sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A ARMADILHA CÂMBIO

Armadilha

Relação real/dólar desde o início do período FHC até janeiro deste ano
CÂMBIO, DESAFIO DA ECONOMIA EM 2012


“Passado o primeiro trimestre, quando o foco dos olhares econômicos internos – os externos estão em outro lugar – se desviar da questão inflacionária e da retomada da expansão econômica, o Brasil terá de começar a enfrentar seriamente aquela que é, ao lado da taxa de juros – a pior armadilha para a economia brasileira: o câmbio.

O fim da conversibilidade do dólar em ouro, decretado por Richard Nixon há 40 anos, fez da própria moeda americana o padrão mais comum de avaliação do poder de compra de uma moeda.

As relações monetárias mundiais passaram a gravitar exclusivamente em torno dele, sem nenhum outro padrão onde nos referenciarmos, ao ponto de ter surgido o estapafúrdio “Índice BigMac” como arremedo de um bem universal que poderia posicionar o valor de cada moeda.

Não obstante o fato de não se poder ter um referencial universal para os meios monetários correntes de cada país, todos concordam com algumas verdades perceptíveis: a paridade do poder de compra da moeda brasileira está valorizada entre algo entre 15 e 40% em relação ao dólar, e só não mais porque a própria moeda americana, ela própria, desvalorizou-se.

Quem quiser observar esse processo, olhe o gráfico [acima] da relação real/dólar desde o início do período FHC até janeiro deste ano. Mesmo com a recente alta, essencialmente, permanece forte sobrevalorização.

Não é tarefa fácil corrigir essa distorção com regime de câmbio livre. E as emissões de dólar [pelos EUA] – porque é isso o que são, na prática –com seus “quantitative easings” e a política de liquidez estimulada pelo Federal reserve – que esta semana [Obama] anunciou a permanência de juros reais negativos nos títulos públicos americanos. [Isso contribui] para que a entrada de dólares no Brasil permaneça nos níveis imensos que atingiu ano passado, o que, nem de longe, ajuda a busca de um “alvo” mais racional para a cotação do dólar, possivelmente em torno de R$ 2.

Com isso e a crise europeia dando sinais de estagnação da economia, – embora não de um mergulho profundo, até aqui – não há força para fazer com que haja processo mais intenso de alta do dólar, que se fixou no patamar que aqui se antecipou em setembro do ano passado: em torno de R$ 1,75.

Não era premonição, apenas a observação de tendência que era bastante diversa do catastrofismo cambial que, naquele momento, se desenhava na mídia.

Os mecanismos tributários de controle cambial, tão detestados pelo mercado, são o único instrumento que possuem as autoridades monetárias para frear o movimento especulativo que ensaia voltar em relação ao real, com o ingresso [dezembro] de US$ 6,65 bilhões, valor superior à média mensal de 2011, ano recorde em matéria de entrada de capital estrangeiro no Brasil.”

FONTE: escrito por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional”  (http://blogprojetonacional.com.br/cambio-desafio-da-economia-em-2012/) [imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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