quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

FX-2 e SUPER TUCANO: MAIS EVIDÊNCIAS DE QUE NÃO SE PODE CONFIAR NOS EUA


[OBS deste blog ‘democracia&política’:

Na escolha do caça que exercerá a 1ª linha da defesa aérea brasileira por várias décadas (os Mirage e os F-5 operaram na FAB mais de 40 anos), é preciso muita confiança nos compromissos assumidos pelo país provedor.

Os EUA têm vários antecedentes pelo mundo de não cumprirem seus contratos por súbitas e hipócritas falsas razões de segurança nacional. Por exemplo, não entregaram por mais de 10 anos os F-16 que o Paquistão comprou e já havia pagado. De repente, deixaram de fornecer os indispensáveis suprimentos para os F-16 que a Venezuela comprou, imobilizando no chão definitivamente toda a frota. E muitos outros exemplos. Além disso, são fortes e abusivas as limitações norte-americanas para passagem de tecnologia que permita, ao menos, a autonomia brasileira na operação e manutenção dos aviões norte-americanos que possam ser lá comprados.

O presidente Lula, olho no olho com Sarkozy, chegou a pensar que os franceses eram diferentes, mais confiáveis. Manifestou preferência pelo Rafale francês. Decepção. Sarkozy demonstrou ser igual aos norte-americanos, nada confiável. Pois incentivou Lula a alcançar o acordo com o Irã em 2010 e, imediatamente após o sucesso da diplomacia brasileira, ignorou o Acordo de Teerã e aliou-se aos EUA e Israel para novas e mais duras sanções ao Irã por conta de um “eventual desejo futuro do Irã em desenvolver armas atômicas”. Também foi moleque ao não cumprir outro compromisso assumido. Ele pedira a intervenção de Lula para a libertação de jornalista francesa presa no Irã. A contrapartida da França seria simplesmente Sarkozy telefonar agradecendo para Mahmoud Ahmadinejad.. Lula conseguiu a libertação, mas Sarkozy não cumpriu a sua parte. Isso contaminou ainda mais a confiança brasileira nos franceses.

Assim, para a competição FX-2 da FAB, a situação está ficando mais difícil. O Gripen é bom e não há antecedentes de falta de palavra dos suecos. Mas o avião, para as dimensões da missão a cumprir no Brasil, é o mais limitado, especialmente em raio-de-ação e capacidade de levar armamentos a grandes distâncias.

Os russos, apesar de seus ótimos aviões e até com custos unitários menores, haviam sido afastados da competição, provavelmente por não garantirem o acesso tecnológico à manutenção, operação e ‘up grade’ das aeronaves e à incerteza política da manutenção do apoio logístico por muitas décadas.

Desenvolver um caça nacional, com a Embraer, é dispendiosíssimo, com sucesso não garantido, e já é impraticável por consumir uns 15 a 20 anos até a entrada em operação. Está difícil.

Essas reflexões me retornaram ao ler ontem notícias sobre a esfarrapada justificativa dos norte-americanos de, surpreendentemente, cancelarem a compra dos Super Tucanos, por “faltar documentação” (que não havia sido imaginada, nem solicitada à Embraer).



Vejamos a postagem do blog “Tijolaço”]:

PROTECIONISMO É RUIM SÓ QUANDO É NOSSO

Super Tucanos
Por Brizola Neto

“A decisão dos EUA de cancelar a compra dos aviões Super Tucano (20 unidades, com possibilidade de chegar a 55 aeronaves) para treinamento de sua Força Aérea não tem nenhuma razão formal ou burocrática.

É o bom e velho protecionismo em ação.

A Embraer cumpriu todas as regras: associou-se a uma empresa americana, ia produzir lá 80% da aeronave – aqui, nossas exigências de conteúdo nacional raramente superam os 65% - e não havia questões de tecnologia a transferir.

Ao contrário, aliás, o fato de o avião da Embraer contar com sistema inercial de voo, computador de bordo, motor, hélice, e outros sistemas de origem norte-americana foi a razão para aquele país impedir-nos de vendê-lo à Venezuela.

Mas, na hora de ceder à pressão do lobby da Beechcraft e da Lockheed, aí os aviões não são “suficientemente americanos”...

E é claro que isso tem a ver com a questão da compra dos caças do programa FX-2, no qual os americanos querem nos vender os F-22 da Boeing.

E os bobocas aqui dizendo que o que vale é a “análise técnica” dos aviões. A oficial-aviadora Eliane Cantanhêde, da esquadrilha da “Folha”, então, é brevetada nisso.

A possibilidade de um avião desses ser prejudicado em combate por um fiapo tecnológico é tão perto de zero que não é possível nem imaginá-la.

Mas o poder gerado pela transferência de tecnologia e pela capacidade nacional de realizar, em ponto maior, projetos bem sucedidos como o do Super Tucano é evidente.

E tecnologia, no poder bélico hoje, como em todos os tempos, é a verdadeira arma. Abrir mão dela é desarmar-se.

O que não seria mau, se todos o fizessem. Mas não fazem.”

FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço”  (http://www.tijolaco.com/protecionismo-e-ruim-so-quando-e-nosso/). [Imagem, trecho inicial entre colchetes e vídeo (YouTube) adicionados por este blog 'democracia&política'].

EMBRAER NO RANKING DAS MAIORES DO MUNDO EM DEFESA

Aviões militares da FAB de produção ou modernização (o F-5M) da Embraer

PELA PRIMEIRA VEZ, GRUPO BRASILEIRO ENTRA NA LISTA DOS 100 MAIORES DO SETOR NO MUNDO

Por Jamil Chade, de “O Estado de S. Paulo”

“GENEBRA - A Embraer entrou, pela primeira vez, na lista das cem maiores empresas militares e de armamentos do mundo. Dados publicados esta semana pela entidade sueca “Stockholm International Peace Research Institute” (SIPRI) apontam a empresa brasileira no 94º posto, em classificação dominada por companhias americanas e europeias.

Apesar da crise mundial, o comércio de armamentos continua em expansão, ainda que de forma bem mais modesta que nos anos anteriores. “As ambições de países emergentes mantiveram o mercado aquecido, apesar de cortes de orçamentos militares nos países ricos”.

[OBS deste blog ‘democracia&política’: Essa frase, que põe a culpa do crescimento dos gastos em guerras e material de defesa nas “ambições dos emergentes”, é camuflagem norte-americana muito utilizada para esconder o fato que os gastos militares dos Estados Unidos, com cortes ou sem cortes, são gigantescamente maiores que os de todos os demais países, maiores até que o conjunto de aquisições do mundo inteiro somadas, exceto EUA. O ‘Estadão’ faz, nesta sua reportagem, o seu papel tradicional. Sempre contribui prioritariamente para satisfazer interesses norte-americanos]

A liderança mundial continua com a americana Lockheed Martin, com US$ 35,7 bilhões em vendas de armamento apenas no ano de 2010. No total, a companhia emprega 132 mil funcionários.

No caso da Embraer, a empresa entra pela primeira vez na seleta lista, depois de salto importante nos últimos anos nas vendas de aeronaves para fins militares. A lista, porém, não inclui empresas chinesas, por conta da falta de informações confiáveis sobre as vendas das empresas militares de Pequim. Entre 2009 e 2010, as vendas da empresa brasileira no setor aumentaram de US$ 470 milhões para US$ 670 milhões. Hoje, 12% de todas as vendas da Embraer vêm do setor militar.

Desde 2005, as vendas da empresa brasileira praticamente dobraram, em taxa de expansão superior ao da média mundial [Contudo, os US$ 670 milhões vendidos pela EMBRAER ainda somente representam 0,1% das vendas mundiais em 2010 (US$ 640 bilhões)]. Segundo o SIPRI, as vendas militares no mundo tiveram incremento de 60% entre 2002 e 2010, mas de apenas 1% entre 2009 e 2010. No total, o setor foi responsável por vendas de US$ 640 bilhões em 2010. Em 2002, o movimento chegou a US$ 280 bilhões.

Outra constatação é que há número cada vez maior de empresas de países emergentes na lista até hoje dominada pelos países ricos. Das cem empresas, três são indianas, uma de Cingapura, duas da Coreia do Sul, além de empresas do Kuwait e da Turquia. Na Ásia e Oriente Médio, empresas locais já representam US$ 24 bilhões em vendas [mas somente 3,7% do total mundial].

Ainda assim, o controle do setor militar está mesmo nas mãos de países europeus e dos Estados Unidos, com concentração alta do poder bélico nas mãos de poucas indústrias. Dos Estados Unidos, há nada menos que 44 empresas entre as cem maiores, representando 60% das vendas. Também fazem parte da lista 29 grupos europeus.

