloch). Isso significa apontar as reformas na política e na economia, necessárias não somente para acabar com a miséria absoluta, mas para antecipar um programa para atacar as brutais desigualdades de renda e de padrão de vida, anunciador de um socialismo democrático renovado.

Por enquanto, a “utopia concreta está presa com âncoras pesadas no fundo real da sociedade capitalista” (Altvater). O “levantar âncoras” poderá ser uma nova Assembléia Nacional Constituinte”, no bojo de um amplo movimento político -por dentro e por fora do Parlamento- inspirado pelas jornadas de junho: com partidos à frente sem aceitar a manipulação dos cronistas do neoliberalismo, abrigados na grande mídia. Para esses, as organizações políticas são um estorvo, pois os seus partidos são as suas empresas. Se não mexermos no futuro, daqui para diante, o passado vai recobrar seu peso. E voltaremos aqui no Brasil a uma sociedade inteiramente regulada pelo FMI e pelas agências risco, cuja novidade, provavelmente, será o velho “choque de gestão”.

FONTE: escrito por Tarso Genro, Governador do Rio Grande do Sul. Publicado no site “Carta Maior”   (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Uma-perspectiva-de-esquerda-para-o-Quinto-Lugar/4/29895).

Emir Sader: "2013, PRA MIM"


Por Emir Sader

- Os melhores personagens: Rafael Correa, Pepe Mujica, Lula, Evo Morales, Snowden.

- Os piores: Joaquim Barbosa, Marcos Feliciano.

- Melhor filme: no fim do ano, "A grande beleza".

- Melhor cara no esporte: Felipão.

- Melhor livro, no fim do ano: "O homem que amava os cachorros", de Leonardo Padura.

- Maior desafio: as manifestações de junho.

- Maior blefe: Marina.

- Maior decepção: Pablo Gentili.

- Maior iniciativa diplomática: proposta russa pra negociações sobre a Siria.

- Pior desempenho: comunicação do governo Dilma.

- Maior avanço: “Mais Médicos”.

- Maiores ausências: democratização da mídia, financiamento publico das campanhas eleitorais, reforma tributária.

- Melhor vitória eleitoral: Rafael Correa no Equador

- Pior desempenho: coberturas econômicas da velha mídia.

- Frase mais significativa:“As médicas cubanas parecem empregadas domesticas.”

- Maior fracasso: máscaras do Joaquim Barbosa no carnaval.

- A parada mais dura:o julgamento no STF.

- A maior esperança: 2014.”

FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/2013-pra-mim/2/29901).

SERVIÇOS SECRETOS DOS EUA TRABALHAM PARA DERRUBAR O PRESIDENTE DO EQUADOR

Rafael Correa, Presidente do Equador  

   Nil Nikandrov

Por Nil Nikandrov, no “Strategic Culture”, sob o título “U.S. Intelligence Planning to Oust the President of Ecuador”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado no “Redecastorphoto”

“Rafael Correa é um dos presidentes latino-americanos que os círculos governamentais norte-americanos consideram incontroláveis e, portanto, especialmente perigosos. Para livrar-se desse tipo de político [eleito], Washington usa um vasto arsenal de meios, desde interferir no processo eleitoral até a eliminação física. Depois da estranha morte de Hugo Chavez, que liderava a resistência latino-americana contra o Império, é Correa que, cada dia mais, vem sendo visto como seu sucessor, o líder de “forças populistas” no continente.

No centro das atividades de política externa de Correa, está o fortalecimento de organizações regionais latino-americanas nas quais não há representante dos EUA: a “Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe” (CELAC), a “União das Nações Sul-Americanas” (UNASUL), a “Aliança Bolivariana para os Povos da América” (ALBA) e outras. Correa sempre apoiou as iniciativas de Hugo Chávez que viabilizaram menor dependência da região em relação ao Império, o esvaziamento da Doutrina Monroe no Hemisfério Ocidental e a interação entre países latino-americanos com outros centros de poder. Nessa direção, o Equador está fixando um novo padrão e um exemplo, ao estabelecer relações amplas com China e Rússia nos campos político, econômico e militar. A presença dos EUA no país está diminuindo, e o governo Obama tenta romper essa tendência. O presidente Correa foi declarado principal responsável pela deterioração das relações EUA-Equador.

Foi Correa quem iniciou a campanha internacional contra a empresa [norte-americana] “Chevron”. A “Corte de Arbitragem” em Haia dispensou a empresa de ter de pagar multas de vários bilhões de dólares por poluir a bacia do Rio Amazonas em território do Equador. Correa não aceitou a decisão, que o Equador considerou humilhante e injustificada. Visitou pessoalmente a zona do desastre e mostrou a jornalistas e câmeras de televisão as mãos cobertas de óleo cru deixado a vazar num antigo ponto de extração, e disse: “Esse é o resultado de a empresa usar aqui tecnologias ultrapassadas”.

Correa conclamou os consumidores a não comprar produtos da “Chevron”. Um tribunal equatoriano acolheu processo iniciado por índios que habitam a área do desastre ecológico, que exigiu que a empresa pagasse multa de 19 bilhões de dólares em danos ao meio ambiente e contra a saúde da população. Fazendo bom uso da grande experiência que acumulou nesses processos, a “Chevron” conseguiu obter uma sentença favorável da “Corte Internacional de Arbitragem” em Haia.



UNASUL

Mas Correa não desistiu. Obteve o apoio da UNASUL e da ALBA e conclamou a comunidade internacional a manifestar solidariedade ao Equador. Já não há propriedades da empresa “Chevron” no Equador, mas a multa exigida pelos equatorianos poderá ser paga com propriedades da empresa na Argentina, Brasil ou Canadá – o que implica graves consequências financeiras para a empresa.
O governo Obama decidiu defender os interesses da Chevron a qualquer custo. Esse é um dos fatores pelos quais está direcionando os serviços secretos dos EUA para que deem solução radical ao “problema Correa”.

O presidente do Equador também trabalha contra o avanço da “Aliança do Pacífico”, um dos projetos geopolíticos dos neoliberais de Washington e que inclui México, Colômbia, Peru e Chile. A Aliança foi criada para neutralizar o bloco da ALBA, e a presença do Equador na ALBA não contribui para os objetivos estratégicos dos EUA naquela região do Pacífico.

A espionagem dos serviços secretos dos EUA contra o presidente do Equador é cada dia mais visível. Conversas telefônicas e comunicações em geral interceptadas no círculo mais próximo do presidente, de seus agentes de segurança e de sua escolta pessoal ajudam os norte-americanos a saber de todos os movimentos do presidente, eventos aos quais comparece, listas de participantes e sistemas de segurança. O monitoramento ininterrupto oferece farto material para identificar pontos de vulnerabilidade na organização da segurança. Recentemente, na sua já tradicional fala dos sábados, por televisão, o presidente Correa falou aos equatorianos sobre a suspeita concentração de pessoal militar na embaixada dos EUA em Quito.

Todas as embaixadas têm adidos militares – disse Correa. – A maioria, tem um. Mas aqui no Equador eles têm mais de 50!”


  Ricardo Patino

Disse também que instruiu o Ministro de Relações Exteriores, Ricardo Patino, que:

(...) “verifique essa informação! Esse número gigante de militares norte-americanos aqui não é possível! Terão de reduzi-lo ao nível normal.”

O presidente também exigiu que seja investigado um incidente na fronteira Equador-Colômbia, de queda de um helicóptero equatoriano, com vários militares dos EUA a bordo. A preocupação de Correa é compreensível; a base dos EUA em Manta foi fechada em 2009, mas assessores militares do Pentágono e agentes dos serviços secretos dos EUA continuam a manter operações em território equatoriano sem qualquer limitação.
A intensificação da espionagem e de atividades de subversão por agentes norte-americanos no Equador é óbvia. Segundo informação obtida de especialistas cubanos, divulgadas pelo site “Contrainjerencia.com”, só o número de agentes da CIA já dobrou, entre 2012-2013, na “base” equatoriana. Dúzias de novos agentes chegaram ao país. Operam não só a partir da embaixada dos EUA em Quito, onde há, no mínimo, uma centena de diplomatas (!), mas também usam o consulado em Guaiaquil. Para criar acomodações para o número crescente de agentes norte-americanos de espionagem (“pessoal de inteligência”) nessa importante cidade portuária, estrategicamente crucial, o Departamento de Estado teve de construir um novo prédio para o consulado, o qual, segundo agência de inteligência que colabora com o Equador, abriga o equipamento eletrônico da “Agência de Segurança Nacional” dos EUA. O cônsul dos EUA em Guaiaquil é David Lindwall, chegado ao país depois de ter servido no Iraque como “Conselheiro de Assuntos Político-Militares”. Lindwall também serviu como Adido Político nas embaixadas em Bogotá, Manágua, Tegucigalpa, Assunção e outras capitais latino-americanas.


David Lindwall

O nome de Lindwall aparece com alta ocorrência nos telegramas diplomáticos distribuídos por “WikiLeaks”. Qualquer rápida pesquisa nos telegramas assinados por ele obriga a concluir que Lindwall é experiente funcionário de carreira da CIA, muito informado sobre a América Latina, enviado ao Equador para resolver problemas muito sensíveis.

