domingo, 31 de maio de 2009

PRESIDENTE DA PETROBRAS: ''NÃO PRECISA DE UMA CPI''

Li hoje no site “vermelho” a seguinte entrevista de Pedro Soares e Samantha Lima, do jornal Folha de S.Paulo, com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli:

“O que motiva a CPI é o uso político, acusa o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. ''Não precisa de uma CPI. Ela não tem foco'', afirma Gabrielli em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo neste sábado (30), onde os jornalistas Pedro Soares e Samantha Lima fizeram as perguntas que pautam os senadores da oposição na CPI da Petrobras.

Com 59 anos e presidente da Petrobras desde julho de 2005, o baiano José Sergio Gabrielli de Azevedo sentiu o tempo mudar bruscamente nas últimas semanas em torno de si. Nesta entrevista, todas as 13 perguntas publicadas têm conotação negativa para a estatal.

Não era o que se esperava da empresa que levou o Brasil à autossuficiência em petróleo, em 2007 (54 anos depois da vitória da Campanha ''O Petróleo é Nosso'', que criou a Petrobras), e descobriu a megajazida do pré-sal em 2008. Ainda agora, são as ações da estatal que puxam a recuperação da Bolsa de Valores de São Paulo após o baque causado pela crise econômica na virada do ano.

No entanto, são outras as perguntas que fazem ao presidente da companhia eleita em 2007 pelo Reputation Institut como a oitava mais respeitada do mundo segundo. Na entrevista concedida à Folha, em seu escritório no Rio de Janeiro, Gabrielli respondeu sobre caixa preta, autonomia excessiva, contratações de ONGs ligadas ao PT e supostos artifícios em contratos da Petrobras – a munição que a oposição pretende usar na CPI que o Senado instalará na próxima terça-feira. Veja a íntegra dos trechos publicados pelo jornal paulista:

FOLHA DE S.PAULO - A PETROBRAS É UMA CAIXA-PRETA?

JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI -
Uma parte substantiva das informações que estão sendo usadas nas denúncias é coletada de sites da Petrobras, de livre acesso. Isso contradiz que a Petrobras seja uma caixa-preta. A Petrobras sofre um processo permanente e contínuo de acompanhamento do TCU [Tribunal de Contas da União], da CGU [Controladoria Geral da União] e tem de estar de acordo com as regras da CVM [Comissão de Valores Mobiliários] e da SEC [a CVM americana].

FOLHA - MAS É RECORRENTE A CRÍTICA A UMA AUTONOMIA EXCESSIVA.

GABRIELLI -
Temos um processo de decisão para compras com várias etapas. Praticamente não há decisão isolada. Tem vários portões de decisão na escolha de projetos. Se não fosse assim, não seria possível fazer R$ 15 bilhões de investimento no primeiro trimestre. Não seria possível manter 55 mil contratos. Se isso aqui fosse uma caixa-preta cheia de ladrões e politiqueiros, não funcionaria. Essa empresa tem gestão, governança e profissionais técnicos dedicados. Dado o tamanho da companhia, não se pode dizer que não tem problema. Mas, se tiver, eles vão ser investigados. Mas não se pode generalizar. Fazer a ideia que a Petrobras é uma caixa-preta é ação política.

FOLHA - A PETROBRAS TAMBÉM NÃO DEVERIA FRANQUEAR O ACESSO A INFORMAÇÕES DE SEUS CONTRATOS?

GABRIELLI -
Deveria ser repensado [o acesso] para evitar manipulação externa. Não vi em nenhum jornal até agora que a fonte original dessas informações foi o site da Petrobras. Que outra empresa tem isso?

FOLHA - A PETROBRAS É UMA EMPRESA COM PARTICIPAÇÃO ESTATAL.

GABRIELLI -
Sim, mas 67% da Petrobras estão nas mãos de 700 mil acionistas. O governo tem um terço. No mercado concorrencial, não podemos passar informações [dos contratos]. Esse é um conflito que a Petrobras vive: é uma empresa controlada pelo governo, com acionistas privados. Aí um jornal diz que a Petrobras tem um sistema próprio [de licitações], como se a gente tivesse definido o sistema licitatório.

Existe uma lei, que é a Lei do Petróleo. Não foi a Petrobras que fez. Essa lei remete ao presidente da República editar um decreto que vai definir as condições competitivas, porque a Petrobras, no mercado aberto, compete com muitas empresas. O presidente Fernando Henrique Cardoso fez o decreto 2.745 com base na lei. Esse decreto diz que tem uma série de condições para a contratação, seguidas rigorosamente pela Petrobras.

A AGU diz que a Petrobras tem de cumprir o decreto. O TCU, que é um órgão do Legislativo formado por pessoas politicamente comprometidas, tem interpretação diferente, que nós temos de cumprir a lei 8.666 [que estabelece regras para licitações]. Recorremos ao Supremo Tribunal Federal em dez liminares julgadas, e prevaleceu o decreto. Não temos de cumprir a lei 8.666.

FOLHA - SE PREVALECER O ENTENDIMENTO DO TCU E AGORA DOS PROPONENTES DA CPI, A PETROBRAS PERDE COMPETITIVIDADE?

GABRIELLI -
Vai dificultar muito. Não inviabiliza, mas fazer um processo competitivo com rapidez de decisões seguindo a lei 8. 666 não é possível.

FOLHA - COMO O SR. JUSTIFICA AS CONTRATAÇÕES DE ONGS LIGADAS AO PT?

GABRIELLI -
Uma reportagem fala em 1.100 contratos e cita um ou dois com problemas, o que mostra que é um sistema eficiente. O volume de problemas é pequeno. Mas, se existem, vamos investigar. Se você pega os apoios da festa de São João, nos últimos quatro anos, vai ver que as prefeituras do PT são minoria. O critério não é ser PT ou não. É ter festa de São João.