A grande máquina de guerra dos EUA custa 1,5 trilhão de dólares ao ano (equivalente ao PIB brasileiro)
 As dez maiores produtoras de armas do mundo representaram 56% das vendas internacionais em 2010, ou cerca de US$ 230 bilhões. Juntas, as empresas europeias e americanas controlam 91% das vendas mundiais. "Os dados demonstram mais uma vez a habilidade do setor de continuar vendendo armas, apesar da crise internacional", declarou Susan Jackson, especialista da entidade.”

FONTE: reportagem de Jamil Chade, de “O Estado de S. Paulo”  (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=28/02/2012&page=mostra_notimpol) [Imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

DESENVOLVIMENTO E CIÊNCIA, por Delfim Netto


Da “CartaCapital”

“Dilma rousseff tem viagem marcada para o início do mês de abril aos Estados Unidos, onde vai se encontrar com Barack Obama. Vai cumprir uma agenda, cujos destaques serão os temas relacionados com a educação, em particular iniciativas para turbinar o “Programa Ciência sem Fronteiras”, que prevê o intercâmbio de professores americanos e alunos brasileiros nas universidades e centros de pesquisas dos dois países.

É intenção do governo – segundo informou o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, em entrevista a “CartaCapital” na quarta 15 de fevereiro – aumentar neste ano para 18 mil o número de bolsas em cursos de pós-graduação no exterior e não somente nos EUA. Faz parte do objetivo estratégico de ampliar os incentivos à inovação, anunciado pela presidenta Dilma no fim de 2011, o financiamento oficial a 100 mil bolsistas brasileiros nos próximos três a quatro anos, em todas as áreas que ofereçam oportunidade de acelerar o desenvolvimento tecnológico.

Os Estados Unidos são ainda a fonte mais avançada do conhecimento técnico-científico e, prosperando os acordos que se pretende firmar durante a visita, a economia brasileira poderá se beneficiar muito desse entrosamento, especialmente o seu setor industrial que depende fundamentalmente da inovação para garantir a futura capacidade de competição nos mercados mundiais. Não custa lembrar que o grande competidor universal mantém 200 mil chineses estudando em universidades e cursos científicos no exterior, aproximadamente 80% nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.

Reportagem especial da [revista semanal inglesa] “The Economist”, sob o título geral de “Capitalismo de Estado” (na verdade um primoroso ensaio de 14 páginas), inserida na edição de 15 de fevereiro de “CartaCapital”, traz informações e comentários muito interessantes sobre a evolução da economia mundial, com foco no que apontam como a batalha definitiva do século XXI: “Não será entre capitalismo e socialismo, mas entre versões diferentes do capitalismo…”

O Brasil é citado, “embora ‘en passant’”, como um dos ‘players’ importantes desse “grande jogo” que vai decidir o futuro da economia mundial. Somos apresentados como “um exemplo de boas práticas para os capitalistas de Estado se espelharem” e pelo fato de “ter sido pioneiro no uso do Estado como um acionista minoritário”. Certamente, uma referência ao papel do BNDES, à presença dominante da Petrobras na área de energia e à participação dos fundos de pensão das empresas estatais nos investimentos privados e do próprio Estado.

A estrela da reportagem, como não podia deixar de ser, é a China: sua subida meteórica ao primeiro escalão do poder mundial, suas demonstrações de eficiência na concepção de “novos” modelos e na gestão do processo de desenvolvimento e, fundamentalmente, suas ambições de, singelamente, ter o mundo em suas mãos.

Como realizá-las, superando “brutal competição por recursos limitados”? (Leia-se energia… energia, petróleo!). O texto relaciona ações do Estado chinês nas duas últimas décadas à procura de matérias-primas em todo o mundo (algumas, heterodoxas, bem conhecidas). Muito elucidativa é a avaliação de uma alta fonte diplomática, citada na revista: “Os países ocidentais se sentem seguros ao comprar petróleo internacionalmente porque criaram o sistema. A China, não. Ela está convencida de que precisa usar todos os elementos do poder nacional – suas empresas e bancos, suas agências de fomento e diplomatas – para assegurar sua cota justa”.

Fica no ar a pergunta: e se o poder financeiro e “as ações diplomáticas” não forem suficientes para garantir a “cota justa”?

São questões que certamente estarão presentes nos encontros que a presidenta Dilma terá com seu colega Obama e demais personalidades do governo e do empresariado americano. Além do tema principal do intercâmbio universitário (no programa consta visita ao MIT), a mídia internacional [e a brasileira] já incluiu na pauta o interesse americano de discutir parcerias na área energética, com destaque para as oportunidades de exploração [pelos EUA] do petróleo e gás das jazidas do pré-sal [!!!] e para novos investimentos no desenvolvimento da indústria petroquímica.

Durante a visita, uma delegação de cerca de cem empresários organizada pela “Confederação Nacional da Indústria” (CNI) estará se encontrando com seus colegas americanos para discutir parcerias e transferência de tecnologia – segundo informou à imprensa o presidente da CNI, Robson Andrade.”

FONTE: publicado na revista “Carta Capital” e transcrito no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/desenvolvimento-e-ciencia-por-delfim-netto#more) [Imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

SOBRE TUCANOS E MEDO


“O alvoroço causado pelo impacto do livro “A Privataria Tucana” foi acompanhado de perto pela grande imprensa, que pouco se manifestou a respeito

Por Amauri Teixeira

“Os tucanos optaram pelo mesmo caminho. Mas estava difícil se manter em silêncio por muito tempo: a obra já está no topo do ranking dos mais vendidos do país, ultrapassando best sellers como a biografia de Steve Jobs e o último livro de Jô Soares. Diante desse quadro, a alta cúpula do tucanato resolveu responder. Não com argumentos sólidos contra as denúncias, mas desqualificando-as utilizando termos como “lixo” e “coleção de calúnias” para definir o trabalho. Mas afinal, o que os tucanos temem?

Terão receio de vir por terra uma suposta “aura de moral” que reveste o partido? Ou será do esfacelamento total de uma direita que há anos está em decadência?

Os sucessivos resultados positivos da economia brasileira vêm sendo abafados com supostas denúncias e escândalos. A direita não debate mais ideias para desenvolver a nação, apenas ataca. É uma pena, já que faz bem a todo grande país uma oposição forte e responsável. O medo levou a oposição a uma verdadeira guerra na imprensa tentando desmoralizar o atual governo.

Aliás, medo é uma palavra que a direita conhece muito bem. Foi inclusive colocada no script de Regina Duarte durante as eleições de 2002. Em um dos piores papéis da sua carreira, a atriz dizia, durante propaganda eleitoral, temer que o país “perdesse toda a estabilidade conquistada”. Ironicamente, a economia brasileira é hoje uma das mais estáveis do mundo, ao contrário da época em que devíamos [centenas de] bilhões em dívida externa.

A resposta do povo não veio apenas das urnas, mas da própria opinião pública. Basta ver os altos índices de aprovação do governo federal por parte da população. Não bastasse isso, a forte reverberação do trabalho do meu xará Amaury Ribeiro nas redes sociais tem causado pânico na direita brasileira.

Com mais de 120 mil cópias vendidas, o livro de Amaury investiga as privatizações ocorridas durante o governo Fernando Henrique Cardoso[/PSDB/DEM]. O autor apresenta documentos que ligam casos de lavagem de dinheiro e propina à Verônica Serra e Alexandre Bourgeois, respectivamente filha e genro do ex-governador de São Paulo, José Serra. A obra é uma das maiores reportagens investigativas do país, contendo 140 páginas com documentos sobre o caso.

tucanos e medo

Uma frase emblemática após o lançamento do livro foi dada pelo presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-PE). “Isso (o livro) foi para diminuir o tamanho da imprensa na formação da opinião pública”, disse à Rádio Folha, de Pernambuco. Uma afirmação boçal e preconceituosa. Ora, por acaso os veículos que divulgaram o livro não são também formadores de opinião, assim como os internautas que difundiram o tema pelas redes sociais e blogs?

O que Sérgio Guerra não deve ter entendido ainda é que o mundo está em processo de transformação. Internautas passaram a ter um papel fundamental na discussão dos grandes temas do país. Os meios de comunicação podem até pautá-los, mas não definir seus posicionamentos.

A repercussão ligou o sinal de alerta no ninho. Na tentativa desesperada de abafar o livro, as parcas resenhas sobre o trabalho parecem terem sido escritas por assessores de José Serra. Em uma delas, publicada em um dos maiores jornais do país, 12 parágrafos falam exclusivamente do Partido dos Trabalhadores e apenas nove citam a obra, sem fazer a devida análise e tratando o trabalho como “panfleto”.

À época do lançamento, fui um dos que ajudou o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) a recolher assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso. Não numa tentativa de desmoralizar a oposição, mas para analisar denúncias graves contra o patrimônio público. A importância dessa investigação é tanta que até mesmo deputados tucanos assinaram o requerimento.

A abertura de investigação do caso não implica incriminar ninguém. A própria oposição sabe a importância de serem apurados supostos escândalos. Tanto que já apresentou diversos requerimentos no Congresso Nacional pedindo CPIs com base em notícias de jornais e revistas. Investigar também é papel dos parlamentares e faz parte do processo democrático.