O presidente Correa várias vezes falou dos EUA como “potência arrogante” que tenta impor ao mundo o que entende que sejam “valores democráticos universais” e vive a dar aos outros “lições de moral e boas maneiras”. O presidente, frequentemente, repete que os EUA têm um dos sistemas eleitorais mais imperfeitos do mundo, que permite a eleição de candidatos derrotados nas urnas. Correa considera “insultantes” as tentativas da “Agência de Desenvolvimento Internacional” (USAID) para impor padrões da democracia norte-americana ao Equador e outros países, como se fossem colônias dos EUA. Recentemente, ao comentar o fim do financiamento que a USAID dava a projetos no Equador, no valor de 32 milhões de dólares, Correa sugeriu, não sem sarcasmo, que Washington aplicasse a mesma quantia para aprimorar a democracia norte-americana.

O escritório da USAID está deixando o Equador, mas as operações de espionagem dos EUA para desestabilizar o país continuam. Ao que tudo indica, novos ataques nessa área podem estar em conexão com planos de Correa para reduzir o tamanho das forças armadas e transferir parte do pessoal militar para as agências policiais. “Exércitos de dissidentes” anônimos já divulgaram declaração hostil a Correa e suas “tentativas para tomar o lugar de Chávez no continente”. Até o palavreado indica quais são as forças por trás da campanha que está sendo lançada contra Correa.

Durante levante policial em setembro de 2010, o presidente do Equador foi apanhado no fogo cruzado de atiradores postados em prédios; daquela vez, escapou ileso. É perfeitamente possível que a inteligência dos EUA esteja planejando coisa semelhante para futuro próximo. Afinal, depois dos ataques contra New York em 2001, as agências norte-americanas de espionagem receberam carta branca para eliminar todos os declarados inimigos dos EUA. Ninguém cancelou essa ordem.”

FONTE: escrito por Nil Nikandrov, no “Strategic Culture”, sob o título “U.S. Intelligence Planning to Oust the President of Ecuador”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado por Castor Filho no “Redecastorphoto”
O autor é jornalista, sediado em Moscou, cobrindo a política da América Latina e suas relações com os EUA; crítico ferrenho das administrações neoliberais sobre as economias nacionais latino-americanas. Especializou-se em desmascarar os esforços feitos pela CIA e outros serviços de inteligência ocidentais para minar governos progressistas na América Latina. Autor de vários livros - tanto de ficção e estudos documentais - dedicados a temas latino-americanos, incluindo a primeira biografia em língua russa de Hugo Chávez. (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/12/servicos-secretos-dos-eua-trabalham.html).

JUSTIÇA FRANCESA AUTORIZA SUPER IMPOSTO PARA MILIONÁRIOS


Do “Brasil 247”

Da agência norte-americana de notícias “Reuters”, de Paris

“O ‘Conselho Constitucional da França’, órgão da Justiça mais elevado no País, deu sinal verde no domingo para que o presidente François Hollande prossiga com a implantação do projeto que prevê a cobrança de taxa de 50% sobre a parcela dos salários que ultrapassem € 1 milhão por ano em 2013 e 2014, o equivalente a US$ 1,38 milhão. Incluindo as contribuições sociais, o imposto se aproxima dos 75%, em linha com o desejo do governo, mas tem limite máximo de 5% do volume de negócios das empresas.[Aqui no Brasil, isso seria impensável. Caso o governo Dilma propusesse isso, a direita, sua mídia, a "elite" rica dariam imediatamente um novo Golpe como o de 1964, destituindo o governo].

Numa tentativa de tirar a economia do país da crise, Hollande propôs a cobrança de taxa de 75% sobre salários acima de € 1 milhão, mas o Conselho recusou o projeto, alegando que o teto para impostos para indivíduos não pode superar 66%. Com a negativa, sobrou ao governo a opção de taxar diretamente as empresas, mantendo os salários intactos.

A medida foi duramente criticada pelo setor empresarial, sendo que os clubes de futebol ameaçaram iniciar uma greve caso a taxa fosse adotada. O Conselho Constitucional é um tribunal formado por juízes e ex-presidentes franceses, com poder de anular leis que violem a Constituição.”

FONTE: do “Brasil 247”  (http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/125375/Justi%C3%A7a-francesa-autoriza-super-imposto-para-milion%C3%A1rios.htm). [Trecho entre colchetes em azul adicionado por este blog 'democracia&política'].

O legado de 2013: O COLAPSO DA PRIMAVERA ÁRABE E O DECLÍNIO EUROPEU

Roberto Savio

Os casos do Egito e da Síria indicam o colapso da Primavera Árabe e são suficientemente paradigmáticos para dissuadir outros países árabes a segui-los.

Por Roberto Savio, Roma, Italia, Doutor em Economia, jornalista

San Salvador de Bahamas, dez/2013 - Neste momento de esperança que o novo ano pode nos oferecer, seria útil examinar o legado que acarreamos do ano que acaba. Foi um ano cheio de acontecimentos: as guerras, o aumento da desigualdade social, as finanças sem controle, a decadência das instituições políticas e a erosão da governabilidade global.

Talvez isso não seja nada novo, uma vez que essas tendências vêm nos acompanhando durante bastante tempo. Entretanto, alguns acontecimentos têm impacto mais profundo e duradouro. Aqui, vamos apresentar brevemente, em forma de lista para lembrar e ver, mas não colocadas por ordem de grandeza, o que sempre é uma decisão subjetiva.

1. O COLAPSO DA PRIMAVERA ÁRABE. Egito e Síria são suficientemente diagramáticos para dissuadir outros países árabes a segui-los. As lutas internas no amplo e variado mundo do Islã tomarão muito tempo para assentar-se. O verdadeiro desafio é como utilizar a modernidade como elemento de viabilidade no Islã. O golpe de Estado no Egito deu uma nova força aos radicais que não acreditam na democracia e nunca se saberá se a Irmandade Muçulmana poderia ter conduzido o país com eficácia ou se teria fracassado (como é o mais provável). Os estrangeiros não podem resolver esse conflito, como mostra claramente o caso da Síria, que se converteu em uma guerra de poder financiada por atores externos.

2. AUTOSSUFICIÊNCIA ENERGÉTICA NOS EUA. Em cinco anos, a exploração das areias betuminosas reduzirá as importações petrolíferas estadunidenses à metade e, se essa tendência continuar, os EUA, na verdade, poderiam chegar a ser autossuficientes no abastecimento de energia. O impacto no preço do petróleo é claro. Isso afetará a importância estratégica do mundo árabe e de países com petrodólares como a Rússia. A indústria estadunidense receberá um forte impulso, mas os incentivos para o desenvolvimento das energias renováveis em todo o planeta diminuirão.

3. A IMPOSSIBILIDADE DE CHEGAR A UM ACORDO SIGNIFICATIVO SOBRE A MUDANÇA CLIMÁTICA. O fracasso da última conferência sobre a mudança climática, na Polônia, demonstrou que há pouca vontade política para chegar a um consenso global sobre a forma de abordar essa questão. Entretanto, segundo a maioria dos cientistas do clima, estamos nos aproximando rapidamente do ponto de não retorno, com a perspectiva de dano irreversível ao ecossistema global. Enquanto isso, investidores franceses estão comprando terras no sul da Inglaterra para plantar vinhedos. A Islândia é assediada pelos investidores (incluídos os chineses), que querem explorar grandes extensões de terreno onde o cultivo continuará sendo possível. Todas as nações estão se preparando para a exploração das reservas de minerais sob o gelo ártico de fusão, que está abrindo novas vias para o transporte marítimo. Isso demonstra que o mundo dos negócios não apenas tem uma avaliação mais clara que os governos do que está acontecendo, mas também uma falta de visão da responsabilidade social.

4. DECLIVE ESTADUNIDENSE. O presidente Barack Obama teve que cancelar sua participação na recente cúpula da Ásia devido à crise orçamentária dos EUA. Mas o presidente russo Vladimir Putin pode comparecer e foi capaz de manipular com êxito os acontecimentos na Síria. A assinatura da reforma de saúde de Obama está em perigo. Edward Snowden demonstrou ao mundo que os EUA não respeitam seus próprios aliados. Enquanto isso, o “Tea Party” foi capaz de paralisar o governo estadunidense e levar o partido Republicano a abraçar uma política de deterioração do setor público. Pessoas de todo o mundo consideram agora os EUA um sócio pouco confiável, em uma crise irreversível, com um presidente que faz um conjunto de promessas de belas palavras, mas que não é capaz de colocá-las em prática.

Ninguém tem sido capaz de colocar o setor financeiro sob controle e os escândalos e multas gigantescas são uma realidade constante. Não há solução à vista na Palestina e os EUA enfrentam grandes dificuldades para retirar-se do Afeganistão, enquanto o caos está voltando ao Iraque. As negociações com o Irã estão dando forte impulso ao setor radical xiita do mundo islâmico. Os EUA são um país com grande capacidade de recuperação, mas o futuro não se vê nada prometedor.

5. DECLÍNIO EUROPEU. O ano que termina foi de falta de unidade na Europa e da ascensão definitiva da Alemanha nos assuntos europeus. Só a macroeconomia conta hoje. A Irlanda é elogiada como o bom exemplo, depois de ter conseguido colocar seu déficit sob controle. Mas a nível microeconômico, o dano no tecido social pode ser dramático. O mesmo está acontecendo com Portugal. A Grécia é o exemplo extremo. Os gregos perderam 20% de seus ingressos, o desemprego aumentou até 21%, e mais recortes estão sendo exigidos. Este não é o lugar para uma análise de como a Alemanha se viu favorecida por sua política que sufoca outros países sem nenhuma contemplação de solidariedade. Nas eleições europeias de maio de 2014, é provável que grande número de pessoas vote pelos partidos antiEuropa que têm surgido em quase todos os cantos, com a única exceção da Espanha, já que o governo de Mariano Rajoy, como demonstram as leis sobre o aborto e a ordem pública, é suficientemente de direita para deixar espaço a um partido ainda mais direitista. O debilitamento do Parlamento Europeu perdurará durante muito tempo, até que a Europa recupere algo do atrativo que foi perdendo progressivamente frente seus cidadãos.

