terça-feira, 29 de setembro de 2009

POLÍTICAS SOCIAIS DE LULA MANTÊM MERCADO AQUECIDO


Lula e Dilma lançam "Minha Casa, Minha Vida", programa que mantém mercado interno aquecido, segundo Almeida

Terra Magazine

A Perspectiva do Mercado Interno Consumidor

"No período mais grave da crise internacional, vale dizer, entre setembro do ano passado até o primeiro trimestre desse ano, o comportamento do emprego no Brasil favoreceu a sustentação de um nível mínimo do mercado interno consumidor. Não tivesse sido esse o desempenho do emprego, seguramente a economia brasileira ainda não mostraria sinais de que está saindo da recessão que teve lugar entre os meses finais de 2008 e os meses iniciais desse ano.

Isso não significa dizer que o emprego não foi afetado pela crise. Entre novembro e janeiro as demissões no setor industrial foram muito elevadas, mas a isto não se seguiu uma onda de demissões em outros setores da economia, o que evitou que se desenvolvesse um processo cumulativo a partir da indústria.

Desemprego gerando desemprego é um encadeamento perverso para qualquer economia que não conta com estabilizadores, ao contrário do caso do Brasil. Aqui, um gasto público com um certo valor mínimo constitui um instrumento desse tipo, o qual seria de eficácia maior se em sua composição o investimento tivesse uma dimensão maior relativamente aos gastos de custeio.

As políticas de rendas, como a Bolsa Família e o aumento do salário mínimo são, em particular, os mais nobres "escudos" dessa rede de proteção já que têm um enorme efeito social. Mas, contamos com outros, tais como:
a) os bancos públicos, cuja participação no crédito chega a 40% do total, o que permite que nessa área seja também aplicada uma política anticíclica;
b) os programas de investimentos do PAC; e
c) o programa lançado pelo governo em meio à crise para a área de habitação, o "Minha Casa Minha Vida".

Por isso, o desemprego mais grave ficou restrito à indústria não se espalhando para o resto da economia. Pois bem, a novidade dos últimos resultados da pesquisa que mensalmente o IBGE divulga sobre o emprego nas grandes regiões metropolitanas é que a indústria em agosto voltou a colaborar para a melhora do emprego.

Nesse mês o número de pessoas ocupadas no setor cresceu 3,9% com relação a julho. Como é um fato novo, esse resultado deve ser acompanhado nos próximos meses. Sendo confirmado, abrirá melhores perspectivas para o mercado de trabalho no último trimestre do ano.

A propósito ainda dos mais novos dados do emprego, o leve aumento da taxa de desocupação ocorrido de julho para agosto, de 8,0% para 8,1%, não é, por si só, um resultado preocupante, já que esse desempenho foi freqüentemente observado entre esses meses em anos anteriores. O que poderia ter sido melhor em agosto é o crescimento do pessoal ocupado total com relação a julho. A variação foi pequena, 0,5%, após aumentos de 0,8% e 0,9%, respectivamente, em junho e julho.

Mas, em termos do poder de compra global da população, o baixo crescimento do emprego foi compensado por uma evolução mais expressiva do rendimento real médio das pessoas ocupadas. Frente a julho, o rendimento real em agosto aumentou 0,9% e com relação a agosto de 2008 a expansão chegou a 2,2%.

Isso significa dizer que o mercado interno continua crescendo de forma significativa, muito embora ultimamente isto seja uma derivação mais da evolução do rendimento médio das pessoas ocupadas do que do aumento da ocupação.

Tem sido o mercado consumidor um esteio do crescimento econômico brasileiro, um papel que se revestiu de maior relevância com o agravamento da crise internacional.

A perspectiva de que a indústria volte a empregar dá sustentação a uma projeção otimista do crescimento do mercado interno consumidor e da manutenção de sua posição na dinâmica da economia em 2010."

FONTE: texto de Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Publicado hoje (29/09) no portal Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes. [título acrescentado por este blog]

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