A omissão da direita instigou ainda mais a sociedade a cobrar respostas dos envolvidos. Mais do que uma questão de justiça, é obrigação das autoridades esclarecerem supostos atos ilícitos contra o país. Que o medo do esclarecimento não dure muito, pois o povo não admite mais ser ignorado. Quem se omite, permite.”

FONTE: escrito por Amauri Teixeira, deputado federal (PT-BA). Publicado no portal do PT  (http://www.pt.org.br/noticias/view/artigo_sobre_tucanos_e_medo_por_amauri_teixeira) [Imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

A DIREITA NA FRANÇA É SARKOZY E EM SÃO PAULO É SERRA

O direitista Sarkozy e o socialista François Hollande

Por Saul Leblon

A DIREITA COM SARKOZY

“Jornais europeus informam que Sarkozy resgatou sua identidade política profunda para disputar a reeleição de abril na França contra o socialista François Hollande. O favoritismo inicial de Hollande estaria sendo corroído rapidamente pela radicalização à direita do mandatário francês, cuja ofensiva tem como lema um slogan derivado da república colaboracionista de Vichy: 'França Forte'.

O conservadorismo francês recorre mais uma vez à novilíngua associada a um capítulo vergonhoso da história, no qual parte da elite enxotou os ideais da revolução francesa, entregando-se, sôfrega, a uma acomodação de cama e mesa com o III Reich. Na versão atual, a ‘pièce de resistance’ é o tripé 'Pátria, família, trabalho', desdobrado em comícios nos quais o situacionismo excreta frases literais das obras de Le Pen, o Plínio Salgado gaulês. Gargantas conservadoras expelem a lava de um nacionalismo xenófobo, atravessado de higienismo contra imigrantes pobres, que manipula as entranhas da insegurança social gerada pela crise.

Sarkozy arranchou sua campanha na certeza de que a crise global do neoliberalismo semeia medo, dissolução e nacionalismo no coração de sociedades desprovidas de alternativa convincente à esquerda. O medo pede ordem; evoca a defesa da pátria. E Sarkozy está disposto a oferecer-lhe valores cevados na alfafa da ignorância e do preconceito; material fartamente cultivado nos piquetes midiáticos de semi-informação e meia-verdade.

A DIREITA COM SERRA

Haddad e Serra, direitista neoliberal pró-EUA/Israel e Chevron 

A receita de embrutecimento político que já deu certo em Portugal e na Espanha pode ser repetida na disputa de vida ou morte travada pela direita brasileira na eleição municipal de São Paulo? Reconheça-se: embora o quadro econômico seja positivo no Brasil, os protagonistas do conservadorismo nativo estão à altura do enredo. Serra, Kassab, Alckmin, Andrea Matarazzo (a quem se atribui a patente de um equipamento urbano chamado 'rampa antimendigo'...) nunca vacilaram em demonstrar qual é a sua concepção de "ordem e progresso".

Pouca dúvida pode haver sobre a natureza da gestão de obras e conflitos urbanos nas mãos desse plantel. Não há preconceito no diagnóstico. A farta materialidade histórica que o justifica pode ser condensada em dois eventos recentes --a operação 'Sofrimento e Dor', na Cracolância, e o despejo em ‘Pinheirinho'. Sua lógica comum ajuda a dissipar a neblina da aparente indiferença partidária diante do antagonismo social brasileiro. A dificuldade, portanto, não reside exatamente em localizar o vertedouro central da direita nativa, seus propósitos e tributários na disputa municipal de São Paulo.

A grande e compreensível dificuldade porque não há projeto pronto a defender ou a copiar --ao contrário do que ocorre com a direita-- consiste em se avançar na construção de programa progressista para uma grande metrópole do século XXI. A tarefa, de natureza não exclamativa, cobra valores, mas não se esgota na recitação de bons princípios históricos. As forças democráticas, as de centro-esquerda e as de esquerda estão, portanto, desafiadas, em conjunto, a construir uma resposta crível às urgências e desmandos que asfixiam a população da 6ª maior mancha urbana do planeta.”

FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=902) [Imagens do google e título adicionados por este blog ‘democracia&política’].

O ENSINO SUPERIOR NO PAÍS ESTÁ CRESCENDO


Por Jorge Guimarães

“É preciso um olhar enviesado para defender o oposto; em SP, há, com a criação da UFABC e as expansões da UNIFESP e da UFSCAR, bem mais vagas federais

À primeira vista, o artigo publicado na “Folha” de 23 de fevereiro assinado pelo diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique Brito Cruz ("A parada no crescimento do ensino superior"), pode até assustar. Não é preciso.

Suas inferências e conclusões, na verdade, decorrem de um olhar enviesado dos dados do último censo da educação superior.

Trata-se de estranha análise vinda de físico renomado, que ainda serviu de base para o editorial publicado em 24 de fevereiro ("Universidade reprovada").

Em primeiro lugar, inexplicavelmente, o físico se esqueceu da educação à distância. No Brasil, por decisão autônoma, universidades federais e estaduais formam uma rede denominada “Universidade Aberta do Brasil”, que oferece cursos de graduação e pós-graduação à distância.

Outro dado que escapou ao professor Brito é o total de formados no país. Em 2010, o Brasil superou a marca de 973 mil formados (quase três vezes mais do que em 2000), sendo 829 mil em cursos presenciais.

Estranhamente, também, o professor Brito e a “Folha” utilizam a categoria administrativa "públicas" para dizer que Lula "não se sai bem" na educação superior e afirmar que houve diminuição no número de concluintes. Na verdade, nas universidades federais eram 72 mil em 2002. Foram 99 mil em 2010.

Uma observação pertinente: um ingressante na educação superior pode levar quatro, cinco ou até seis anos, dependendo do curso, para ser um concluinte. Para se ter uma ideia, em 2004 a rede federal atendia 592 mil estudantes (49% do total de todas as públicas). Em 2010, atendia a 938 mil (57% do total das públicas).

Não se pode ignorar, ainda, o aumento no número de ingressantes. Em 2004, 293 mil novos alunos ingressaram na rede pública de educação superior, sendo 127 mil na rede federal. Em 2010, eram 302 mil ingressantes na rede federal. Um acréscimo de 120% no período -a rede estadual cresceu somente 7%, e a rede municipal encolheu 28%.

Mas o mais estranho em toda a análise é o professor Brito reclamar que os jovens de São Paulo não têm acesso às vagas públicas.

No Estado, observamos significativo aumento nas vagas federais, com a expansão da UNIFESP e da UFSCar e a criação da UFABC.

Ademais, o país faz esforço enorme para tornar nacional a seleção às universidades federais. O jovem paulista, antes adstrito a algo em torno de 10 mil vagas nas públicas, agora possui acesso a mais de 140 mil vagas por ano, por causa do SISU e da expansão das federais.

Também na pós-graduação, a análise do professor Brito está propositalmente enviesada. Ela observa a taxa de crescimento anual, sabidamente um fator influenciado pelo tamanho dos números absolutos.

Vejamos: entre 1998 e 2002, foram titulados 26.998 doutores, média de 5.400 titulados ao ano. No período entre 2006 e 2010, foram titulados 52.674 doutores, média de 10.535 ao ano. É praticamente o dobro do quinquênio anterior.

Quem analisa a expansão do ensino superior no Brasil deve levar em consideração o número de ingressantes, o estoque total de matrículas e o tempo médio de conclusão dos cursos. Com todos os dados apresentados, é impossível negar que a expansão do ensino superior federal brasileiro está no rumo certo.”

FONTE: escrito por Jorge Guimarães, 73, presidente da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Foi docente em oito universidades brasileiras, entre elas a UNIFESP, a UFRJ e a UNICAMP. Artigo publicado na Folha de São Paulo  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/28187-o-ensino-superior-no-pais-esta-crescendo.shtml) [Imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

APÓS O CONSUMO INTERNO, A POUPANÇA INTERNA


Por Fernando Brito

O BRASIL REDESCOBRIU O ÓBVIO

“A frase que o economista estoniano Ragnar Nurkse cunhou e que Barbosa Lima Sobrinho tornou célebre por aqui em seu livro sobre o desenvolvimento do Japão: “O capital se faz em casa”.

Capital é acumulação que se transforma em reprodução.

E a história recente da economia brasileira é a antítese da acumulação.

A riqueza produzida sempre foi drenada – e ainda o é – em larga escala pelos mecanismos financeiros, que consomem vorazmente os frutos da natureza e do trabalho.

E a resposta a isso, igualmente, foi a mesma durante anos a fio: sacrifícios e paralisia econômica, para que sobrem mais recursos para os drenos finaneiros.

Na segunda metade do período Lula, mudou a resposta: em lugar de arrocho, mais renda, mais consumo, mais crédito, mais produção, mais emprego.