6. NACIONALISMO CHINÊS.
Em poucos meses, o novo presidente, Xi Jinping, adquiriu autoridade sem precedentes desde a época de Mao e Deng. Está fomentando a ideia de um sonho chinês, para incentivar as pessoas sob sua liderança. Isso se baseia na afirmação da China como grande potência de imponente respeito de todo o mundo. Deram-se passos audazes para consolidar as reivindicações territoriais chinesas, que abriram conflitos com a Coreia, Filipinas, Vietnã e Japão.

Com o governo japonês, agora dirigido por políticos nacionalistas, muitos analistas estão considerando a possibilidade de uma terceira guerra mundial a partir da Ásia. No século 16, a China tinha 50% do PIB mundial e há forte desejo entre os chineses para recuperar seu legítimo lugar no mundo. O tratado de defesa entre Japão e Estados Unidos converte esse ponto do conflito em potencialmente global.

7. AS MUDANÇAS NO VATICANO. A eleição do Papa Francisco mudou o rumo da Igreja Católica. O Papa colocou novamente uma ênfase nas pessoas em vez do mercado, utilizando termos como "solidariedade", "justiça social", "exclusão" e "marginalização", que já haviam desaparecido do discurso político. O presidente Obama o acompanhou com um contundente discurso contra as crescentes desigualdades sociais nos EUA. Entretanto, de acordo com a “London School of Economics”, em 20 anos a Grã Bretanha voltará ao nível de desigualdade social dos tempos da rainha Victória. O Papa Francisco é o único que denunciou o desmantelamento do sistema de bem-estar social que surgiu durante a Guerra Fria. Confiemos que seu exorto ajudará a prevenir a redação de um novo “Das Kapital”, onde as vítimas não seriam os trabalhadores mas os jovens.”

FONTE: escrito por Roberto Savio, de Roma, Itália, Doutor em Economía, jornalista, fundador e presidente emérito da agência de notícias IPS (“Inter Press Service”) e editor de “Other News”. Artigo transcrito no site “Carta Maior”   (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/O-legado-de-2013-o-colapso-da-Primavera-arabe-e-o-declinio-europeu/6/29898).

A GRANDE HISTÓRIA DE 2014 SERÁ O IRÃ


TUDO EM DISPUTA NO NOVO GRANDE JOGO

A grande história de 2014 será o Irã. Claro: a grande história do início do século 21 jamais deixará de ser EUA-China, mas será em 2014 que saberemos se é alcançável um acordo amplo, que transcenda o programa nuclear iraniano; e, se for, a miríade de ramificações afetará tudo que está em disputa no “Novo Grande Jogo” na Eurásia, inclusive EUA-China.

Por Pepe Escobar, no “Asia Times Online”

Como as coisas estão hoje, temos um acordo provisório entre o P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) e o Irã, e acordo nenhum entre EUA e Afeganistão. Assim, mais uma vez, temos o Afeganistão configurado como campo de batalha entre o Irã e a Casa de Saud, parte de um jogo geopolítico jogado em ritmo de frenesi desde a invasão dos EUA contra o Iraque em 2003 ao longo da franja norte do Oriente Médio direto ao Khorasan e ao sul da Ásia.

Há ainda o elemento da paranoia saudita, que extrapola do futuro do Afeganistão para a perspectiva de um Irã completamente “reabilitado” tornado aceitável para as elites político/financeiras ocidentais. Isso, vale anotar, nada tem a ver com aquela ficção, a “comunidade internacional”. Afinal, o Irã nunca foi banido pelos BRICS, (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), pelo "Movimento dos Não Alinhados" e pela maioria do mundo em desenvolvimento.

AQUELES MALDITOS JIHADISTAS

Todos os atores significativos no governo de Barack Obama já alertaram o presidente Hamid Karzai [do Afeganistão] de que, ou ele assina um “acordo de segurança” bilateral que autoriza algum tipo de avatar da ocupação norte-americana, ou Washington retirará todas as suas tropas no final de 2014.

Fantoche esperto, Karzai ordenhará a coisa, até extrair dela a última gota de benefício para si próprio – e podem ser concessões das mais brabas. Mas, aconteça o que acontecer, o Irã manterá, se não ampliar, sua esfera de influência no Afeganistão. Essa intersecção entre Sul da Ásia e Ásia Central é geopoliticamente crucial para o projeto iraniano de poder, só menos crucial que o Sudoeste Asiático (que chamamos de “Oriente Médio”).

Deve-se, é claro, esperar que a Casa de Saud prossiga usando todos os truques sujos que brotem da imaginação de Bandar bin Sultan da Arábia Saudita, codinome “Bandar Bush”, para manipular os sunitas em todo o “AfPak” [Afeganistão e Paquistão como um só teatro de operações], com o objetivo de, essencialmente, impedir que o Irã projete o próprio poder.

Mas o Irã conta com um aliado chave: a Índia. Com Delhi acelerando a cooperação de segurança com Kabul, atingimos o pico no Hindu Kush; e com Índia, Irã e Afeganistão desenvolvendo seu ramo sul da “Nova Rota da Seda”, com lugar especial para a rodovia que liga o Afeganistão ao porto iraniano de Chabahar – o Afeganistão encontra-se com o Oceano Índico.

Por tudo isso, atenção a todos os tipos de interpolações de uma aliança Irã-Índia confrontada com um eixo saudita-paquistaneses. Esse eixo tem apoiado islamistas variados na Síria – com resultados nefandos; mas o Paquistão tem sido envolvido em violência terrível contra os xiitas, e Islamabad não se mostrará muito interessada em alinhamentos demasiado estreitos com a Casa de Saud no “AfPak”.

Mas aconteceu que Washington e Teerã, por sua parte, estão outra vez alinhadas (lembram 2001?) no Afeganistão; nem uma nem outra quer saber de jihadistas linha duríssima rondando por perto. Até Islamabad – a qual, para todas as finalidades práticas, perdeu toda a capacidade de influenciar os Talibã no “AfPak” – gostaria de ver os jihadistas desmanchados em fumaça.

Todos esses atores sabem que, não importa o número de forças dos EUA que permaneçam, nem quantos enxames de mercenários contratados haja, eles não preencherão o vácuo de poder em Kabul. A coisa tenderá a permanecer sombria, mas, essencialmente, o cenário aponta para as encruzilhadas da Ásia Central/Sul da Ásia, que devem permanecer como o segundo maior campo de batalha geopolítica – e sectária – na Eurásia, depois do “combo levantino-mesopotâmico”. 


NADA DE ENERGIA, DO NOSSO VIZINHO?

Tanto quanto a Índia, o Iraque também está a favor de um acordo amplo com o Irã. E pensar que Irã e Iraque poderiam ter-se engajado numa corrida armamentista nuclear silenciosa, um contra o outro, no final do século 20... e Bagdá, agora, estar aí, defendendo tão empenhadamente o direito de Teerã a enriquecer urânio. E, isso, para nem falar que Bagdá depende do Irã para comércio, eletricidade e ajuda material, naquela guerra sem tréguas contra islamistas/salafistas-jihadistas.

A Turquia também considera bem-vindo um acordo amplo com o Irã. O comércio da Turquia com o Irã só pode aumentar. O alvo é que alcance US$30 bilhões em 2015. Mais de 2.500 empresas iranianas investiram na Turquia. Ankara, absolutamente, não pode apoiar as sanções ocidentais; não faz “business-sentido”. As sanções caminham contra a política turca de expandir o comércio. Além do mais, a Turquia depende do gás natural barato importado do Irã.

Depois de desvio selvagem da antiga política de “problemas zero com nossos vizinhos”, Ankara está acordando agora para os negócios à vista, na reconstrução da Síria. O Iraque pode ajudar, usando sua riqueza do petróleo. A Turquia, pobre em energia, não pode correr o risco de ser marginalizada. Uma Síria reestabilizada significará impulso para o gasoduto de US$10 bilhões Irã-Iraque-Síria. Se Ankara jogar o jogo, pode cogitar de uma extensão – que se encaixa bem no autoproclamado posicionamento como encruzilhada privilegiada no Oleogasodutostão do ocidente para o oriente.

Resumo disso tudo é que o conflito turco-iraniano sobre o futuro da Síria quase some, se comparado com o jogo da energia e o crescimento do comércio. Isso sugere que haverá, cada vez mais, convergência entre Ankara e Teerã, na direção de encontrar-se solução pacífica na Síria.

Mas, sim, há um problema imenso. A Conferência Genebra II, dia 22/1, pode ser o último prego no caixão do projeto da Casa de Saud, de meter ‘mudança de regime’ goela abaixo de Bashar al-Assad. Mais uma vez, isso implica que Bandar Bush está a ponto de medievalizar-se completamente – com todo o espectro de execuções sumárias, degolas, explosões de suicidas e carros-bomba e o mais alucinado sectarismo, em todo o front Iraque-sírio-libanês.

Haverá, pelo menos, um sério contragolpe. Como diz Sharmine Narwani,[1] o antigo “crescente xiita” – ou “eixo da resistência” – está-se auto-organizando agora como um “arco de segurança” contra salafistas-jihadistas. E os cérebros do Pentágono que inventaram o “arco de instabilidade”, que nunca pensaram nisso!