FOLHA - A QUESTÃO FUNDAMENTAL DA BAHIA É PORQUE A ONG QUE RECEBEU DINHEIRO DA PETROBRAS ERA DE EX-DIRIGENTE REGIONAL DO PARTIDO.

GABRIELLI -
É uma ilação. Só queria dizer que não sou candidato ao Senado na Bahia. Isso é uma mentira deslavada, desmentida por mim sistematicamente. Não sou candidato. Mais, o Diretório Estadual do PT na Bahia tomou a posição de que o único cargo a que vai concorrer é o de governador.

FOLHA - O QUE MOTIVA A CPI?

GABRIELLI -
O uso político. Não precisa de uma CPI. Ela não tem foco.

FOLHA - O TCU CONSTATOU QUE, DEVIDO A ADITIVOS, CONTRATOS DA PETROBRAS CHEGAM A DOBRAR DE VALOR. ESSE ARTIFÍCIO NÃO DÁ MARGEM PARA TODO TIPO DE ACRÉSCIMO?

GABRIELLI -
Existe uma coisa chamada mudança de escopo, adaptação das condições encontradas no local, mudanças no cronograma por fatores externos à Petrobras, como licenciamento ambiental, problemas no fornecimento. O decreto que seguimos, o 2.745, permite os aditivos e nós o seguimos estritamente.

FOLHA - QUANTO, EM MÉDIA, AUMENTAM OS CONTRATOS?

GABRIELLI -
Há aumento de 10%, de 25%, tem aditivo que só aumenta prazo, sem custo. São 55 mil contratos.

FOLHA - NÃO PODERIA HAVER UM PROGRAMA PARA MELHORAR A EXECUÇÃO DOS CONTRATOS?

GABRIELLI -
Estamos tentando, acelerando nossas condições para que a gente vá para o mercado com o projeto mais detalhado. Isso significa que podemos atrasar os projetos.

FOLHA - QUE PROJETOS?

GABRIELLI -
Na [refinaria] Abreu e Lima, estamos com 14 licitações. Dessas, seis cancelamos por excesso de preço, oito estão concluídas. O escândalo é em torno de um contrato de terraplanagem. O problema é que estamos falando aqui de um conjunto muito grande de coisas.

FOLHA - O COMPERJ (COMPLEXO PETROQUÍMICO DO RIO) FOI ORÇADO, EM 2005, EM US$ 6 BILHÕES DE DÓLARES E ESTÁ EM US$ 8,6 BI.

GABRIELLI -
Não se pode dizer que teve aumento, ainda, por estar em processo de licitação”.

TROCA DO AVIÃO SUCATINHA SERÁ ANTECIPADA

Li hoje a seguinte reportagem do jornal Zero Hora feita com informações do jornal "O Estado de S. Paulo":

ENTREGAS ESTAVAM PREVISTAS PARA SETEMBRO E DEZEMBRO.

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai receber no dia 14 de julho o primeiro dos dois jatos EMB-190, da Embraer, comprados por cerca de R$ 150 milhões para substituir os dois velhos Boeing-737 da Presidência. O preço final é cerca de R$ 30 milhões inferior ao praticado pela concorrência. Segundo o Palácio do Planalto, as entregas estavam previstas para setembro e dezembro. A primeira, do jato de matrícula 2900, foi antecipada de forma a permitir que Lula utilize o modelo nacional nas viagens regionais programadas para o segundo semestre.

O EMB-190 presidencial teve a autonomia original expandida e pode chegar a qualquer capital da América Latina sem escalas e até a África ou ao hemisfério norte com uma só parada. O interior terá 36 assentos do mesmo tipo oferecido na classe executiva comercial. Para a assessoria direta do presidente, haverá 11 poltronas.

Na cabine reservada, fica o gabinete de trabalho, uma suíte com cama de casal, chuveiro e saleta com terminal de vídeo. As comunicações via satélite são protegidas e codificadas eletronicamente, permitindo que as atividades de inteligência, comando e controle do governo possam funcionar a bordo..”

BASE DE ALCÂNTARA VOLTA A LANÇAR FOGUETE

Li hoje no jornal O Estado de São Paulo a seguinte reportagem de Wilson Lima, de São Luís (MA), com dados da agência francesa de notícias AFP

OPERAÇÃO MARCA RETOMADA DO LOCAL APÓS DOIS ANOS

“Apesar do mau tempo, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, lançou no final da tarde de ontem o foguete de treinamento de médio porte Improved Orion durante a operação Maracati 1, uma parceria entre Brasil e Alemanha. O lançamento não envolveu carga útil, mas marcou a retomada das operações do CLA após aproximadamente dois anos.

A cronologia para lançamento do foguete foi iniciada às 8h30 e teve de ser interrompida duas vezes por causa da chuva. O tempo melhorou e ao meio-dia foi aberta a janela de lançamento do projétil, que aconteceu às 16h25. O Improved Orion atingiu altitude de 93,7 quilômetros e permaneceu no ar por cinco minutos. O foguete caiu no mar a 80,9 quilômetros da costa e atingiu velocidade final de 4.700 km/h (quatro vezes a velocidade do som).

O Improved Orion é um foguete de treinamento com motor monoestágio, não guiado, estabilizado por empenas e lançado de trilho. Tem 5,7 metros de comprimento e propulsor movido a combustível sólido. Tem capacidade para embarcar experimentos científicos com até 80 quilos.