Mas a pergunta ainda é a mesma: quem e como se vai acumular capital no país das perdas internacionais, dos vasos comunicantes com o mundo exterior, da vulnerabilidade ao sobe e desce – e com ciclos cada vez mais rápidos de crise, um mundo financeirizado?

Uma das respostas é sabida, da boca para fora, por todos: o conhecimento – o know-how dos anos 60 – que os países que se desenvolveram na segunda metade do século 20 “contrabandearam” não apenas com o envio de dezenas de milhares de jovens (e nem tão jovens) às sedes do saber tecnológico e industrial. Índia e China há muito tempo lançaram mão deste recurso. A primeira para a antiga metrópole inglesa e, daí, com a facilidade da língua, para o EUA. Já a China, como assinala Delfim Netto esta semana na revista “Carta Capital”, “mantém 200 mil chineses estudando em universidades e cursos científicos no exterior, aproximadamente 80% nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra”.

Aí está o primeiro ponto de acumulação do capital: o cérebro de seus cidadãos, transformado pelo apoio estatal em ferramenta de produção, administração e de inovação em ciência e tecnologia.

O segundo é a capacidade de financiar um projeto de desenvolvimento industrial, para o que temos sido, ao longo do tempo, escravos ou do capital internacional e do capital financeiro nacional, através do sistema bancário.

O Estado brasileiro, para ter recursos, precisa se financiar no mercado de títulos – caríssimo – e reemprestá-los, a valores mal-e-mal remunerados por taxas de juros mais baixas, ao setor industrial, porque a nossa poupança interna, pela escassez de excedentes de renda e pela volatilidade marcante de nosso mercado financeiro, sempre esteve muito abaixo no necessário para financiar um processo consistente de desenvolvimento.

Um fenômeno, aliás, agravado desde a Constituição de 1988, quando os impostos únicos que vigiam em setores estratégicos - combustíveis e energia elétrica, sobretudo - passaram a partilhar mais intensamente com estados e municípios os recursos que só a União recolocaria como investimentos.

Algo que se repete, como todos veem, nesta questão dos royalties, onde todos, produtores ou não, apontam no “depenamento” da União como forma de superação dos impasses em torno de sua sede de recursos imediatos.

Agora, a ascensão social de uma enorme parcela da população para a classe média e a satisfação crescente das necessidades de consumo que isso traz – eletroeletrônicos, automóveis, turismo – já produz um interessante fenômeno: a disposição da população em poupar.

Os sinais têm sido vários.

A “Sondagem de Expectativas do Consumidor” da Fundação Getúlio Vargas apontou que quase um quarto dos brasileiros (23,4%) está economizando. Hoje, a Folha revela que, numa pesquisa dobre intenções econômicas, 58% afirmaram que desejariam poupar.

O mais significativo, porém, pode ser o volume de vendas dos títulos públicos pelo Tesouro Direto, que permite o investimento direto em títulos públicos, praticamente sem que os bancos sejam utilizados, senão os operadores da compra. Elas quase dobraram em janeiro deste ano (R$ 616 milhões), se comparadas ao do mesmo mês em 2011 quando foram de R$ 360 milhões, e quase o triplo dos R$ 212 milhões de 2010.

E, agora, com uma parcela ínfima (7,3 %) indexados à Taxa Selic, os juros de “mercado”.

O gráfico acima deste post mostra a evolução gigantesca da “poupança”, que pode representar o que a “caderneta”, certa época, significou para a construção civil.

O caminho para a criação de fundos de investimento destinados a financiar projetos estatais em áreas de retorno a longo prazo – refino de petróleo, geração elétrica, infraestrutura em geral – com benefícios fiscais, garantia pública e limites de aplicação – para que não se tornem manás para especuladores, claro – está se abrindo e é preciso trilhá-lo, inclusive com a sua capitalização inicial realizada por mecanismos fiscais – usando adicionais de impostos, como o IOF extra-aplicado aos especuladores do câmbio, ou aportes provisórios de caixa do próprio Tesouro.

O Japão, ao se “globalizar” à força dos canhões da flotilha do comodoro Mathew Perry, não teve uma elite como a nossa, que saiu a imitar o dominador neocolonial. Ao contrário, absorveu o que ele trazia de tecnologia e avanço, não de ideologia. E sob o comando do Estado, muito antes que a União Soviética proclamasse o conceito de planejamento estatal.

Se o Brasil precisa de capital – e precisa – não é possível querer que, também nele, nosso caminho não seja o da democratização, do limite aos privilégios e o de transformá-lo, como fruto do trabalho e da natureza do país, em instrumento da grande maioria dos brasileiros.”

FONTE: escrito por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional”  (http://blogprojetonacional.com.br/apos-o-consumo-interno-a-poupanca-interna/) [Imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A 3ª GUERRA MUNDIAL COMEÇARÁ EM JULHO OU AGOSTO 2012 ?

Estreito de Ormuz

É o que procura demonstrar o site em espanhol “mundodesconocido.com” no vídeo abaixo, intitulado “La III Guerra mundial comenzará en Julio o Agosto de 2012”. Transcrevo a exposição feita pelo referido site:

En el siguiente videoprograma, hacemos un análisis sobre la situación en Oriente próximo, El embargo con Irán ya es definitivo y a todos los niveles, la Unión Europea irresponsablemente ha dado el paso necesario para ello.


Irán ha anunciado que si el embargo es efectivo, cortará todo el suministro de petróleo del Golfo Pérsico cerrando el paso en el estrecho de Ormuz, todo ello sumado al enorme contingente militar de buques de guerra Franceses, Ingleses y Norteamericanos situados en la zona, hacen del lugar un polvorín a punto de estallar.


Os animamos a visionar este breve análisis que os sacará de dudas”:



FONTE: You Tube  (http://www.youtube.com/watch?v=oQ1pavSr7ak&feature=player_embedded).

CINICAMENTE, EUA E ISRAEL PUBLICAM COMO ATACARÃO O IRÃ


ATAQUE AO IRÃ "DESAFIARIA" AVIAÇÃO DE ISRAEL

Por Elisabeth Bumiller, no “The New York Times

“WASHINGTON - Caso Israel decida lançar um ataque contra o Irã, seus pilotos teriam de atravessar mais de 1.600 km de espaço aéreo hostil, reabastecer em pleno voo, enfrentar as defesas antiaéreas do Irã, atacar múltiplos locais subterrâneos simultaneamente - e usar pelo menos cem aviões.

Reabastecedor KC-707 e três F-15

Essa é a avaliação de autoridades americanas de defesa e analistas militares próximos ao Pentágono, segundo os quais um ataque israelense contra o programa nuclear iraniano seria uma operação enorme e altamente complexa. Eles descrevem-na como algo bem diferente dos ataques "cirúrgicos" de Israel a reatores nucleares da Síria, em 2007, e do Iraque, em 1981.

"A todos os gurus que dizem 'Ah, sim, bombardeiem o Irã': não vai ser tão fácil", disse o brigadeiro David Deptula, ex-chefe de inteligência da Força Aérea dos EUA, que planejou as campanhas aéreas de 2001 no Afeganistão e, de 1991, na Guerra do Golfo.

As especulações sobre um ataque israelense ao Irã se intensificaram nos últimos meses, acompanhando a escalada nas tensões entre os países. Num sinal da crescente preocupação americana, o assessor de Segurança Nacional Tom Donilon reuniu-se no dia 19 com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém, e o chefe do Estado-Maior dos EUA, general Martin Dempsey, alertou pela CNN que um ataque israelense ao Irã no atual momento seria "desestabilizador". [Mas, esse alerta pouco vale, pois quem manda ($$$) no Congresso e no Governo dos EUA é o lobby judeu]

Mas um porta-voz israelense em Washington, Lior Weintraub, reiterou que Israel, embora continue defendendo sanções mais firmes ao Irã, "está mantendo todas as opções sobre a mesa", assim como os EUA.

Os possíveis contornos de um ataque israelense motivam debates em Washington, onde alguns analistas questionam até mesmo se Israel teria capacidade militar para executá-lo. Um temor [certeza] é que os EUA sejam sugados para terminar o trabalho - tarefa que, mesmo com a superioridade militar americana, poderia levar várias semanas, segundo analistas de defesa. Outro temor é uma retaliação iraniana.

"Eu não acho que você irá encontrar alguém que diga: 'Aqui está como vai ser feito -um punhado de aviões, ao longo de uma noite, chegando e saindo'", disse Andrew Hoehn, ex-funcionário do Pentágono e hoje diretor do Projeto Força Aérea da Rand Corporation, que faz pesquisas para a Aeronáutica americana.

Michael Hayden, diretor da CIA entre 2006 e 2009, afirmou categoricamente em janeiro que ataques aéreos capazes de prejudicarem seriamente o programa nuclear iraniano [hoje somente para fins pacíficos] estão "além da capacidade" de Israel, em parte por causa da distância que os aviões precisariam percorrer, e da dimensão da tarefa.