A LOUCURA DOS MÍSSEIS... ALGUÉM SE INTERESSA?

Adultos em Washington – não se pode dizer que sejam a maioria – podem já ter visualizado os fabulosos derivativos de um acordo do ocidente com o Irã, se examinassem a aprovação da China e a possibilidade de futura ajuda iraniana para ajudar a estabilizar o Afeganistão.

Para a China, o Irã é questão de segurança nacional – como uma importante fonte de energia (além da muitas, muitas afinidades culturais entre persas e chineses desde os tempos da Rota da Seda). Ameaçar com sanções a terceiros, um país ao qual os EUA devem mais de US$1 trilhão, e com sanções do Departamento de Estado por comprar petróleo iraniano é coisa de que não se cogita, pelo menos por hora.

Quanto a Moscou, ao aparecer com uma solução diplomática para a crise das armas químicas na Síria, Vladimir Putin salvou o governo Obama, nem mais nem menos, de si mesmo, quando estava a um passo de meter-se em mais uma guerra no Oriente Médio, de consequências potencialmente cataclísmicas. Imediatamente depois, se abriu a primeira brecha, desde 1979, no Muro de Desconfiança entre EUA e Irã.

Crucialmente importante: depois de assinado o acordo nuclear provisório com o Irã, o ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov pulou na jugular: o acordo põe fim à necessidade de haver mísseis balísticos da OTAN na Europa Central – com bases de interceptação na Romênia e Polônia previstas para estar operantes em 2015 e 2018, respectivamente. Washington sempre insistiu na ficção de que os mísseis visavam a prevenir a “ameaça” iraniana.

Sem o pretexto iraniano, a justificativa para o sistema de mísseis balísticos de defesa cai por terra.

A real negociação começa mais ou menos agora, no início de 2014. Logicamente, a solução, em meados de 2014, seria o fim das sanções [2] em troca de forte supervisão do programa nuclear iraniano. Mas esse é jogo de duplos espelhos. Washington vende a ela mesma o mito de que assim estaria, de algum modo, controlando o programa nuclear iraniano, plano alternativo a um ataque “Choque e Pavor” ultra-arriscado para aniquilar vastos segmentos da infraestrutura do Irã.

Ninguém diz, mas é fácil ver os BRICS pesos-pesados, Rússia e China, informando Washington, casualmente, o tipo de armamento e material de apoio que entregariam ao Irã em caso de ataque norte-americano.

Teerã, por sua vez, gostaria de interpretar a tentativa de reaproximação como renúncia, pelos EUA, à ‘mudança de regime’, com o Supremo Líder Aiatolá Khamenei pagando o preço de trocar elementos de um programa nuclear, pelo fim das sanções.

Assumindo-se que Teerã e Washington sejam capazes de isolar os respectivos lobbies confrontacionais – tarefa titânica –, os benefícios são autoevidentes. Teerã quer – e muito precisa de – investimentos em sua indústria de energia (no mínimo, US$200 bilhões) e em outros setores da economia. O Grande Petróleo ocidental está doido para investir no Irã. A abertura econômica será parte inevitável do acordo final – e, para o turbocapitalismo ocidental, é absolutamente necessário que seja: um mercado de 80 milhões de consumidores bem educados, localização fabulosa e nadando em petróleo e gás.[3] O que haveria de errado nisso?

OBAMA: PACIFICADOR OU SÓ ENGANADOR?

Teerã apoia Assad em grande parte para combater o vírus do jihadismo – gerado em incubadora por ricos patrocinadores na Arábia Saudita e no Golfo. Assim, digam o que disserem os jornalistas de Washington, não há qualquer possibilidade de solução séria para a Síria, sem envolver o Irã. O governo Obama agora parece estar-se dando conta de que Assad é a opção menos ruim. Quem diria... há apenas três meses?

O acordo provisório com o Irã é a primeira evidência tangível de que Barack Obama está, realmente, considerando deixar sua marca de política externa no Sudoeste Asiático/Oriente Médio. Ajuda que o 0,00001% que dirigem o show podem talvez ter percebido que um presidente dos EUA, globalmente visto como bobalhão, engendra instabilidade massiva no Império e em todas suas satrapias.

O resumo de tudo é que Obama tem de respeitar seu parceiro Hassan Rouhani – que deixou bem claro aos norte-americanos que ele tem de preservar o apoio político em tempo integral que Khamenei lhe dá; é a única via para manter ao largo o muito poderoso lobby político-religioso em Teerã/Qom, que se opõe a qualquer acordo com o ex-“Grande Satã”. Quer dizer: o “Grande Satã” tem de negociar a sério e de boa fé.

Algum agente da velha realpolitik (com coração mole) diria que o governo Obama visa a um equilíbrio de poder entre Irã, Arábia Saudita e Israel. Outro agente da velha realpolitik, mas mais maquiavélico, diria que se trata de jogadas sunitas versus xiitas, árabes versus persas, para mantê-los paralisados.

Leitura mais prosaica talvez seja que os EUA-protetores-de-gangues já não existam. Muitos sabem de um poderoso lobby israelense e de outro lobby, dos petrodólares wahhabistas em Washington, quase tão poderoso quanto o primeiro; então, ninguém jamais considera que nem Israel nem a Casa de Saud têm outro “protetor”, que não sejam os EUA.

Assim sendo, doravante, se a Casa de Saud vê o Irã como ameaça, terá de operar com sua própria estratégia. E se Israel insiste em ver o Irã como “ameaça existencial” – o que é piada –, terá de lidar com a questão como problema estratégico. Se a consequência real da atual deriva é que Washington não mais lutará guerras em nome de sauditas ou israelenses, nesse caso já temos uma mudança monumental no jogo.

Xi Jinping e Vladimir Putin veem que é do interesse deles “proteger” Obama, o pacificador. Mas todos ainda pisam território escorregadio; Obama como pacificador – honrando afinal seu Prêmio Nobel – pode ser só fantasia, uma visão em espelho mágico. E Washington sempre poderá marchar para a mudança de regime em Teerã comandada pelo próximo morador da Casa Branca depois de 2016.

Mas, no que tenha a ver com 2014, muitos sinais apontam para uma deriva tectônica no mapa geopolítico da Eurásia, com o Irã, finalmente, emergindo como a verdadeira superpotência no Sudoeste Asiático, contra os desígnios de ambos – de Israel e da Casa de Saud. Vai ser (geopoliticamente) divertido. Feliz Ano Novo.”

Notas:

[1] 21/12/2013, Al-Akbar, Líbano, http://english.al-akhbar.com/blogs/sandbox/security-arc-forms-amidst-mideast-terror-0 [em tradução]
[2] http://www.niacouncil.org/site/DocServer/Extending_Hands_Unclenching_Fists.pdf
[3] 1/12/2013, Irã Deal Opens Door for Businesses, Wall Street Journal.

FONTE: escrito por Pepe Escobar, no “Asia Times Online”. O autor é jornalista, brasileiro, vive em São Paulo, Hong Kong e Paris, mas publica exclusivamente em inglês. Mantém coluna (The Roving Eye) no” Asia Times Online”; é também analista político do blog “Tom Dispatch” e correspondente das redes” Russia Today”, “The Real News Network Televison” e “Al-Jazeera”. Atigo traduzido pelo “coletivo de Vila Vudu” e publicado no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=232576&id_secao=9).

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

PROCLAMAÇÃO SUPREMA DE JOAQUIM BARBOSA


Por Antonio Lassance, na “Carta Maior”

“O presidente do Supremo Tribunal Federal, ao bel prazer de suas atribuições, para a glória de sua figura e regozijo de todos os que odeiam um determinado partido que, há 11 anos, governa este país, proclama:

1. O crime do “caixa 2” [somente no caso do PT] será tratado como o mais hediondo e repugnante de todos, mesmo não havendo dinheiro público envolvido e, portanto, desviado. A dosimetria das penas será calculada conforme a repercussão midiática do escândalo. Não importa que os dirigentes partidários acusados não demonstrem evidências de enriquecimento ilícito, como carros de luxo, contas na Suíça ou apartamentos em Miami.

2. Crimes com alguma participação de petistas serão julgados antes de todos os demais, mesmo dos que tenham sido protocolados anteriormente (caso do chamado "mensalão mineiro), e não poderão jamais ser desmembrados (ao contrário do referido "mensalão mineiro).

3. Tais crimes serão julgados com a máxima urgência, a tempo de produzirem resultados a, pelo menos, um ano antes das eleições, oferecendo imagens e declarações que se prestem plenamente ao escárnio público e à propaganda eleitoral de partidos de oposição.

4. A participação em propinodutos de obras públicas e a privataria serão considerados um fato menor e irrelevante do ponto de vista da ética republicana, da moral política e dos bons costumes da administração pública, conforme a jurisprudência firmada pelo escândalo do “impeachment” do ex-presidente Collor, pelos processos arquivados pelo Engavetador-Geral da República, durante o governo Fernando Henrique Cardoso/PSDB, e pela atuação do Ministério Público de São Paulo no escândalo carinhosamente apelidado de "caso Alstom".

5. Fica decretada esta punição exemplar como marco do fim da impunidade no Brasil, de modo a aliviar a carga e a urgência do Judiciário sobre processos de corrupção aberrante e explícita, que estejam prescritos ou em vias de prescrever, e que seus praticantes estejam impunes, com suas fichas mais que limpas, prontos para concorrer às próximas eleições e dar continuidade às suas atividades.