Segundo o diretor-geral do CLA, coronel Nilo de Andrade, o evento foi considerado um sucesso porque atingiu seus objetivos - proporcionar treinamento para os funcionários do centro, verificar os meios operacionais do local (principalmente equipamentos de telemetria e de rede meteorológica) e promover o intercâmbio com o Centro Espacial Alemão (DLR) nos campos tecnológicos e científicos. "Demos capacidade operacional ao centro, sem dúvida", afirmou Andrade.

Para 2009, são esperadas pelo menos mais quatro campanhas de lançamento: uma em julho, duas em setembro e outra em novembro. Todas com foguetes de médio porte. Apenas uma operação em setembro deverá levar carga útil, com experimentos de microgravidade.

Sobre uma nova campanha do VSB-30, principal projeto do programa espacial brasileiro, o diretor do CLA afirmou que um novo lançamento do foguete deve ocorrer no final de 2010, após a conclusão das obras do Veículo Lançador de Satélites (VLS). A última vez que tinha ocorrido uma campanha de lançamento no CLA foi em julho de 2007. Caso sejam confirmados esses lançamentos, 2009 será o ano com o maior número de eventos no local desde a explosão do VLS, em 2003. No acidente, morreram 21 técnicos do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, com sede em São José dos Campos (SP).”

PAÍS PROJETA SUPER-REATOR NUCLEAR

Li ontem na Folha de São Paulo a seguinte reportagem de Claudio Angelo e Rafael Garcia:

OBRA DE US$ 500 MILHÕES PODERÁ TORNAR O BRASIL INDEPENDENTE NA PRODUÇÃO DE ISÓTOPOS RADIOATIVOS

ALÉM DO USO EM MEDICINA NUCLEAR, EQUIPAMENTO QUE SERÁ MONTADO EM ARAMAR (SP) FARÁ PARTE DO PROGRAMA NACIONAL DE ENERGIA ATÔMICA


“Técnicos do governo federal estão detalhando o projeto daquele que será o maior reator nuclear de pesquisa da América Latina. Orçado inicialmente em US$ 500 milhões, o Reator Multipropósito Brasileiro tem o objetivo de tornar o país independente na produção de isótopos radioativos para medicina.

O reator, de 20 megawatts (quatro vezes a potência do principal instrumento do gênero em operação no Brasil), deverá começar a ser montado em 2010. Segundo seu coordenador, José Augusto Perrotta, do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), o sítio mais provável é Aramar (SP), onde a Marinha constrói seu submarino nuclear.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, disse estar inclinado a bancar o projeto. "US$ 500 milhões distribuídos em 6 ou 7 anos não é um número despropositado para o MCT. Já foi um dia, hoje não é mais", disse Rezende à Folha. "Mas é importante ter outros parceiros, e o governo de São Paulo já manifestou interesse."

São Paulo abriga hoje, no campus da USP, dois dos quatro reatores de pesquisa do Brasil. O maior deles é usado para produzir radioisótopos (versões radioativas de elementos químicos)

Na medicina, são usados em radiofármacos, que têm diversas aplicações. A maioria é usada como marcador em exames diagnósticos. Mas também, podem atacar tumores.

Hoje, no Brasil, são feitas todo ano 3,5 milhões de aplicações de radiofármacos. Os dois isótopos mais utilizados são o iodo-131, para diagnóstico de distúrbios de tireoide, e o tecnécio-99. Este último é polivalente: pode ser usado em fármacos para diagnóstico de cânceres e outras doenças no coração, cérebro, fígado e nos ossos. O tecnécio é derivado do molibdênio-99, que é importado. E aqui mora o problema.

Primeiro, o de custo. Segundo Perrotta, o país importa R$ 32 milhões por ano em molibdênio (e R$ 40 milhões por ano em outros isótopos). Com o reator multipropósito em funcionamento, a estimativa do Ipen é passar a faturar até R$ 37 milhões por ano só com molibdênio, e até R$ 25 milhões por ano com iodo-131. Além de dobrar o número de atendimentos em medicina nuclear.

Mas há um fator que a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) diz considerar mais premente para motivar a construção do novo reator: o fornecimento de molibdênio é incerto. Só o Canadá, a Holanda e a África do Sul produzem o elemento em quantidade significativa. E, no último dia 19, a empresa canadense MDS Nordion, que fornece a maioria do molibdênio ao Ipen, anunciou a parada do reator que responde por 40% do fornecimento mundial do isótopo.

PROGRAMA NUCLEAR

O novo reator também teria uma aplicação um pouco menos bem vista: ele deverá ser parte integrante do programa brasileiro de energia nuclear.

Após Angra 3, o governo planeja fazer mais quatro usinas. Hoje o Brasil fabrica o próprio combustível nuclear e importa uma série de materiais, mas a expansão do programa demandará investimentos em mais tecnologia nacional. "A tecnologia de combustível nuclear depende de um reator desses", afirma Perrotta.

O dirigente, também, afasta as preocupações com proliferação atômica. O combustível para o novo reator terá 20% de urânio enriquecido, limite além do qual qual é possível fabricar uma bomba.

"Todas as instalações nucleares do Brasil estão sob inspeção internacional da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica]. Não há dúvida quanto às intenções do país", diz.”

ISRAEL PERSISTE NO ERRO

O jornal Folha de São Paulo publicou ontem em seu editorial:

“Há 42 anos, desde que derrotou vizinhos árabes na Guerra dos Seis Dias e ocupou, entre outras áreas, o território palestino na margem ocidental do rio Jordão, Israel deslancha ali um programa de assentamentos injustificável, que agride o direito internacional. Sob Barack Obama, a Casa Branca volta a insistir no óbvio: o abandono dessa anexação sorrateira é crucial para a existência do Estado palestino.