Uma vez que Israel desejaria atacar as quatro principais instalações nucleares do Irã, analistas militares dizem que o primeiro problema seria chegar lá. Há três rotas possíveis: pelo norte, sobre a Turquia; pelo sul, sobre a Arábia Saudita; ou por uma rota central, cruzando a Jordânia e o Iraque.

O trajeto sobre o Iraque seria o mais direto e provável, segundo analistas, porque o Iraque, na prática, não tem defesas antiaéreas, e os EUA, após sua retirada em dezembro, não têm mais a obrigação de defender os céus iraquianos.

Supondo que a Jordânia tolere o sobrevoo israelense, o próximo problema seria a distância. Israel tem caças-bombardeiros F-15I e F-16I, de fabricação americana, cujo alcance é inferior à viagem de ida e volta, com 3.200 km.

F-16 e F-15

Israel precisaria usar aviões de reabastecimento em voo, mas o país supostamente não os possui em número suficiente.

Scott Johnson, analista de defesa da consultoria IHS Jane's e líder de um grupo que prepara um seminário on-line sobre as possibilidades de ataque israelense ao Irã, disse que Israel tem oito aviões-tanque KC-707, mas que não está claro se todos estão em operação.

O Irã poderia reagir com mísseis capazes de atingir Israel, "abrindo" [quem abriu?] uma nova guerra no Oriente Médio, embora algumas autoridades israelenses argumentem que as consequências serão piores se o Irã obtiver uma arma nuclear [assim como Israel fez centenas delas incólume e clandestinamente].

A óbvia resposta do Irã

Outro grande obstáculo é o arsenal israelense de bombas capazes de penetrar na instalação de Natanz, que está enterrada sob nove metros de concreto reforçado, e na usina de Fordo.

Supondo que não use uma [de suas] armas nucleares, Israel tem à sua disposição bombas americanas GBU-28, de 2.200 kg, capazes de destruir esse tipo de bunker, embora não esteja claro até que profundidade elas possam ir.

Caso [há dúvida?] os EUA se envolvam -ou decidam atacar por conta própria -, analistas militares dizem que o Pentágono teria capacidade para realizar grandes ataques.

F-15 lança GBU-28

"Só há uma superpotência no mundo que pode fazer isso", disse Deptula [o brigadeiro David Deptula, ex-chefe de inteligência da Força Aérea dos EUA]. "Israel é ótimo em um ataque seletivo aqui e acolá." ["Ótimo" é questão de gosto dele. Certamente não é ótimo para os desarmados palestinos em seus territórios rotineiramente bombardeados e invadidos por Israel].

FONTE: reportagem de Elisabeth Bumiller, em colaboração com Scott Shane, publicada no “The New York Times”. Transcrita na “Folha de São Paulo”  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/27950-ataque-ao-ira-desafiaria-aviacao-de-israel.shtml) [Título, imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

Afeganistão: AINDA NÃO É O HELICÓPTERO NO TELHADO DA EMBAIXADA

A desesperada fuga norte-americana do Vietnam

Por Heloisa Villela, de Washington

Ainda não é o helicóptero norte-americano deixando, às pressas, o telhado da embaixada em Cabul, como naquela fuga histórica do Vietnã. Mas os sinais apontam nessa direção.

Mais uma invasão desastrosa que as manifestações nas ruas do Afeganistão, agora, e a morte de dois oficiais norte-americanos, dentro de uma área segura de Cabul (o Ministério do Interior), evidenciam: a guerra não tem futuro e a ocupação não tem resultado positivo possível.

Um homem ainda não identificado disparou e matou os dois militares norte-americanos que fazem parte de um exército de “conselheiros”. Militares ocidentais que “ensinam” aos afegãos as táticas e estratégias necessárias para assumir o controle da segurança no país. Parece que os alunos estão, primeiro, tentando expulsar o invasor.

Imediatamente, o comando da OTAN retirou dos ministérios e representações governamentais todos os seus “conselheiros”. Os únicos afegãos que têm acesso à sala onde os norte-americanos foram mortos são tradutores.

Agora, quem é o estrangeiro que está seguro no país? Centenas dos tais “conselheiros” foram chamadas de volta às bases militares até a situação se acalmar. No “New York Times”, todo cuidado para não transformar a tensão em disputa entre afegãos e norte-americanos. É engraçado… As matérias se referem sempre às tropas da OTAN enquanto, nas ruas, os gritos são de “Morte aos norte-americanos”. Alguém duvida que Washington comanda essa missão?

É a mania por aqui: mudar a maneira de falar de algo para ver se a realidade se acomoda ao novo vocabulário.

Em maio, o presidente Barack Obama anuncia, em Chicago, durante reunião da OTAN, a estratégia de retirada do Afeganistão. A guerra, que ele transformou no grande conflito militar do governo Obama, terá, finalmente, um calendário rumo ao fim. E agora, dizem os especialistas dos jornais norte-americanos, quanto mais rápido as tropas deixarem o Afeganistão, melhor.

Porém, Obama fica com um dilema. Se sair correndo demais, pode deixar uma impressão ruim. Mas tem um trunfo para apresentar ao eleitorado. Aconteça o que acontecer no Afeganistão daqui em diante, foi o governo Obama que encontrou e executou Osama Bin Laden. Por mais ilegal que se possa considerar a operação e a execução de um possível prisioneiro sem julgamento, para os norte-americanos não importa. Eles se sentiram vingados e, durante algumas semanas, Obama até experimentou uma alta nos índices de popularidade. Como político esperto que é, ele sabe que o caos no Afeganistão não vai atrapalhar o resultado das urnas. Especialmente, se ele puder posar ao lado de soldados a caminho de casa e, mais para o fim do ano, perto das eleições, divulgar as fotos de Bin Laden morto. Um assunto que está sendo discutido nos corredores da Casa Branca.

Há dez anos, os norte-americanos invadiram o Afeganistão e celebraram a queda dos Talibã. Agora, nas ruas, a bandeira do Talibã reaparece, em várias manifestações de ódio aos invasores que urinam sobre os cadáveres do inimigo, colecionam dedos de rebeldes, lançam mísseis em festas de casamento, matam homens, mulheres e crianças. E o que funcionou como gota d’água: queimam o livro sagrado. Foi assim que a revolta começou na semana passada: várias cópias do Corão foram encontradas, queimadas, no lixo da maior base militar norte-americana no país.

É apenas a confirmação da face tão conhecida do império. Depois de uma década em país alheio, a incapacidade de compreender a cultura e os costumes do outro mais uma vez traz problemas para a superpotência. A ideia de que a força militar seria capaz de controlar outro país mais uma vez vai para o ralo, se juntar a tantas outras iniciativas historicamente desastradas.”

FONTE: escrito por Heloisa Villela, de Washington, para o portal “Viomundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha  (http://www.viomundo.com.br/politica/afeganistao-ainda-nao-e-o-helicoptero-no-telhado-da-embaixada.html) [Imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

O "CAPITALISMO DE ESTADO" VENCEU E MELHOROU A VIDA DO POBRE

capa da revista inglesa "The Economist"
Por Paulo Henrique Amorim [PHA] no portal “ Conversa Afiada”

“A ‘Economist’ [revista semanal inglesa] entendeu quase tudo. Os neolibelês demoram um pouco mais

Um artigo de Delfim Netto na [revista] “Carta Capital” que está nas bancas trata de importante estudo da revista inglesa “Economist”, um dos bastiões do Neolibelismo (*), sobre o “Capitalismo de Estado”.

Nada que se compare à obra da Urubóloga, a única, de fato, herdeira do pensamento de Milton Friedman no Hemisfério Sul.

A própria “Economist” é obrigada a reconhecer que as multinacionais dos países emergentes, como a Petrobras e a Vale, são a prova da ascensão vertiginosa do “Capitalismo de Estado”, em prejuízo do sistema Neolibelês que nasceu com Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

(Aqui no Brasil, o mensageiro da boa nova foi o Farol de Alexandria, que, com seu Planejador Maximo, Padim Pade Cerra, naufragou na Privataria Tucana.)

O neolibelismo levou um tiro no peito com a quebra do banco americano “Lehman”, em 2008, e “agora sufoca boa parte do mundo rico”, diz a revista.

Ela se concentra, sobretudo, na associação indistinguível entre Estado, Partido Comunista e Empresas na China.

O “Capitalismo de Estado” tenta reunir o poder do Capitalismo com o poder do Estado.

A China de Deng se inspirou em Cingapura, que praticava o “Capitalismo de Estado”, em oposição ao liberalismo da vizinha Hong Kong, ainda inglesa.

A China engoliu o mestre.

Nos últimos 30 anos, o PIB chinês cresceu a 9,5% ao ano e, nos últimos dez anos, o PNB mais do que triplicou para chegar a US$ 11 trilhões (o do Brasil é de US$ 3 trilhões).

Das 13 maiores empresas de petróleo, com mais de 3/4 das reservas mundiais, todas são de alguma forma estatais – inclusive as do Oriente Médio.