6. Cria-se, para além do trânsito em julgado, a figura jurídica excepcional gerúndica do processo “transitando em julgando”, pela qual réus que ainda possam ter direito a recursos serão imediatamente condenados e presos. As eventuais contrariedades a tal decisão serão oficialmente respondidas não com argumentos jurídicos, mas apenas com a adjetivação de seus defensores como “chicaneiros”. Ficam os vocábulos “chicana” e “chicaneiro” definitivamente incorporados ao léxico desta Suprema Corte.

7. Que se aprenda a lição: o crime de caixa 2 não compensa [se do PT]. Sobre os demais [do PSDB, DEM, PPS], o STF se declara incompetente.

8. Este ato fica consignado na lista de “julgamentos históricos” do STF, ao lado de decisões como as que negaram “habeas corpus”, durante as ditaduras de 1937 e 1964, a cidadãos acusados sem provas, com base apenas em testemunhos de desafetos; junto ao ato chancelado pelo STF que extraditou a senhora Maria Prestes (mais conhecida como Olga Benário) para a Alemanha Nazista, em 1936; junto também à decisão que ratificou o golpe de 1964 e a deposição do presidente João Goulart; entre tantos outros que estão à disposição para a leitura dos brasileiros na página do Supremo Federal, na internet.

Brasília, 15 de novembro de 2013, uma data para entrar para a História.”


FONTE: escrito por Antonio Lassance, doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília. Transcrito no site “Carta Maior” e no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=232560&id_secao=1). [Imagens do Google e trechos entre colchetes acrescentados por este blog ‘democracia&política’].

PRONUNCIAMENTO À NAÇÃO DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA, DILMA ROUSSEFF




Em cadeia nacional de rádio e TV:

Brasília-DF, 29 de dezembro de 2013

"Minhas amigas e meus amigos,

Graças ao esforço de todas as brasileiras e de todos os brasileiros, o Brasil termina o ano melhor do que começou. Temos motivos também para esperar um 2014 ainda melhor do que foi 2013.

As dificuldades que enfrentamos, aqui dentro e lá fora, não foram capazes de interromper o ciclo positivo que vivemos e que tem garantido que a vida dos brasileiros melhore gradativamente a cada ano. Nos últimos anos, somos um dos raros países do mundo em que o nível de vida da população não recuou ou se espatifou em meio a alguma grave crise. Chegamos até aqui melhorando de vida, pouco a pouco, mas sempre de maneira firme e segura. Construindo a base para que a expressão “melhorar de vida” deixe de ser, em um futuro próximo, um sonho parcialmente realizado, torne-se a realidade plena e inegável da vida de cada brasileiro e de cada brasileira.

É para isso que você pega duro no batente todos os dias. É para que o seu esforço traga resultados ainda mais rápidos que cobro todos os minutos um bom desempenho do meu governo. Não existe nada mais importante para mim do que ver as famílias brasileiras melhorando de vida, mais felizes, mais tranqüilas e mais satisfeitas com o fruto do seu trabalho. Por isso, sinto alegria de poder tranquilizar vocês dizendo-lhes que entrem em 2014 com a certeza que o seu padrão de vida vai ser ainda melhor do que você tem hoje. Sem risco de desemprego, podendo pagar suas prestações, em condições de abrir sua empresa ou ampliar o seu próprio negócio. Entrem em 2014 com toda energia e otimismo e com a certeza de que a vida vai continuar melhorando. Reflitam sobre o que aconteceu de positivo nos últimos anos na vida do Brasil, na sua vida e na vida de sua família e projetem isso de forma ampliada para os próximos anos.

Você, jovem, sabe o quanto o seu padrão de vida melhorou comparado ao que você tinha na infância e ao que seus pais tinham na sua idade. Usem essa fotografia do presente e do passado recente como pano de fundo para projetar o futuro. Esta é a melhor bússola para navegar neste novo Brasil.

Minhas amigas e meus amigos,

Neste ano de 2013, continuamos nossa luta vigorosa em defesa do emprego e da valorização do salário do trabalhador. Uma luta plenamente vitoriosa, pois alcançamos o menor índice de desemprego da história. Estamos com uma das menores taxas de desemprego do mundo e continuamos nossa luta constante contra a carestia. Nela, tivemos alguns problemas localizados, mas chegamos a um ponto de equilíbrio que garante a tranquilidade do planejamento das famílias e das empresas.

Nisso, o governo teve ação firme, atuou nos gastos e garantiu o equilíbrio fiscal, atuou na redução de impostos e na diminuição da conta de luz. Nesses últimos casos, enfrentando duras críticas daqueles que não se preocupam com o bolso da população brasileira.

Neste ano, o Brasil apoiou como nunca o empreendedor individual, o pequeno e o médio empresários, diminuindo impostos, reduzindo a burocracia e facilitando o crédito. Continuamos nossa luta incansável pela construção de grande futuro para o Brasil, viabilizando a exploração do pré-sal e garantindo a destinação de seus fabulosos recursos para a educação e a saúde. Ampliamos nossa luta pela melhoria de infraestrutura, iniciando a mais ampla, justa e moderna parceria de todos os tempos com o setor privado para a construção e ampliação de estradas, portos e aeroportos. Aumentamos o apoio à produção agropecuária em todos os seus formatos e escalas produtivas. Continuamos a difícil luta pela melhoria da saúde e da educação, setores onde ainda temos muito a fazer, mas onde estamos conseguindo avanços.

No caso da saúde, o “Mais Médicos” foi um dos destaques. Hoje, já temos 6.658 novos médicos em 2.177 cidades beneficiando cerca de 23 milhões de pessoas. Em março, serão 13 mil médicos e mais de 45 milhões de brasileiros e brasileiras beneficiados.

Como toda mãe de família, sei que o patrimônio mais valioso na vida dos nossos filhos é a educação. Por isso, estamos fazendo um esforço redobrado nessa área. Além de garantirmos mais vagas e mais qualidade em todos os níveis de ensino, aumentamos o número de creches e escolas de tempo integral, de universidades e escolas técnicas, e consolidamos programas decisivos para a formação profissional e o emprego, como o “Pronatec” e o “Ciência sem Fronteiras”. O “Pronatec” já beneficiou mais de 5 milhões de jovens e adultos com cursos técnicos e de qualificação profissional. Enquanto o “Ciência sem Fronteiras” ofereceu 60 mil bolsas a estudantes brasileiros em algumas das melhores universidades do mundo.

Continuamos nosso esforço gigantesco para oferecer moradia para os pobres e para a classe média. E o “Minha Casa, Minha Vida” transformou-se no mais exitoso programa desse gênero no mundo.

Reforçamos o programa “Brasil sem Miséria” e estamos a um passo de acabar com a pobreza absoluta em todo o território nacional. Ampliamos nosso diálogo com todos os setores da sociedade e escutamos seus reclamos, implantando pactos para acelerar o cumprimento de nossos compromissos. Defendemos uma reforma política que amplie os canais de participação popular e dê maior legitimidade à representação política.

Não abrimos mão, em nenhum momento, de apoiar o combate à corrupção em todos os níveis. Exatamente por isso, nunca no Brasil se investigou e se puniu tanto o malfeito. O Brasil também tem buscado apoiar fortemente suas populações tradicionais, em especial os grupos indígenas e os quilombolas. E eu tenho imenso orgulho do programa “Viver sem Limites”, que leva oportunidades e cidadania para as pessoas com deficiência.

Em suma, não deixamos em nenhum momento de lutar em favor de todos os brasileiros, em especial dos que mais precisam. Com o olhar muito especial para os jovens, para as mulheres e para os negros. Mas sabemos que há muito, muito mesmo, ainda por fazer e muito, muito mesmo, por melhorar.

Minhas amigas e meus amigos,

O Brasil melhorou, a nossa vida melhorou, mas o melhor é que temos tudo para melhorar ainda mais. O Brasil será do tamanho que quisermos, do tamanho que o imaginemos. Se imaginarmos um país justo e grande e lutarmos por isso, assim o teremos. Se mergulharmos em pessimismo e ficarmos presos a disputas e interesses mesquinhos, teremos um país menor.

O mesmo raciocínio se aplica à nossa economia. Assim como não existe um sistema econômico perfeito, dificilmente vai existir em qualquer época um país com economia perfeita. A economia é um conjunto de vasos comunicantes em busca permanente de equilíbrio. Em toda economia, sempre haverá algo por fazer, algo a retocar, algo a corrigir para conciliar o justo interesse da população e das classes trabalhadoras e os interesses dos setores produtivos. Por isso, temos que agir sempre de forma produtiva e positiva tentando buscar soluções e não ampliar os problemas. Se alguns setores, seja porque motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas.

Digo aos trabalhadores e empresários que continuo disposta a ouvi-los em tudo que for importante para o Brasil. Digo aos trabalhadores e aos empresários que apostar no Brasil é o caminho mais rápido para todos saírem ganhando. O governo está atento e firme em seu compromisso de lutar contra a inflação e de manter o equilíbrio das contas públicas. Sabemos o que é preciso para isso e nada nos fará sair desse rumo, como também nada fará mudar nosso rumo na luta em favor de mais distribuição de renda, diminuição da desigualdade pelo fim da miséria e em defesa das minorias.

Não perderemos jamais nossa disposição de lutar para que o povo brasileiro tenha saúde e educação de mais qualidade hoje e no futuro. Por isso, no orçamento do próximo ano os setores que tiveram mais aumento foram, justamente, a saúde, a educação e o combate à pobreza.

No médio e longo prazos, fizemos do pré-sal nosso passaporte para o futuro, destinando seus recursos majoritariamente para a educação.