O primeiro assentamento na Cisjordânia foi erguido sete meses após a vitória israelense. Implantaram-se outros 120 desde então, quer pela omissão, quer pela ação deliberada de diversos governos israelenses, sem importar a coloração partidária ou ideológica.

Foram vários os pretextos alegados para o que deveria restringir-se a uma ocupação militar temporária, pronta para ser desmobilizada mediante um acordo de paz. De saída, a propaganda dizia ser necessário consolidar, com a colonização civil, a conquista militar e assim garantir aquela margem territorial de segurança para futura barganha. Uma leva de colônias foi fixada no extremo leste da região.

Depois, no final dos anos 1970, governos de direita invocaram o risco de Israel ser dividido em dois e implantaram mais uma série de assentamentos, agora pulverizados por todo o território. A expansão continua em vigor.

De pretexto em pretexto, chegou-se ao paroxismo. Mais de 280 mil israelenses (4% da população de Israel) vivem hoje nos assentamentos da Cisjordânia, dificultando mais ainda o futuro estabelecimento de um Estado palestino. Para dar segurança aos assentados, o Exército israelense ali sustenta uma miríade de bloqueios rodoviários e postos de controle, que transtornam o cotidiano dos palestinos.

Decretar o fim da expansão desses assentamentos é o mínimo a exigir de Israel neste momento, a fim de que se abram perspectivas para a retomada de negociações com os palestinos. O premiê Binyamin Netanyahu, entretanto, afirma que vai permitir o "crescimento natural" dessas colônias. Uma provocação irresponsável, além de cinismo na perpetuação do esbulho.”

sábado, 30 de maio de 2009

O SUCESSO DA CHINA E O FRACASSO DO BRASIL NA CONQUISTA DO ESPAÇO: POR QUÊ?

A razão é triste, mas simples e clara.

Foi publicado há pouco mais de um mês, que em palestra na Câmara, o ex-ministro do MCT Roberto Amaral expôs que os recursos financeiros para todas as atividades espaciais brasileiras tiveram um pico máximo, da ordem de US$ 100 milhões, no Governo Sarney. Porém, despencaram nos anos 90, com Collor e o governo dito “neoliberal” do PSDB/PFL (DEM). Chegaram praticamente a zero em 1999, ano em que deveria haver maiores despesas por conta do lançamento do VLS. Naquele ano, foram ridículos US$ 8 milhões para tudo: satélites, centros de lançamento, foguetes científicos suborbitais, foguete lançador de satélites “VLS”, laboratórios, fábrica de propelente, capacitações de especialistas etc.

Nos anos 90, simultaneamente àquele enforcamento financeiro, houve a extinção dos recursos humanos da área espacial, sem autorização de reposições por concursos públicos.

Era a --muito elogiada pela grande mídia-- política de “enxugar” o Estado, com o objetivo oculto de deixá-lo fraco e vulnerável frente aos grandes grupos econômicos e financeiros.

O resultado foi óbvio: a tragédia de 2003.

O Dr Amaral contou, em sua exposição na Câmara, que, quando ocorreu a explosão do VLS em 2003, ele era Ministro da Ciência e Tecnologia e deu uma declaração que provocou muitas críticas. Disse que a causa era a ausência de recursos nos anos “neoliberais”. Ela destruiu os três foguetes VLS e apertou o botão da explosão. Ela matou os 21 cientistas brasileiros.

Por razões misteriosas, dentre todos os grandes países emergentes, somente o Brasil resolveu, naquela década, matar o próprio programa espacial.

A China e a Índia continuaram a investir forte em seus programas espaciais. A Índia na faixa de US$ 750 milhões/ano e a China na ordem de US$ 1,5 bilhão por ano (2005), isto é, quase 200 vezes mais do que o Brasil dos tempos tucanos. Hoje, aqueles países colhem os frutos. Seus respectivos parques industriais usufruíram de grande crescimento no valor agregado dos seus produtos.

O Brasil, por sua vez, com aquela política ficou como querem as grandes potências: exportador agrícola e de matérias-primas e importador de bens caros e sofisticados.

Agora, para recuperar o tempo perdido, não bastam recursos financeiros, que melhoraram um pouco nos últimos anos. Será preciso uma geração para formar novos cientistas espaciais.

Isso tudo me veio à cabeça quando li ontem, no portal UOL, a seguinte reportagem de Kirby Chien da agência norte-americana de notícias Reuters, divulgada em Pequim:

CHINA DIZ QUE LANÇARÁ SONDA PARA MARTE ESTE ANO

“A primeira sonda chinesa para Marte deve ser lançada no segundo semestre deste ano, junto com um foguete russo, disse a agência Xinhua nesta quinta-feira, em mais um marco para o ambicioso programa espacial do país.

A sonda Yinghuo-1 (Vagalume-1) pesa 115 quilos e já passou por um teste importante, disse à Xinhua o subsecretário da Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai, Zhang Weiqiang.

Sua vida útil esperada é de dois anos, e ela deve chegar à órbita de Marte em 2010, após uma viagem de dez meses e 380 milhões de quilômetros, segundo Zhang. A sonda não irá pousar no planeta - apenas circundá-lo e monitorá-lo.

Há alguns meses, uma sonda chinesa caiu na superfície lunar após uma missão de 16 meses, primeiro passo para o envio de um veículo que deverá pousar na Lua em 2012.

No ano passado, a China lançou sua terceira missão tripulada, a primeira com uma caminhada espacial.

Pequim espera um dia levar astronautas à Lua, mas o governo não anunciou prazos para isso.”