As empresas estatais são 80% dos negócios da Bolsa chinesa e 62% da russa.

No Brasil, representam 38%.

A maior empresa de gás do mundo , a Gazprom, é russa e estatal.

A “China Mobile” tem 600 milhões de clientes.

O Estado é o maior acionista das 150 maiores empresas da China.

A “Saudi Basic Industries” é uma das mais rentáveis empresas químicas do mundo.

A “Dubai Ports” é a maior operadora de portos do mundo.

“Capitalismo de Estado” já houve antes.

No berço da hegemonia (liberal) inglesa está a “Companhia das Índias”.

A Alemanha da reunificação no século XIX foi “Capitalista de Estado”.

Como o Japão do pós-Segunda Guerra.

Como Alexandre Hamilton, o primeiro Ministro da Fazenda dos Estados Unidos, que montou furiosa e impenetrável rede de proteção à nascente manufatura americana.

(Os neolibelês fazem de conta que Hamilton morreu num duelo antes de tomar posse. Foi muito depois …)

Só que, agora, diz a “Economist”, o desenvolvimento do “Capitalismo de Estado” se dá numa amplitude muito maior – e mais rápido !

Além disso, o “Capitalismo de Estado” hoje usa mecanismos muito mais sofisticados.

Por exemplo, a nova engenharia financeira das empresas do “Capitalismo de Estado”.

O Estado não é dono, mas um acionista do bloco de controle.

O que profissionaliza a gestão e dá mais flexibilidade.

As economias do “Capitalismo de Estado” criaram bancos de fomento – como o BNDES e a BNDESpar – que estabelecem as políticas industriais.

E criaram fundos soberanos para garantir recursos para a inovação e financiar os riscos das empresas estatais.

Progressivamente, as economias do “Capitalismo de Estado” – observa a “Economist” – fazem operações diretamente entre si e dispensam as casas de intermediação em “Wall Street” e na “City de Londres”.

A coisa pode ficar feia para os bancos das economias ricas, acredita a “Economist”.

O estudo dispensa a Índia – onde as empresas beneficiadas parecem ser, apenas e ainda, capitanias escolhidas pelo Raj.

E se concentra na ligação entre “Capitalismo de Estado” e autoritarismo na Rússia e na China.

Mas, ressalva, sempre, que o Brasil é uma democracia.

Talvez seja um exagero dizer que o “livre mercado chegou ao fim” – pondera a “Economist”.

Mas, é verdade que um número surpreendente de países, sobretudo entre os emergentes, aprendeu a usar o mercado para atingir objetivos políticos.

A mão invisível do mercado é substituída pela mão visível, e muitas vezes autoritária, do Estado, diz a “Economist”.

Não é o caso do Brasil – onde o Estado não rompe contratos nem confisca empresas, uma marca registrada de Putin.

E, no Brasil, a Presidenta foi vítima, sob tortura, da mão autoritária.

Autoritários e torturadores são os que se beneficiam de uma Lei de Anistia -e, não, ela.

A “Economist” diz que o “Capitalismo de Estado” é bom para a infraestrutura (o PAC), mas fraco em bens de consumo.

(No Brasil, o problema são as empresas da privataria: o amigo navegante já ligou para reclamar de uma conta de telefone ?)

A “Economist” acredita que o “Capitalismo de Estado” encoraja a corrupção.

(O repórter inglês não teve o prazer de conhecer Mr Big, o Dr Escuta e o Itagiba …)

Acha também que a empresa do “C de E” é lenta para inovar.

A Petrobras e as pesquisas no pré-sal parecem não concordar …

Delfim Netto, que tem especial apreço pelos neolibelês brasileiros, se preocupa com a fome da China por energia e comida – e a disponibilidade de um e outro no mercado.

A “Economist” lembra que a China não tem nenhum compromisso com as regras de um jogo – o mercado de petróleo e comida – que, por muito tempo, a marginalizou.

E isso pode ser um perigo.

Como se chama “Economist”, a revista inglesa pouco se dá sobre a relação entre pobreza e desigualdade e neolibelismo e Capitalismo de Estado.

Enquanto a pobreza e a desigualdade crescem nos Estados Unidos, o Marcelo Neri, ao analisar o Ano I da Dilma, observou que a pobreza e a desigualdade continuam a cair.

Que horror !”

(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro [PHA] aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.”

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2012/02/27/o-capitalismo-de-estado-venceu-e-melhorou-a-vida-do-pobre/).

AS DÚVIDAS SOBRE AS CONCESSÕES FERROVIÁRIAS


[RESULTADO DA “NEOLIBERAL” DEMOTUCANA PRIVATIZAÇÃO DO SETOR E CRIAÇÃO DE FICTÍCIAS, OMISSAS E INÓCUAS “AGÊNCIAS REGULADORAS”: UM ROMBO DE R$ 25,5 BILHÕES. AS "AGÊNCIAS" FORAM CRIADAS PRINCIPALMENTE PARA GARANTIREM AOS NOVOS DONOS A PERPETUAÇÃO DOS LUCRATIVOS CONTRATOS]

“Relatório do TCU, de 15 de fevereiro de 2012 mostra que o rombo, só em falsos investimentos em ferrovias, a serem pagos pela União como indenização às concessionárias privadas, sob as barbas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pode chegar a R$ 25,5 bilhões, quantia superior à supostamente arrecadada com a privatização dos aeroportos.

Diante disso, alguns integrantes da “Rede Desenvolvimentistas”, como Flávio Tavares Lyra, Gustavo Santos, Rodrigo Medeiros, Samuel Gomes e Rogério Lessa subscrevem carta "contra o desmonte do transporte ferroviário brasileiro", cujo conteúdo pode e deve ser divulgado, inclusive para obtenção de mais assinaturas.


Segue a íntegra do texto:

CARTA DOS DESENVOLVIMENTISTAS

CONTRA O DESMONTE DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO BRASILEIRO

“O ano de 2012 chega trazendo consigo o resultado parcial de patrióticas iniciativas de órgãos do Estado Nacional de investigação das causas do desmonte do transporte ferroviário brasileiro. O momento é oportuno, portanto, para propor mudanças que viabilizem inserir o transporte ferroviário como elemento estratégico de apoio ao desenvolvimento nacional.

O Tribunal de Contas da União, em 15/02/2012, aprovou, por unanimidade dos Ministros, o Relatório da Auditoria no Processo Nº 008.799/2011-3 (Acórdão Nº 312/2012 – TCU – Plenário), iniciada em 05/04/2011, sobre a atuação da “Agência Nacional dos Transportes Terrestres” – ANTT na regulação e fiscalização do transporte ferroviário no período de 2007 a 2011. As constatações do TCU são gravíssimas e, quando comparadas com os resultados da ampla investigação realizada pelo Ministério Público Federal, a seguir comentada, compõem um quadro que deve abalar a consciência republicana de quem sobre elas se detenha. Em resumo, a ANTT, por ação e omissão, permitiu que as concessionárias privadas tornassem inoperantes cerca de 2/3 da malha ferroviária brasileira de 28 mil km e as autorizou a contabilizar irregularmente, como “investimentos”, valores que podem chegar a R$ 25,5 bilhões, os quais serão cobrados da União no momento de extinção da concessão.

Esse é o rombo estimado até 2011, produto de “manobras contábeis” que a ANTT deveria ter vetado por serem contrárias aos contratos. À frente, esse montante pode aumentar, pois faltam ainda dez anos para que as concessões expirem. Por outro lado, se somarmos os valores da destruição parcial ou total de 2/3 da malha ferroviária (21 mil km), teremos rombo adicional de mais R$ 30 bilhões, elevando o prejuízo para os cofres públicos a mais de R$ 50 bilhões.

Por outro lado, como resultado de anos de investigação do Ministério Público Federal sobre o transporte ferroviário em todo o país, a Procuradoria Geral da República ingressou com a Representação Nº16848-2011-1 junto ao TCU contra a União (Ministério dos Transportes), a ANTT e a concessionária “América Latina Logística” – ALL. Com fundamento em documentos, perícias, depoimentos, audiências públicas, análise de procedimentos internos da ANTT, reuniões com setores produtivos e comunidades do interior do Brasil, a Procuradoria Geral da República constata: "Na falta de efetivo controle, as concessionárias como que se apropriam do negócio do transporte ferroviário de carga como se fosse próprio; fazem suas escolhas livremente, segundo os seus interesses econômicos. O quadro é de genuína captura, em que o interesse privado predomina sobre o interesse público". A Procuradoria Geral da República afirma que a responsabilidade pela situação atual é "a política de total conivência e omissão da ANTT com relação ao abandono, destruição, invasão e malbaratamento dos bens públicos e, consequentemente, do transporte ferroviário como alavanca do desenvolvimento regional e nacional."