Minhas amigas e meus amigos,

O Brasil tem passado, tem presente e tem muito futuro. Existem poucos lugares no mundo onde o povo tenha melhores condições de crescer, melhorar de vida e ser mais feliz. É isso que sinto Brasil afora, é isso que sinto coração adentro.

Um ano novo cheio de felicidade e prosperidade para vocês e de muito progresso e justiça social para o Brasil.

Obrigada e boa noite.”

Ouça a íntegra do pronunciamento (11min50s) da Presidenta Dilma”

FONTE: Blog do Planalto  (http://www2.planalto.gov.br/imprensa/discursos/pronunciamento-a-nacao-da-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-em-cadeia-nacional-de-radio-e-tv-1).

Lula ao jornal espanhol “El País”: "2014 SERÁ O ANO DE RECONHECER DILMA"


Do “Brasil 247”

“Em perfil sobre a presidente Dilma Rousseff para o jornal espanhol ‘El País’, que a escolheu como uma das principais lideranças ibero-americanas de 2013, o ex-presidente Lula faz breve histórico de luta da sua sucessora, lembra ação dela em seu governo e destaca pontos positivos da atuação de Dilma como presidente; "Em meio a uma crise mundial, o Brasil da presidente Dilma é o país mais empenhado na luta contra o desemprego", diz. Para o petista, "2014 será um grande ano para o Brasil, pois o país colherá os frutos que a presidente Dilma semeou: a exploração do petróleo na camada do pré-sal; as concessões dos aeroportos, da rede ferroviária e dos portos; os grandes investimentos em educação, saúde e saneamento"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina o perfil sobre a presidente Dilma Rousseff publicado no jornal espanhol “El País”, que a escolheu como uma das principais lideranças ibero-americanas de 2013. No texto, Lula destaca a luta de Dilma contra a ditadura e lembra seu histórico profissional, citando a participação dela em seu governo. Ele também faz um balanço dos primeiros três anos da gestão Dilma e afirma que 2014 será "um grande ano para o Brasil".

"O país colherá os frutos que a presidente Dilma semeou: a exploração do petróleo na camada do pré-sal; as concessões dos aeroportos, da rede ferroviária e dos portos; os grandes investimentos em educação, saúde e saneamento. Será o ano do reconhecimento da seriedade e da competência dessa mulher brasileira de tanta coragem", afirma.

Abaixo o texto traduzido na íntegra:

DILMA ROUSSEFF, O PODER DA CORAGEM

Lutou desde muito jovem para transformar o Brasil. Na presidência, enfrentou, neste ano, com êxito, os protestos de junho e a espionagem dos Estados Unidos, que ela mesmo sofreu.

Luiz Inácio Lula da Silva

Se tivesse que escolher uma palavra que definisse o caráter da presidente Dilma Rousseff, essa seria “coragem”. Essa companheira lutou desde muito jovem para transformar o Brasil, para melhorar as condições de vida das pessoas mais humildes. Foi perseguida, presa e torturada durante a ditadura, mas nunca abandonou seus ideais. Em uma sociedade acostumada a ver sempre os homens em postos dirigentes, ela foi a primeira mulher Secretária de Finanças do seu Estado, a primeira Ministra de Minas e Energia do Brasil, a primeira Chefe da Casa Civil, a primeira Presidente.

Durante o meu governo, ela reorganizou o setor de energia levando a eletricidade a três milhões de casas nas zonas rurais. Dirigiu o maior programa de infraestrutura de nosso período que garantiu o crescimento econômico com grande inclusão social.

Em seu governo, o país alcançou a cifra de 36 milhões de pessoas resgatadas da miséria absoluta. Em meio a uma crise mundial, o Brasil da presidente Dilma é o país mais empenhado na luta contra o desemprego, que caiu para 5,2%.[agora 4,6%]

2014 será um grande ano para o Brasil, e não só por causa da organização da Copa do Mundo de futebol. O país colherá os frutos que a presidente Dilma semeou: a exploração do petróleo na camada do pré-sal; as concessões dos aeroportos, da rede ferroviária e dos portos; os grandes investimentos em educação, saúde e saneamento. Será o ano do reconhecimento da seriedade e da competência desta mulher brasileira de tanta coragem."

Neste link o texto em espanhol.

FONTE: do jornal online “Brasil 247” (http://www.brasil247.com/pt/247/poder/125331/Lula-ao-El-Pa%C3%ADs-2014-ser%C3%A1-o-ano-de-reconhecer-Dilma.htm).

ENTREVISTA COM O Ex-MARIDO DE DILMA


“O portal Conversa Afiada reproduz entrevista de Carlos Franklin Paixão Araújo, ex-marido da Presidenta Dilma e ex-brizolista, dada ao jornal “O Globo”:

‘A CRÍTICA DE QUE O PT PERDEU CONTEÚDO IDEOLÓGICO É CORRETA’

Carlos Franklin Paixão Araújo, ex-marido da presidente Dilma, mantém a paixão pela política, e diz que o governo hoje não tem adversários.

Ex-preso político, o advogado Carlos Franklin Paixão Araújo, de 76 anos, foi casado por mais de 20 anos com a presidente Dilma, de quem ainda é próximo. De saúde frágil e com enfisema pulmonar inoperável, mantém a paixão pela política. E, apesar da visão crítica sobre o PT, ele diz que o governo hoje não tem adversários.

--O senhor acredita que mensalão pode atrapalhar a reeleição da presidente?

Acho que não. A crítica que se faz ao PT, de que o partido perdeu seu conteúdo ideológico, é absolutamente correta. Mas, mesmo que o tenha perdido, é um partido que sempre cresce politicamente. Essa é uma contradição interessante da política brasileira: a cada eleição, apesar de tudo, o PT faz mais e mais votos.

--Por quê?

Porque o PT, de uma forma ou de outra, corresponde às aspirações das camadas brasileiras mais necessitadas. É simples assim. E também tem uma política que consegue agregar setores de várias classes sociais, desde a classe média até as elites. Parte das elites apoia o PT, compreende a sua política.

--Isso é mérito de quem?

Da intuição e, principalmente, do aprendizado do Lula. Quando ele fez a “Carta aos Brasileiros”, em 2002, precisou ver como é que faria tudo aquilo que estava escrito e prometido. Então eu acho que, nesse sentido, o PT fez as alianças corretas. É impossível desenvolver o capitalismo brasileiro sem alianças com setores capitalistas, como temos. As tormentas que ocorreram, o PT soube assimilá-las perfeitamente. Veio a tormenta do mensalão, e o Lula foi reeleito. Veio a outra onda do mensalão agora, com as prisões, e a Dilma está crescendo. Como explicar isso? A mídia colabora muito com o PT.

--O PT discorda.

Mas está sendo infantil ao dizer isso. Porque é a mídia que elege o PT, ao ser tão radical e sectária [contra o PT] como tem sido. A mídia fala durante seis meses que o Brasil irá à falência. Não foi. Depois, que o Brasil não exporta mais nada e tal. Ou então que esgotou o mercado interno. Não acontece nada. Agora, é inflação. De novo, não acontece nada. A mídia esgota todos os temas e não acontece nada. O povo brasileiro, com sua sabedoria e sua esperteza, aproveita o futebol e as novelas que passam de graça na TV, mas para o resto não dá bola.

--O senhor acredita que a presidente Dilma tem adversário?

Por enquanto, não. Claro, daqui a pouco acontece um acidente de percurso e tudo muda. Mas, dadas as condições atuais, não tem adversário. O Eduardo Campos, a meu ver, cometeu um erro tremendo, se antecipou ao debate. O Lula tem essa visão de que o PT precisará passar o poder para alguém, desde que seja do mesmo viés ideológico. Deveria ser o Campos, naturalmente, mas ele precipitou as coisas. Não tem como se recuperar. O Aécio Neves simplesmente não existe.

--E Marina Silva?

Ao não ter validado seu partido para concorrer, é natural que ela tenha que apoiar alguém. Mas trata-se de uma contradição ambulante: ela tem um partido do qual é presidente, enquanto a secretária-geral é a dona do Itaú (Neca Setúbal) e o vice-presidente é dono da Natura (Guilherme Leal). Mas que partido é esse? E, assim mesmo, ela é anticapitalista e evangélica, uma coisa gozadíssima.

--A oposição não tem propostas?

O problema da oposição é que eles brigam demais entre si, nunca criam uma aliança sólida. Se houvesse essa aliança, poderia ser uma força expressiva. Mas eles não conseguem porque, na minha opinião, o PT teve a sabedoria de pegar parte das elites para ficar com ele. Vários partidos, mesmo pequenos, representam essa parcela que apoia o PT. São frações das elites? São. São frações do capital? São. Mas são frações significativas.”

(Araújo diz que parte das elites apoia o PT. Ele ataca a imprensa, ao dizer que suas críticas não afetam a popularidade do governo. Foto: Nabor Goulart)

--O senhor conversa sobre essas questões com a presidente?

Não, não interfiro em nada. Tento só não atrapalhar.

--Mas nem como conversa descompromissada?

Minha relação com a Dilma é estritamente pessoal e familiar. Não falamos de política porque, quando ela vem aqui (para Porto Alegre), vem ficar com a família em um ambiente mais descontraído. E nem poderia ser diferente porque, quando vem, é para descansar. Não é nada fácil ser presidente, em qualquer país do mundo. É um rolo em cima do outro. Uma confusão em cima de outra. A pessoa fica exaurida. Pega a cara do Lula quando entrou no poder e quando saiu. Pega uma foto do Obama cinco anos atrás e você vai dizer “mas o que é isso, o homem tá com a cabeça branca!”. É porque é assim. Presidente é presidente 24 horas por dia, não tem sossego.