LULA, OS POBRES E OS NEGROS

Li hoje no site “Vi o mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha, a seguinte reportagem de Alba Valéria Mendonça, do G1, no Rio:

“Enquanto os intelectuais falam em questões eleitorais complexas, como o pré-sal e a reforma política, o povão se liga em coisas muito mais concretas, como o medo que alguns políticos têm de abraçar pobres e negros.

O presidente Lula tocou neste assunto hoje, no Rio:

Em ato do PAC, Lula diz que é preciso não mais eleger 'vigaristas'. Presidente disse que é preciso eleger quem tem compromisso com povo. Presente ao evento, Dilma Rousseff agradeceu solidariedade do público.

O presidente Luiz Inácio Lula da SIlva disse nesta sexta-feira (29), na comunidade de Manguinhos, na zona norte do Rio, que o país pode ser "diferente" se a população aprender a "não eleger mais vigaristas".

Estamos mostrando que esse país pode ser diferente se a gente aprender a não eleger mais vigaristas. Se a gente aprender a eleger pessoas que tenham compromisso com o povo, que não tenham medo de abraçar um pobre, um negro", disse Lula, que visitou obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no subúrbio do Rio.

CAMPANHA

Bastante aplaudido durante o discurso, Lula brincou com o público presente ao afirmar que não é ele quem fala em campanha nos eventos, mas o povo.

“Depois vão dizer que eu falei em campanha. O Lula não falou em campanha, vocês é que falaram esse nome aí”, disse Lula, após ser saudado com gritos de “fica, fica, fica” ao anunciar que só voltará à comunidade em dezembro de 2010, quando, segundo ele, entregará o mandato a outra pessoa.

Aos gritos pedindo a permanência do presidente, misturaram-se outros saudando a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que retomou sua agenda de eventos públicos após ter sido internada na semana passada com dores em decorrência do tratamento de câncer linfático.”

ACIDENTE DA GOL

NÃO SE CONFIRMA O PUBLICADO PELA FOLHA DE SÃO PAULO, DE QUE LULA FORA O ASSASSINO DOS PASSAGEIROS DO AVIÃO DA GOL NA TRAGÉDIA DE SETEMBRO 2007

CERTAMENTE, O JORNAL, COM O MESMO DESTAQUE, FARÁ SUA “MEA CULPA”


O jornal Correio Braziliense ontem publicou

NOVA DENÚNCIA CONTRA PILOTOS

“O Ministério Público Federal enviou nesta quinta-feira à Justiça Federal nova denúncia contra os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que pilotavam o jatinho Legacy envolvido no acidente com o avião da Gol em setembro de 2007, quando 154 pessoas morreram. A denúncia se baseou em dois novos laudos periciais que identificaram a ocorrência de mais duas condutas que também foram causa do acidente. Os laudos são resultado do estudo e análise do relatório sobre o acidente feito pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), de dezembro de 2008. Indicam duas falhas que ainda não haviam sido identificadas: os pilotos omitiram a informação de que o jato não possuía autorização para voar em uma área tida como espaço aéreo especial e o não ligaram em nenhum momento do voo o sistema anticolisão (TCAS).

Ainda sobre o mesmo assunto, li no jornal O Estado de São Paulo a seguinte reportagem de Fátima Lessa, de Cuiabá:

CONTRA PILOTOS DO LEGACY, MAIS ACUSAÇÕES

MINISTÉRIO PÚBLICO ENVIOU À JUSTIÇA COMPLEMENTO DE DENÚNCIA


“O Ministério Público Federal em Mato Grosso apresentou ontem à Justiça Federal um complemento de denúncia (acusação formal) contra os pilotos americanos do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, em setembro de 2006, causando a morte de 154 pessoas. Os laudos periciais feitos por Roberto Peterka e pelo advogado de assistência da acusação, Dante Daquino, que apontam falhas que ainda não haviam sido identificadas e que também foram causa do acidente, são resultados do estudo e análise do relatório sobre o acidente feito pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), de dezembro de 2008. A denúncia é assinada pelos procuradores Analícia Ortega Hartz Trindade e Thiago Lemos de Andrade.

De acordo com a denúncia, os pilotos omitiram a informação de que o jato não tinha autorização para voar em uma área tida como espaço aéreo especial e não ligaram em nenhum momento do voo o sistema anticolisão TCAS (sigla para Traffic Alert and Colision Avoidance System). O TCAS é um instrumento que dá informações ao piloto sobre a existência de outras aeronaves nas proximidades, para evitar colisão. Em situações críticas, quando o risco de colisão é iminente, o TCAS emite alertas. O plano de voo do Legacy foi apresentado pelo setor de apoio ao cliente da Embraer, a pedido dos pilotos, como cortesia à empresa Excel Air, que havia comprado o jato no dia anterior. Esse plano de voo, entretanto, continha informação falsa de que o jato Legacy atendia aos requisitos para voar em espaço aéreo sob condição de separação vertical reduzida, conhecido pela sigla em inglês RVSM.

Na avaliação do perito que fez os laudos, o piloto do Legacy estava obrigado a informar a condição da aeronave não aprovada para RVSM desde o primeiro contato com o Serviço de Solo de São José dos Campos. A transcrição dos contatos mantidos entre a aeronave e o controles de voo comprovam que essa informação não foi prestada em nenhum momento.

Os dois pilotos foram denunciados pelo crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo - como houve mortes, a pena nesses casos é equiparada à do homicídio culposo.

Os procuradores explicaram que a decisão de fazer uma nova denúncia, em detrimento do aditamento já existente, tem o objetivo de acelerar o processo de análise pela Subseção da Justiça Federal em Sinop (MT). A análise é de recurso do Ministério Público Federal contra a decisão que absolveu pilotos e controladores de algumas condutas. O MPF espera que essa nova denúncia seja recebida e processada para que, ao final, seja julgada junto com a ação penal que resultou da denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal em 2007.