A Procuradoria Geral da República explicita as razões que a levaram representar conjuntamente contra a ANTT e a ALL: "Pois bem, se a concessionária dilapida – ela própria – ou abandona bens públicos arrendados, descumprindo durante mais de uma década cláusulas de contrato administrativo, por certo a Agência Reguladora tomou providências e exigiu soluções?" Segue a Representação: "Não. Nada fez até agora. Não aplicou multas, não denunciou o contrato, não exigiu investimentos quaisquer para a restauração ou reposição da estrutura e superestrutura, bem como dos bens móveis e imóveis afetos ao transporte ferroviário."

Tais fatos, graves por si mesmos, ganham contornos escandalosos e inaceitáveis quando se sabe que o atual Diretor Geral da ANTT participou da formatação da privatização [por FHC/PSDB] da Rede Ferroviária Federal – RFFSA como funcionário público, em seguida participou como empresário da privatização, vencendo dois leilões (“Malha Centro Leste” e “Malha Sul”), participou da estruturação da concessionária “Ferrovia Centro Atlântica” – FCA (atual América Latina Logística – ALL), assinou o contrato de concessão da ALL em representação da concessionária (contrato que hoje a ANTT, dirigida por ele, fiscaliza) e participou da criação e dirigiu a “Associação Nacional de Transportes Terrestres” – ANTF (associação privada das concessionárias ferroviárias).

Com base nas considerações acima, dirigimo-nos aos Senhores Senadores da República solicitando que não aprovem a recondução, para mais um mandato, do atual Diretor Geral da ANTT, e que requeiram ao Ministério dos Transportes resposta objetiva e formal às denúncias encaminhadas pela Procuradoria Geral da República e aos resultados colhidos pelo Tribunal de Contas da União. À Presidente Dilma, solicitamos a indicação para a Direção Geral da ANTT de um nome comprometido com o interesse público, com o interesse nacional e com as aspirações históricas do povo brasileiro.

Assinado: “Grupo Desenvolvimentistas”, formado por economistas, engenheiros, advogados, jornalistas, professores do ensino superior, ativos e inativos, integrantes ou egressos do setor público e do setor privado nacional”

FONTE: portal do jornalista Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-duvidas-sobre-as-concessoes-ferroviarias#more) [Imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

EURO, PENSAR O IMPENSÁVEL


Por Luiz Carlos Bresser-Pereira, na ‘Folha’

É MELHOR QUE OS EUROPEUS PENSEM SERIAMENTE NA ALTERNATIVA DE EXTINGUIR A MOEDA COMUM DE 17 PAÍSES

“Na China, em 1979, era "impensável" caminhar para o capitalismo e, no entanto, Deng Xiaoping pensou e se antecipou à estagnação que ocorreu na União Soviética. Na Argentina, em 2001, era "impensável" terminar com o "plan de convertibilidad"; De La Rua curvou-se a esse impensável, e o custo foi uma crise brutal. Na zona do euro, hoje, é "impensável" extinguir o euro e, no entanto, é melhor que os europeus pensem seriamente nessa alternativa. A criação do euro foi um erro, porque não havia um Estado por trás dele, e porque ele se transformou em uma moeda estrangeira para cada um dos 17 Estados que o adotaram -uma moeda que, nas crises, eles não podem emitir nem desvalorizar.

O impensável é, muitas vezes, puro medo e conservadorismo de governantes sem visão. Nesta grande crise do euro, a Grécia tornou-se um país insolvente, mas declarou-se "impensável" reestruturar sua dívida; quando a dívida foi reestruturada com um desconto de 21%, tornou-se "impensável" aumentar essa porcentagem; quando o desconto foi aumentado para 50%, tornou-se "impensável" o socorro do Banco Central Europeu a ela e aos demais países e bancos, mas um pouco depois o BCE passou a comprar de forma moderada títulos públicos e inundou o sistema bancário europeu de liquidez. O "impensável" revelou-se, afinal, a solução.

"Seria a desordem e o caos", gritam os defensores do "impensável". Não creio. A crise dos países do sul da Europa desencadeada em 2010 é de balanço de pagamentos: foi causada pela sobrevalorização do euro implícita que se expressa em salário médio incompatível com o nível de produtividade. Teve, como consequência, elevados déficits em conta-corrente seguidos por elevado endividamento externo, principalmente privado. A dívida pública já estava alta porque, diante da crise financeira global de 2008, todos os países haviam adotado política fiscal expansiva.

A extinção implicará alguns riscos, mas o custo de se tentar resolver uma crise causada por déficits em conta corrente através de redução dos déficits fiscais já foi muito grande, mesmo em termos de sacrifício da democracia, e continuará a sê-lo por muitos anos, para todos os países, inclusive para a Alemanha.

Do ponto de vista prático, não haveria grandes problemas. Seria naturalmente necessário imprimir novas cédulas. E, em determinado momento, em vez de retornar às antigas moedas, os países em conjunto transformariam o euro em um "euro nacional": o euro alemão, o euro francês, e assim por diante. Em seguida, os países com elevados déficits em conta corrente e altas dívidas externas desvalorizariam sua moeda. O que provocaria a queda dos salários e alguma inflação. Mas esta é uma forma muito mais humana e mais eficiente de praticar a austeridade e diminuir os salários do que aquela que está sendo praticada hoje: através da recessão e do desemprego.

No caso do euro, não é apenas o medo da inflação que torna sua extinção impensável. É também o medo que ela "desestruture" a União Europeia. Mas não há esse risco; a UE é o mais extraordinário caso de construção política e social que conheço, e só ganhará se agora der um passo atrás. Haverá espaço, no futuro, para muitos passos adiante.”

FONTE: escrito por Luiz Carlos Bresser-Pereira e publicado na “Folha de São Paulo”  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/28022-euro-pensar-o-impensavel.shtml) [Imagens do google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

DESAFIOS DA NANOTECNOLOGIA


“Essa revolução encontra-se ainda na infância. E o Brasil pode e deve participar ativamente, inovando nesse campo. Um bom começo é constatarmos ser necessária mudança de mentalidade do governo e dos empresários brasileiros.

Por Washington Araújo, no “Cidadão do Mundo”

Há muito, vivemos o dilema do tempo futuro. Ele sempre consegue nos surpreender, pois os tempos são céleres, tudo vira logo passado. Mas as consequências do ”antes de ser passado” vigoram por longo tempo. É nesse contexto que o espaço de 20 anos pode representar o surgimento, desenvolvimento e até mesmo o desuso de um novo produto. Em duas décadas, o nascimento e o auge de uma nova empresa caminham paralelamente ao declínio de outra. Um exemplo prático: em 1984, ano do início da era do videocassete, os computadores pessoais praticamente não existiam. Como consequência, ainda não existiam as megacorporações da internet como a Microsoft.

Hoje, podemos nos perguntar: o que nos reservam os próximos 20 anos? Podemos responder de duas maneiras. Como cidadãos, resta-nos aproveitar o boom tecnológico para alcançarmos os meios de cura para algumas doenças, para melhorar o nosso dia-a-dia e também para implementar inúmeras formas de lazer. Uma outra maneira é termos como ponto de partida o nosso país.

Neste caso, torna-se inadiável planejarmos as ações para atuar competitivamente no mercado mundial e garantir um futuro que inclua a disponibilidade de emprego, saúde e qualidade de vida para nossa população.

Com certeza, as duas maneiras passarão, inevitavelmente, pela chamada ”revolução nanotecnológica”. Para muitos, o próprio termo nanotecnologia é algo estranho, difícil de apreender. O prefixo ”nano” surge das dimensões dos objetos investigados, com tamanhos da ordem de até alguns nanômetros. Trocando em miúdos, algo com dimensões de um milionésimo de um milímetro [1 nm = 10 elevado a -9 (milímetros)]. Para termos noção adequada, nada como pensarmos que a ponta da esfera de uma caneta esferográfica – que tem 0,8 mm de diâmetro – pode conter nada menos que 60 bilhões de partículas de 10 nanômetros. E é aí que mora o perigo (ou seria o desafio?): para estudar objetos nanométricos há de se dispor de equipamentos modernos, caros e sofisticados, e técnicas de preparação muito específicas para conseguir controlar o tamanho das partículas em uma escala de tamanhos tão pequenos.

objetos nanométricos sobre uma cabeça de fósforo
É fato que os cientistas brasileiros têm, hoje, plenas condições de contribuir com pesquisas de ponta em nanociência, pois, uma vez bem equipados, devem disputar com a comunidade internacional fundamentalmente no campo das idéias. E, bem o sabemos, novas idéias e novos resultados em ciência básica têm efeito avassalador e imprevisível, incluindo, provavelmente, a inovação tecnológica, que, por sua vez, gera riqueza através de novas empresas, novos empregos etc. Para que o Brasil enfrente o desafio, é urgente a criação de um ”círculo virtuoso” através de uma ação coordenada que englobe o governo, as universidades, os centros de pesquisa, empresas e o setor produtivo em geral.