--Ela, então, não lhe consulta sobre determinadas questões?

Não vamos falar disso. Sou um torcedor do governo Dilma e do governo Lula, nada além disso.”

FONTE:
portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/12/29/pig-esgotou-todos-os-seus-golpes-e-nao-acontece-nada/). Complementado com trecho e imagens extraídas do blog “Tijolaço” (http://tijolaco.com.br/blog/?p=12048).

ANO QUE VEM TEM CHUMBO GROSSO!”


RETROSPECTIVA E PERSPECTIVAS DAS BOMBAS SEMIÓTICAS PARA 2014

Por Wilson Roberto Vieira Ferreira

“Tudo leva a crer que 2013 foi uma espécie de campo de testes para o aprimoramento da tecnologia bélica semiótica. O jogo mais importante está sendo disputado no contínuo midiático, por meio da detonação de bombas criadoras de ondas e estilhaços de signos que moldam na percepção pública um “clima de opinião”. Em cada redação de veículo de grande imprensa e em cada ilha de edição das grandes emissoras de TV foi testado e consolidado um incrível arsenal de recursos retóricos, linguísticos e semiológicos. Tudo orientado por um script simples composto por três plots que é a base da programação das bombas semióticas. Está tudo pronto para elas serem detonadas, dessa vez de forma sistemática, em 2014 em um ambiente midiático supercondutor de ondas de choque com a realização de megaeventos como Copa do Mundo e eleições.

Mesmo com toda a atmosfera de festas de final de ano que supostamente inspira nas pessoas generosidade e reflexão, a grande mídia não perdeu tempo e sinalizou de forma bem clara o que nos espera para o próximo ano:

(a) Em uma matéria de fatos diversos, no último bloco no telejornal SPTV da TV Globo no dia 27/12, sobre rituais e supertições populares para atrair sorte no ano novo, um pai de santo é consultado pela repórter sobre as perspectivas para 2014. Os búzios são jogados e ele adverte: “este ano foi de antagonismos e conflitos e o próximo será a mesma coisa, mas haverá transformações. E uma nuvem negra se afastará da cidade de São Paulo...”;

(b) uma enquete foi feita com colunistas do jornal “O Globo” para saber o que eles esperam para 2014: Carlos Alberto Sardenberg, Míriam Leitão e Zuenir Ventura torcem por mais protestos – “protestos vigorosos”, salienta Sardenberg;

(c) Jornais e emissoras de TV passaram os últimos dias antes do Natal fazendo acrobacias matemáticas para provar que, apesar das vendas terem aumentado 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado, foi o Natal mais fraco em 11 anos;

(d) Elio Gaspari em sua coluna publicada em pleno dia de Natal na “Folha” e “O Globo” lembra que o próximo ano será de eleições, mas também lembra que, neste ano, aprendemos que existe “uma forma mais direta de expressão”, e exorta: “vem pra a rua você também!”.



O SCRIPT

Desde que Maria Judith Brito, na época presidente da “Associação Nacional dos Jornais” (ANJ), afirmou, em 2010, que diante de uma oposição politicamente fragilizada os meios de comunicação seriam o verdadeiro partido de oposição, a grande mídia criou rapidamente um script dentro qual qualquer evento ou notícia deveria ser encaixado. Um script simples, composto basicamente por três plots:

(a) o país está à beira do colapso econômico pela inflação galopante e perda de credibilidade dos investidores externos porque não faz a “lição de casa”;

(b) Todos os escalões do Governo estão contaminados por uma corrupção endêmica cuja origem está no PT. Essa corrupção produz uma administração pública ineficiente e serviços públicos caros;

(c) Por esse motivo, a escalada de protestos nas ruas que é sinalizador do caos e baderna em um país à beira do descontrole e em estado pré-insurrecional.

E pelo que acompanhamos neste ano, a declaração da presidenta da ANJ não foi mera bravata ou elogio à liberdade de imprensa: em cada redação de veículo de grande imprensa e em cada ilha de edição das grandes emissoras de TV foi mobilizado um incrível arsenal de recursos retóricos, linguísticos e semiológicos tão sofisticados que, certamente, só mais tarde pesquisas acadêmicas transformarão estes momentos pelos quais estamos passando em objetos de dissertações e teses e serão analisados de forma mais profunda em seu alcance e natureza.


Paul Lazarsfeld: o fator predisposição e memória seletiva nos receptores

Essa mobilização resultou em intervenções pontuais da grande mídia na opinião pública através do que denominamos como “bombas semióticas”: conjunto de artefatos que foram detonados na opinião pública ao longo do ano (mais precisamente após as grandes manifestações de rua em junho) – travestidos de “informação” através de mídias impressas, digitais ou audiovisuais. Seu objetivo não é a persuasão ou convencimento, mas a criação ondas de choque ou disseminação de estilhaços de signos na esfera pública. São bombas cujo alvo não é a razão, mas a emoção.

Transmitidos como “informação” (notícia, opinião, imagens etc.) escondem construções arbitrárias de significados sob a saturação retórica (figuras de linguagem) que escondem complexas operações semióticas (regressão sígnica, contiguidades, similaridades, composições, simbolismos de cores etc.).

Como pudemos perceber ao longo dos meses, o objetivo não é o convencimento político-partidário dos receptores. Nesse aspecto, as teses do pesquisador Paul Lazarsfeld (líder de estudos empíricos de recepção nos EUA na década de 1940) continuam bem atuais: há um fator predisposição muito forte nos receptores – eles só veem o que querem ver, ou compreendem apenas o que querem compreender. Em geral, os conteúdos midiáticos apenas reforçam predisposições já existentes por meio da seletividade da recepção e da memória. Por exemplo, as imagens dos “mensaleiros” sendo levados como prisioneiros pela Polícia Federal a Brasília não tiveram qualquer efeito pedagógico: as imagens apenas reforçaram e acirraram tanto posições antipetistas quanto petistas já consolidadas.

Então, para quem falam as “bombas semióticas”? Falam para a maioria indiferente (Lazarsfeld falava em nove em cada dez receptores) cuja relação com os conteúdos midiáticos é a de desfrute, gozo, de ver “o mundo em marcha” (Ramonet) através da dinâmica, ritmo e cores nos telejornais. Para eles, a relação com a mídia é de consonância, assimilando ondas de choque que periodicamente tornam-se “a” moda dominante, “o” tema do momento, “a” onda da que envolverá a todos nas próximas semanas.

Bombas semióticas não operam por convencimento ou argumentação, mas por percepção e sedução. Por isso, esses artefatos bélicos seriam muito mais sofisticados do que slogans publicitários que trabalham por repetição e condicionamento. Bombas semióticas são intervenções pontuais que operam por choque para criar uma consonância e um “clima de opinião”.

Para compreendermos o seu funcionamento, é necessária uma engenharia reversa, pois, até agora, só conseguimos estudá-las após as suas detonações através dos seus registros impressos, digitais ou audiovisuais. Vamos fazer uma retrospectiva das principais descobertas conseguidas através da aplicação das ferramentas da Semiótica, a ciência dos signos, na desmontagem reversa dessas bombas liguísticas.



AS PRIMEIRAS BOMBAS SEMIÓTICAS

Depois das semanas iniciais em que a mídia acompanhou as primeiras manifestações de rua com perplexidade taxando os manifestantes de “criminosos” e “politicamente burros”, descobriu-se que elas poderiam ser encaixadas no script do abismo político-econômico-institucional descrito acima. As manifestações passaram, então, a ser reportadas como sinais inequívocos da confirmação dos três plots do script.

No dia 29/06, analisamos dois exemplares de bombas semióticas: a capa autodenominada como “histórica” da revista “Veja” e outra do “Portal Terra” – veja “Bombas Semióticas Explodem na Mídia”. Descobrimos o primeiro mecanismo de funcionamento: a regressão do símbolo ao índice (dessimbolização) tanto da figura da bandeira nacional quanto dos manifestantes. Tanto a bandeira quanto a imagem dos manifestantes têm forte símbolo de agregação, união e força. Mas o significado geral a ser transmitido pelas matérias deve ser de abandono e impotência diante do caos. A bandeira é mostrada jogada, esgarçada, abandonada na penumbra; enquanto os manifestantes são mostrados sempre isolados como que perdidos, observando a tudo impotentes. A força simbólica é esvaziada para ser reduzida a índice (sinal) de evidente descontrole e instabilidade.



Retoricamente, verificamos que são peças carregadas, em composições que remetem ao cinema (plano inclinado como nos filmes de perseguição para expressar instabilidade e violência), figuras em contra-luz, tudo explicitamente posado, cênico, teatral. Curioso é que, mesmo tendo perdido a natureza espontânea de flagrante, ainda os leitores as tomam como fotojornalismo. Talvez, porque o senso comum ainda toma as imagens como decalques da realidade, e não um exercício arbitrário de intencionalidade do repórter ou do fotógrafo.



A BOMBA SEMIÓTICA DO “INFOTENIMENTO”

Essa foi uma bomba de difícil desmontagem por não ser uma simples manipulação ou encobrimento de fatos, mas por envolver um elemento “meta”: a simulação. Mais precisamente, programas que pretendem ensinar lições de moral e cidadania através de simulações. Mais precisamente através de “pegadinhas”, dessa vez “do bem” e na TV. Sob o pretexto de nobres propósitos, programas como o “Fantástico” da “Globo” e “CQC” da “Band” criaram uma “bomba semiótica” sob a forma do “infotenimento” (informação + entretenimento), com situações do cotidiano simuladas para flagrar contraventores da ordem, da moral e dos princípios de cidadania para nos ensinar que o bem sempre compensa. Ambos os programas alinham-se ao plot (b) do script geral descrito acima: a pauta do moralismo e do combate à corrupção – veja o post  “A bomba semiótica das pegadinhas do “Fantástico” e “CQC””.