Procurada, a defesa dos pilotos preferiu não se manifestar.”

PAÍS VAI CRESCER ENTRE 3% E 4% EM 2010, AFIRMA MANTEGA

Li ontem no portal UOL a seguinte reportagem de Juliana Rocha:

“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o crescimento econômico do ano que vem será entre 3% e 4%. A expectativa é menor do que a previsão oficial de 4,5% incluída pelo governo na proposta de LDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias). A estimativa oficial para este ano é um crescimento de 1%.

Em audiência pública no Senado, o ministro fez a avaliação de que a crise ainda não acabou, mas o Brasil já retomou o crescimento.

Em referência à avaliação da FGV (Fundação Getulio Vargas) de que o Brasil entrou em recessão no último trimestre do ano passado, Mantega disse que esse é um dado do passado "visto pelo retrovisor".

Questionado pelos senadores sobre a desvalorização do dólar em comparação com o real, ele disse que uma das saídas para "enxugar" a liquidez no mercado de câmbio é a compra de dólares para aumentar as reservas internacionais do país.

O ministro disse ainda que os juros no Brasil são muitos altos e falta crédito para empresas.

"O importante é que, olhando para a frente, já estamos em recuperação. Ainda temos o problema sério do crédito. A taxa de juros é muito alta, atrapalha a produção", afirmou.”

BOVESPA GANHA 42%, MELHOR RESULTADO ACUMULADO EM 10 ANOS

O portal UOL ontem divulgou, com informações da agência francesa de notícias AFP, da norte-americana Reuters e do jornal Valor Online:

“A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou esta sexta-feira em alta de 0,3%, aos 53.197,73 pontos. Segundo a consultoria Economatica, o resultado da Bolsa até agora é o melhor em dez anos. Os ganhos acumulados nos cinco primeiros meses somam 41,7%, a variação mais alta desde 1999, quando o ganho foi de 63,5% no mesmo período de cinco meses.

Em maio, o Ibovespa (principal índice da Bolsa paulista) ganhou 12,5%.

A cotação do dólar comercial caiu 1,69%, a R$ 1,975. É a primeira vez em mais de sete meses que a moeda fechou abaixo de R$ 2,00. A última vez foi em 1º de outubro, quando a cotação chegou a R$ 1,925.
O dia teve agenda intensa de indicadores. No Brasil, a confiança da indústria saltou 6% em maio e completou o quinto mês seguido de alta.

"O avanço do índice pelo quinto mês consecutivo confirma a tendência de recuperação gradual do ritmo de atividade industrial após o forte declínio ocorrido ao final do ano passado", diz a FGV, responsável pela pesquisa do indicador.

Após dados revisados, a economia dos Estados Unidos encolheu 5,7% no primeiro trimestre. A expectativa do governo era de queda de 6,1% no PIB (Produto Interno Bruto).

No Japão, dois dados importantes foram divulgados. A taxa de desemprego subiu 0,2 ponto em abril na comparação com março para o maior nível em cinco anos. Já a produção industrial no país subiu 5,2%, na maior alta desde 1953.

Na zona do euro, a inflação chegou a zero em maio pela primeira vez na história do bloco. Na Suécia, o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 6,5% no primeiro trimestre, no maior recuo desde o início do cálculo do índice.

Na Ásia, as Bolsas fecharam em alta e o índice de Tóquio atingiu o maior nível em sete meses após subir 0,75%. O índice que reúne as principais Bolsas asiáticas com exceção da japonesa atingiu o maior nível desde o início de outubro.”

IBOPE: LULA MAIS BEM AVALIADO QUE FORÇAS ARMADAS, IGREJA E IMPRENSA

O jornal Correio Braziliense publicou 5ª a seguinte nota de Denise Rothenburg e Guilherme Queiroz:

“Acaba de sair do forno mais uma pesquisa eleitoral, desta vez, encomendada ao Ibope pelo presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A consulta será usada para mostrar ao presidente Lula que, num cenário de José Serra ou Aécio Neves versus Dilma Rousseff, os votos do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) vão em sua maioria para o PSDB. Na pesquisa do Vox Populi encomendada pelo PT, essa transferência de Ciro para o PSDB ficou na faixa dos 7%. Na pesquisa do Ibope está na casa dos 9%.

Em tempo: a consulta mostra ainda que Lula é hoje quem tem a avaliação mais favorável entre instituições e pessoas, com 79%, acima das Forças armadas, que têm 75%. Em seguida vêm os sindicatos e o Ministério Público, com 74%. A Igreja Católica e a imprensa aparecem logo abaixo, com 71%.”

REAL FORTE, ECONOMIA FRACA

O jornal Folha de São Paulo, na coluna semanal de Paulo Nogueira Batista Jr., publicou o artigo abaixo. O autor é diretor-executivo no FMI, onde representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago).

PARA EVITAR A VALORIZAÇÃO DO REAL, É PRECISO INTENSIFICAR A ACUMULAÇÃO DE RESERVAS E ACELERAR A REDUÇÃO DOS JUROS

“O REAL voltou a se valorizar, invertendo grande parte da depreciação acumulada desde o agravamento da crise internacional, no final do ano passado. Moeda forte é exatamente como a ponte Rio-Niterói: "Por um lado, é bom; por outro, é Niterói" (Max Nunes).