O bom de tudo isso é que a revolução nanotecnológica encontra-se ainda em sua infância. E o Brasil pode e deve participar ativamente, inovando nesse campo. Um bom começo é constatarmos ser necessária uma mudança de mentalidade do governo e dos empresários brasileiros. Em todos os países ditos do primeiro mundo, a transformação das idéias em produtos ocorre principalmente nas empresas que, por sua vez, investem grandes somas de dinheiro em pesquisas científicas, sejam básicas ou aplicadas. Muitas vezes, esse dinheiro retorna apenas em longo prazo, pois diversas vezes as pesquisas não se transformam em tecnologia, e o dinheiro investido parece ter sido ”a fundo perdido”.

Nanotubo de carbono (alótropos do carbono com nanoestrutura cilíndrica)

Algo muito positivo é o fato de que o Brasil, de acordo com o “Plano Plurianual 2004-2007”, dispõe do programa ”Desenvolvimento da Nanociência e da Nanotecnologia”. O programa possui quatro ações básicas: a implantação de laboratórios e redes de nanotecnologia, o apoio a redes e laboratórios de nanotecnologia; o fomento a projetos institucionais de pesquisa e desenvolvimento em nanociência e nanotecnologia.

Mas o que pensam sobre a nanotecnologia no Brasil? Uma pista está na pesquisa informal feita pelo consultor Ronaldo Marchese, da “RJR Consultores”, que ouviu algumas das principais empresas brasileiras, incluindo algumas filiais de multinacionais. As respostas mais ouvidas sobre nanotecnologia foram:

1) A nossa diretoria achou que esse assunto ainda é muito ”novinho”;
2) é um tema futurista;
3) Não conhecemos o assunto.

Ao mesmo tempo, notícias confiáveis dão conta que os investimentos mundiais em nanotecnologia ultrapassarão US$ 80 bilhões até o fim de 2015. Tanto interesse se justifica pelas projeções de que os produtos elaborados a partir da nanotecnologia movimentarão recursos em torno de US$ 1 trilhão.

Feitas essas considerações, não podemos ficar paralisados e aproveitar os próximos 20 anos realizando centenas de reuniões para concluirmos que temos que embarcar no futuro… hoje.

Harald Fuchs, diretor do Centro de Nanotecnologia da Universidade de Münster, na Alemanha, foi claro: ”O mundo está diante da promessa de uma nova Revolução Industrial, que introduzirá, até 2008, produtos mais baratos, recicláveis e de fabricação simples”.

Estamos em 2012; será que isto aconteceu?”

FONTE: escrito por Washington Araújo em seu blog http://www.cidadaodomundo.org. O autor é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil, Argentina, Espanha, México. Artigo transcrito no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5488) [Imagens do google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ATÉ A “FOLHA” AGORA DÁ VALOR AO ACORDO ALCANÇADO POR LULA NO IRÃ

Assinatura da “Declaração de Teerã”

[Obs deste blog ‘democracia&política’:

O artigo do colunista Clovis Rossi da Folha de São Paulo publicado ontem (26) me faz relembrar conceitos já aqui expressos em 20 deste mês:

A “Declaração de Teerã”, assinada por Brasil, Turquia e Irã, foi conseguida em 2010 exatamente nos termos previamente solicitados por Obama a Lula em carta. Mas, após alcançada, foi "molequemente" logo rejeitada e "interpretada" pelos EUA e seus aliados como nociva “manobra dos iranianos".

Na realidade, os EUA, Israel e europeus da OTAN não queriam qualquer acordo pacífico. Queriam, simplesmente, um pretexto (mesmo que falso) para sanções duras contra o Irã e, em seguida, para atacá-lo.

"Justificaram" que correram para aprovar antes as sanções porque "não acreditavam na possibilidade de sucesso" na negociação encabeçada por Turquia e Brasil.

A verdade é que, antevendo o iminente sucesso nas negociações entre o Brasil, Turquia e Irã, Obama rapidamente (orientado por Netanyahu e o poderoso lobby judeu) negociou, na véspera, com a Rússia e China (para evitar seus vetos) e assim logo conseguir a aprovação de sanções pelo CS da ONU, divulgadas poucos dias após a “Declaração de Teerã”.

Toda a imprensa brasileira, inclusive a "Folha", então depreciou e ridicularizou a pretensão de Lula e Celso Amorim de lutarem para que a solução surgisse no âmbito diplomático e não o da guerra, como queriam Israel, os EUA e a OTAN. Desprestigiaram e criticaram a atuação do Itamaraty por querer entrar em assunto "de nível superior", das grandes potências, "que não nos competia". 

Agora, constrangidos, ainda de maneira muito encabulada e sutil, os EUA, e a nossa imprensa a reboque, começam a descobrir que o acordo de Lula e Celso Amorim alcançado com o Irã, juntamente com a Turquia, era o único caminho até agora encontrado para iniciar uma solução pacífica.  

Vejamos a seguir o artigo do colunista tucano Clóvis Rossi publicado ontem no jornal tucano-serrista “Folha de São Paulo”. O interessante dessa publicação, que sutilmente dá valor ao esforço do governo brasileiro, é que a “Folha”, como os demais veículos da “grande” imprensa brasileira, bem como a oposição (PSDB/DEM/PPS), além de antiLula, são ardorosos e fiéis defensores dos interesses dos EUA e judeus, acima dos brasileiros. Será indício de autêntico arrependimento por terem feito infeliz molecagem com Lula e Celso Amorim?]:

“O IRÃ, A GUERRA E SAUDADES DO LULA”

EM RETROSPECTIVA, FICA CLARO QUE O ACORDO COSTURADO EM 2010 POR BRASIL E TURQUIA TALVEZ FOSSE O CAMINHO

Por Clovis Rossi

“Os tambores de guerra estão soando alto em torno do Irã e podem acabar levando a um escorregão fatal, sempre possível quando a retórica é incendiária.

Mas há razões objetivas para atacar o Irã de modo a evitar que tenha a bomba atômica? A resposta a essa pergunta vem, em geral, carregada da ideologia de quem a dá por escassas informações de fato confiáveis a respeito do programa nuclear iraniano. Não que, na minha opinião, um ataque se justifique, qualquer que seja o estágio do programa nuclear iraniano.

Mas essa é outra discussão que não cabe aqui, por enquanto.

Voltemos, pois, ao estágio do programa nuclear iraniano. Prefiro ficar com a análise de Cellu Rozenberg, historiador militar da Universidade de Haifa (Israel), exatamente por ser de um país em que o ambiente político-militar o induziria a dizer o contrário do que escreveu para o "Le Figaro": "É inútil tentar decifrar o enigma iraniano e avaliar quando o Irã será capaz de lançar mísseis nucleares sobre Israel ou sobre outros Estados da região. Do dilúvio de informações pretensamente confiáveis reproduzidas ao infinito pela mídia, decorre a impressão de que amanhã de manhã os iranianos vão apertar o botão vermelho. Nada é menos verdadeiro e pode-se mesmo assegurar que o Irã não disporá da arma nuclear em um futuro próximo".

Parece sensato, mas não basta para dissolver a incerteza que é o motivo, ou o pretexto, para todos os tambores de guerra. Escreve, por exemplo, Robert Farley (Universidade de Kentucky), especialista em assuntos militares:

"Nós não sabemos se os iranianos querem construir a bomba, ou se eles podem construir uma bomba, ou quando eles poderiam estar aptos a construí-la. Mesmo que a fizessem, as consequências permaneceriam imprevisíveis, porque não sabemos o que fariam com a bomba ou como seus vizinhos reagiriam a uma bomba iraniana."

É necessário acrescentar, às incertezas corretamente apontadas por Farley, uma outra coleção delas: a maior parte dos analistas duvida que um ataque israelense contra as instalações nucleares iranianas elimine a possibilidade de o país [Irã] chegar à bomba. Ao contrário: tende a acentuar a disposição de fabricá-la no mínimo como prevenção contra outros ataques. Ninguém sabe, também, qual seria a reação do Irã e de grupos afins ao regime a um ataque.

Também, ninguém sabe qual é a real disposição iraniana de negociar em torno do programa nuclear, apesar de o governo iraniano ter anunciado a disposição de retomar as conversas.

Tudo somado, tem-se que há dúvidas razoáveis sobre se o melhor caminho é apertar as sanções já em vigor, abrir mais espaço para a negociação ou partir para a ação militar.

Retroativamente, acaba ficando claro que, talvez, os Estados Unidos devessem ter dado uma chance para que prosperasse o acordo Brasil/Turquia/Irã de 2010, o último momento em que as posições do governo iraniano ficaram razoavelmente próximas das demandas ocidentais.

Trocar a negociação de então pelas sanções, dias depois, não só não resolveu o problema como, ao contrário, agravou-o, como o demonstra o soar dos tambores de guerra.”

FONTE: escrito por Clóvis Rossi na “Folha de São Paulo”  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/27859-o-ira-a-guerra-e-saudades-do-lula.shtml). [Imagens do Google e trecho inicial entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]