Os quadros “Vai Fazer O Quê?” do “Fantástico” da “TV Globo” e o “Olho Por Olho” do CQC da “Band” são bombas complexas por, primeiro, criar efeitos de realidade para a simulação parecer real (imagens granuladas, planos inclinados etc.) e, ao mesmo tempo, fazer constante metalinguagem – mostrar ao espectador como a pegadinha é produzida.

Observamos, na época, que essa moralização por meio de pegadinhas poduziria uma cidadania esquizofrênica: Enquanto no “Fantástico” o prazer sádico é envergonhado porque jogado para trás de camadas de discursos de cidadania e virtude, no “CQC” o sadismo, desejo de vingança e princípios de cidadania são colocados no mesmo plano. Pensando de forma freudiana, o “Fantástico” nos apresenta uma cidadania neurótica, enquanto o “CQC” constrói uma cidadania esquizofrênica.



O REVELADOR ACIDENTE COM BOMBA SEMIÓTICA

A produção de bombas semióticas passou a ser tão emergencial para a grande mídia que parecer ter começado a contaminar o senso dos repórteres. A ansiedade em corresponder a uma pauta pré-estabelecida fez uma repórter da “rádio CBN” detonar precipitadamente uma bomba semiótica que estava sendo montada na cobertura de uma greve dos estudantes no Departamento de Letras da USP. Graças a uma “barrigada jornalística” (a repórter confundiu a mensagem “Alemão no Campus” de uma professora do Departamento com uma mensagem cifrada da malandragem ao enfrentar inimigos), a repórter expôs, sem querer, o mecanismo de funcionamento e a técnica de montagem de mais uma das bombas semióticas – veja o post “Tem alemão no campus? Repórter sofre acidente com bomba semiótica na USP”.



Nesse momento, as manifestações de rua já haviam entrado em declínio, mas a grande mídia tinha que fazer seus repórteres irem a campo para encontrar sinais ou evidências de que “manifestações genéricas” (não importa se contra o poder municipal, estadual, federal, contra uma entidade privada ou autarquia) pipocando por todos os lados seriam índices de "um País que estava à beira do abismo".

Nesse acidente com a repórter, foram expostos, em um só golpe, os mecanismos semiológicos e retóricos de uma clássica bomba semiótica: professores corruptos da USP envolvidos em táticas de guerrilha ajudando bárbaros favelados infiltrados em uma instituição pública; e a mensagem “tem alemão no campus” como índice inequívoco do caos que se manifesta no cotidiano, até no local onde nossos filhos estudam...




UMA ARMA CONTRA AS BOMBAS SEMIÓTICAS?

Outro acidente com outro ansioso repórter que queria confirmar a pauta entregue pelos seus editores. Mas esse acidente acabou nos fazendo descobrir uma possível arma contra às bombas semióticas: o simulacro.

Um aluno do curso de Ciências Contábeis da USP simulou, diante de fotógrafos e jornalistas, ser um candidato atrasado na prova do ENEM. A foto dele dramaticamente tentando escalar as grades da UNINOVE, na Barra Funda, São Paulo, saiu em portais da Internet e primeira página do jornal “Folha de São Paulo” ao lado de uma sombria manchete: “Quase um terço dos candidatos não faz ENEM”. Aqui, a bomba semiótica pretendida era, por atração metonímica, registrar qualquer episódio, imagem ou declaração como uma comprovação de que o ENEM é uma catástrofe sempre à beira da fraude. Um serviço público ineficiente e essencialmente corrupto – dessa forma a bomba semiótica atenderia ao fator (b) do script orientador da programação das bombas semióticas – veja o post “Estudante implode bomba semiótica do Enem”.



Essa simulação do estudante da USP abriu uma nova perspectiva na guerrilha semiótica atual: combater a manipulação com a simulação. Como fizeram um grupo de manifestantes em Lisboa em outubro desse ano: para furar o bloqueio midiático, através de redes sociais fizeram uma simulação de uma manifestação supostamente a favor da política de austeridade imposto pela “Troika” (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia) a Portugal. Os jornalistas foram na onda e, depois, descobriram que se tratava de uma estratégia irônica de atrair a atenção dos portugueses para o verdadeiro manifesto: “Que se lixe a Troika!”.



BLACK BLOCS, MULHERES, BEAGLES

A grande mídia recebeu os ‘black blocs’ com um misto de acusação e fascínio. Da condenação de “baderneiros” (dentro do clichê narrativo de todo telejornal que começava: “a manifestação começou pacífica, mas baderneiros...”), aos elogios de Caetano Veloso no jornal “O Globo” sobre “os lindos olhos amendoados do anarquismo” referindo-se à foto de uma líder “black bloc” publicada em revistas semanais de notícias. Certamente, a grande mídia viu nos “black blocs” mais munição para as bombas semióticas: eles seriam promovidos índices vivos do estado pré-insurgência que dominaria o País – veja o post “A bomba semiótica da Black bloc goog-bad girl”.



Mas acrescenta-se o elemento feminino como uma estratégia retórica de não só trazer sex-appeal e simpatia (afinal, são jovens que parecem ser de classe média!) como também ressaltar o aspecto de fragilidade e vitimização diante da força bruta policial. Simplesmente, a grande mídia adora mulheres vitimadas pela repressão, como a militante brasileira do “Green Peace” presa na Rússia ou as roqueiras da banda “Pussy Riot” presas também na Rússia por ridicularizar publicamente Vladimir Putin.
No caso da bomba semiótica dos cães beagles resgatados de um laboratório em São Roque (SP), a tática retórica associou manifestantes femininas a lindos cães típicos de classe média, conferindo um aspecto misto de indignação e identificação com os protagonistas – veja o post “A bomba semiótica do resgate dos cães de laboratório”.

E mais índices de insegurança, dessa vez criminógenos, com depoimentos de pessoas que não queriam se identificar, dando depoimentos em contra-luz ou de costas com a voz alterada por filtros. Imagens de ativistas encapuzados para reforçar ainda mais uma atmosfera assustadora de crime organizado.

PERSPECTIVAS PARA 2014

Desde que a grande mídia se autonomeou como partido de oposição, logo percebeu que nenhum batalhão de Jabores e Mervais poderia convencer os receptores através do simples discurso ou pelo simples bombardeio de notícias negativas ao Governo Federal. A reeleição de Lula em 2006 no meio da avalanche do escândalo do mensalão, dólares na cueca e imagens de uma pilha de dinheiro descoberto pela Polícia Federal para suposta compra de dossiês do adversário pelo PT e, depois, a eleição de Dilma foi um duro golpe.


Um Arnaldo Jabor serve, no máximo, para arregimentar e manter alta a moral da tropa

Comprovou as teses de Paul Lazarsfeld sobre as predisposições e memórias seletivas da recepção. Ou seja, um Arnaldo Jabor ou um Merval servem, no máximo, para arregimentar e manter alta a moral da tropa – isto é, reforçar convicções já existentes nos líderes de opinião da esfera pública que os seguem. De nenhuma forma, conseguem convencer, converter ou fazer inculcação político-partidária.

Porém, a grande mídia continua ótima na sua função de criar um “clima de opinião”, no sentido dado pela teoria do agendamento como um efeito de acumulação, consonância e onipresença de uma pauta de temas, criando uma percepção de realidade para a opinião pública.

A grande mídia também percebeu que redes sociais e blogs podem, facilmente, desmontar argumentos e discursos de seus formadores de opinião de plantão nas colunas impressas e editoriais de telejornais. Porém, blogueiros e usuários das redes digitais ainda têm suas postagens pautadas pelo “clima de opinião” imposto pela grande mídia através das bombas semióticas. Em outras palavras, a grande mídia ainda possui a capacidade de criar um horizonte de eventos diante do qual são trabalhadas as expectativas, debates, choques e conflitos.

Tudo leva a crer que 2013 foi um campo de teste para o aprimoramento da tecnologia bélica semiótica. Hoje, os formadores de opinião como Merval, Sardenberg, Miriam Leitão, Jabor etc. tornaram-se meras cortinas de fumaça para atrair com seus discursos a ira ou os aplausos dos respectivos líderes de opinião na sociedade.

O jogo mais importante está sendo jogado no contínuo midiático, na detonação de bombas que criam ondas na percepção pública do “clima de opinião”. O script simples de três plots que é a base da programação das bombas semióticas não é para ser “argumentado”: isso é deixado para os formadores de opinião da grande mídia. O mais importante é a criação de impactos que moldem a percepção de que o cotidiano está cada vez mais tão inseguro e caótico que não saberemos o que nos espera no dia seguinte. E ainda mais em um esperado ambiente supracondutor de ondas de choque com a realização de megaeventos midiáticos no próximo ano como Copa do Mundo e eleições.

Isso se chama “comunicação espectral”. Preparem-se: para o ano que vem tem chumbo grosso!”

FONTE:
escrito por Wilson Roberto Vieira Ferreira em seu blog  (http://cinegnose.blogspot.com.br/2013/12/retrospectiva-e-perspectiva-das-bombas.html#more). O autor é Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, organizado pelo Prof. Dr. Ciro Marcondes Filho e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela "Editora Livrus".