Por um lado, a valorização é um sintoma de que a economia brasileira começa a escapar da crise. No exterior, prevalece a percepção de que o país resistiu bem à gravíssima turbulência internacional. Essa percepção, aliada a certa melhora do quadro mundial e aos juros altos no Brasil, está levando a um aumento da demanda por ativos em reais e a entradas significativas de capital. A valorização cambial também ajuda a controlar a inflação, que já vinha em queda por conta da recessão.

Por outro lado, a valorização ameaça a competitividade das exportações brasileiras, já fortemente prejudicadas pela recessão mundial.

Representa, além disso, um estímulo à importação, favorecendo a substituição de produção nacional por bens e serviços externos. A queda das exportações e o deslocamento da produção nacional por importações contribuem para dificultar a retomada da economia.

Como lidar com o problema? A acumulação de reservas é uma alternativa atraente, que vem sendo adotada pelo Banco Central desde o início do mês. Ao intervir no mercado de câmbio, absorvendo o excesso de oferta de moeda estrangeira, o BC alcança dois objetivos: a) segura a apreciação do real, impedindo pelo menos parcialmente a perda de competitividade; e b) eleva o nível das reservas, reforçando a proteção contra choques externos e garantindo a autonomia do país.

O aumento das reservas para mais de US$ 200 bilhões, que ocorreu antes da fase mais grave da crise mundial, é um dos fatores que explicam o desempenho relativamente favorável do Brasil em circunstâncias muito adversas. Diversos outros países em desenvolvimento, que não tinham a proteção proporcionada por reservas elevadas, sofreram crises cambiais e tiveram que bater às portas do FMI. O Brasil, inversamente, irá emprestar dinheiro ao Fundo, pela primeira vez na história.

Tivemos, entretanto, alguma perda de reservas. As reservas brasileiras, no conceito de caixa, caíram de US$ 206 bilhões no final de setembro de 2008 para US$ 191 bilhões no final de abril de 2009, uma perda de US$ 15 bilhões.

Convém aproveitar a conjuntura mais favorável para recompor as reservas. Neste mês, até o dia 22, as reservas aumentaram em US$ 4,5 bilhões. Um esforço adicional de acumulação de reservas ajudaria a conter a tendência de apreciação do real e poderia trazer as reservas para o nível observado antes da intensificação da crise, em outubro.

A valorização acentuada do real sugere também que a taxa de juro continua fora do lugar, apesar das diminuições recentes. O diferencial de juros entre o Brasil e o resto do mundo ainda é muito alto, contribuindo para o fortalecimento do real. Os juros altos também obstruem a recuperação da demanda interna. Portanto, uma diminuição mais rápida dos juros internos traria um duplo benefício: contribuiria para conter a perda de competitividade externa e apressaria a recuperação do mercado interno.

Em suma, o governo tem instrumentos para lidar com o problema. Trata-se basicamente de intensificar a acumulação de reservas e acelerar a redução dos juros. É recomendável, porém, agir com rapidez, evitando que se instale a expectativa de um novo ciclo de valorização da moeda brasileira.”

BACHARÉIS EM DIREITO PAULISTAS SÃO OS PIORES, SEGUNDO OAB

O jornal Folha de São Paulo divulgou esta semana:

NA LANTERNA

“Fala por si própria a taxa de reprovação de bacharéis em direito paulistas no exame unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): 88%. São Paulo ficou na lanterna, ao lado de Mato Grosso e Amapá. Só em cinco Estados -Sergipe à frente, com 33%- aprovou-se mais de um em cada quatro candidatos.

Causa espécie, de todo modo, o mau desempenho de São Paulo. No primeiro ano de adesão da OAB-SP ao exame nacional, frustra-se a expectativa de uma melhora. Quando a seleção no Estado era organizada pela seccional, a última taxa tabulada, a de 2007, registrou 68% de fracassos.

Para a OAB-SP, isso está relacionado com a "mercantilização" do ensino de direito -eufemismo para a péssima qualidade das escolas. Nada haveria de errado com a proliferação das faculdades se a grande maioria formasse profissionais aptos. O problema não está em obter lucro, mas em ludibriar estudantes, sob o olhar complacente dos responsáveis pela regulação do setor.

Só recentemente o MEC pôs-se a agir contra as más escolas. Em 2008, totalizou 16 mil vagas interditadas em cursos que obtiveram notas baixas no Enade, exame oriundo do antigo provão. Sozinho, o Estado de São Paulo responde por mais de 14 mil das vagas fechadas.

A ampliação da clientela das faculdades possibilita desenvolvimento pessoal e profissional a toda uma geração de brasileiros cujos pais não tiveram a mesma oportunidade. Que esses jovens passem mais quatro ou cinco anos na escola já é algo louvável. Mas a obrigação das autoridades é garantir um mínimo de qualidade no ensino.

No caso dos cursos de direito, vale lembrar, a existência do exame da Ordem impede profissionais desqualificados de exercer a profissão. Ainda há categorias tão ou mais relevantes, como os médicos, que resistem à implantação de exames certificadores.”

MÍDIA E TUCANOPEFELENTOS EUFÓRICOS COM A CONSTATAÇÃO DO NYT

PORÉM, AZAR DO BRASIL

CPI DA PETROBRAS AMEAÇA PLANO FISCAL DO BRASIL, DIZ 'NEW YORK TIMES'


A agência britânica de notícias BBC divulgou a seguinte notícia sobre reportagem publicada quinta-feira pelo diário americano The New York Times:

“As investigações sobre a Petrobras no Congresso brasileiro ameaçam complicar os esforços do governo de aumentar as suas receitas com os recursos dos novos campos de petróleo, afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo diário americano The New York Times.

A CPI da Petrobras foi aprovada há duas semanas pelo Senado brasileiro para investigar acusações de que a estatal teria sonegado impostos e concedido contratos ilegais.

Segundo o jornal, "as investigações podem se mostrar um constrangimento para o governo de Lula, que quer modificar a legislação de petróleo para extrair uma porcentagem ainda maior de recursos das reservas em águas profundas".

A reportagem afirma ainda que a CPI pode prejudicar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, escolhida por Lula como candidata à sua sucessão, já que ela é também presidente do conselho da companhia. O jornal diz que Lula, que já afirmou querer usar os recursos adicionais com o petróleo para estabelecer fundos para programas sociais, classificou a CPI de "irresponsável" e "não patriota". A reportagem comenta ainda que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que as investigações têm motivação política e que podem afetar a imagem da companhia, mas que não prejudicarão.”

BRASIL VOLTA A SER O PARAÍSO DOS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS, DIZ 'EL PAÍS'

A agência britânica de notícias BBC publicou ontem a seguinte notícia sobre reportagem publicada quinta-feira pelo diário espanhol "El País":

“O Brasil voltou a ser "o paraíso dos investidores estrangeiros", segundo afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo diário espanhol "El País" em sua versão online.

"Apesar da crise financeira mundial, os investimentos que chegaram de fora do país duplicaram em abril. Os analistas econômicos opinam que, depois de um primeiro trimestre incerto, os investidores estrangeiros estão devolvendo a confiança ao Brasil", diz o jornal.

Segundo a reportagem, o fato tem duas explicações. A primeira, que a crise mundial afetou apenas "ligeiramente" o Brasil, e o país poderá crescer em 2010 de 4% a 5%, segundo o ministro (da Fazenda) Guido Mantega".

Em segundo lugar, os juros, que já baixaram a 10,25% e podem chegar a 9% até o final do ano, continuam entre os maiores do mundo e "seguem sendo apetitosos para os investidores".

O jornal observa que a não ser que haja uma forte retirada de recursos nos últimos dias do mês, o resultado dos investimentos estrangeiros em maio deverá ser o melhor desde abril do ano passado.

Apesar dos números positivos em relação aos investimentos, a reportagem comenta que eles trazem ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a preocupação com a valorização do real por conta da forte entrada de recursos no país.

"THE TIMES"

A situação econômica do Brasil e os efeitos da crise mundial também foram tema de um artigo de opinião publicado nesta quinta-feira pelo diário britânico "The Times".

O colunista econômico Anatole Kaletsky, após visitas à África do Sul e ao Brasil, diz que os dois países, apesar de atingidos fortemente pela crise, "parecem mais fortalecidos do que deprimidos pela experiência".

"A notável resistência dessas economias e a confiança de suas comunidades empresariais, de sua mídia e de seus mercados financeiros, em contraste com a melancolia apocalíptica na Grã-Bretanha, Europa e Estados Unidos, destaca as três transformações que esta crise trouxeram à tona", diz o colunista.

A primeira transformação, segundo ele, é a emergência da classe média nos países desenvolvidos como principal motor do crescimento econômico global nas próximas décadas.

Ele observa que os cálculos do FMI indicam que as economias emergentes contribuirão com 100% do crescimento global até 2010, e pelo menos 70% nos cinco anos seguintes.

A segunda transformação, de acordo com Kaletsky, é "a habilidade das economias emergentes de determinar seus próprios destinos, independentemente do sucesso ou do fracasso das políticas econômicas dos Estados Unidos ou da Europa".

"Apesar de as economias emergentes não terem conseguido se isolar completamente da crise global, elas conseguiram finalmente refutar o clichê de que quando os Estados Unidos espirram, o mundo pega pneumonia", diz o artigo.

A terceira mudança, segundo o colunista, é a transformação política e social provocada pelo crescimento da classe média, com o fortalecimento de democracias de livre-mercado plurais e liberais.”

SETOR PÚBLICO TERMINA ABRIL COM SUPERÁVIT NOMINAL

Li no UOL a seguinte reportagem de Azelma Rodrigues do Valor Online:

“As contas públicas consolidadas apresentaram superávit nominal de R$ 313 milhões em abril. Em igual período do ano passado, houve também superávit nominal, de R$ 3,842 bilhões. As informações são do Banco Central (BC).

Esse é o resultado do desempenho das contas da União, estados, municípios e estatais, levando-se em consideração o movimento de caixa e o pagamento de juros. O saldo positivo do mês se deve ao fato de a economia para pagamento de juros (R$ 12,494 bilhões) ter sido suficiente para cobrir os juros apropriados (R$ 12,182 bilhões).

No quadrimestre, houve déficit nominal nas contas públicas de R$ 17,499 bilhões, o equivalente a 1,87% do Produto Interno Bruto (PIB). Um ano antes, porém, o resultado foi positivo, em R$ 6,885 bilhões, ou 0,77% do PIB.

Nos 12 meses terminados em abril, o déficit nominal situou-se em R$ 68,691 bilhões, ou 2,34% do PIB, excedendo o resultado deficitário dos 12 meses até março, de R$ 65,162 bilhões (2,23% do PIB).”

MANTEGA TRAÇA CENÁRIO POSITIVO PARA O BRASIL APESAR DA CRISE MUNDIAL

O jornal Valor publicou, com informações da Agência Senado:

“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, traçou um cenário favorável para a economia brasileira em meio à crise financeira mundial em audiência pública no Senado nesta quinta-feira.

De acordo com ele, a recuperação gradual da economia interna se deve às políticas públicas para aumento da oferta de crédito e redução da taxa de juros básica (Selic) e de tributos incidentes sobre a produção industrial.

O crescimento de 5,1% alcançado pela economia brasileira em 2008 impediu, disse o ministro, que o país entrasse em recessão.

Mantega afirmou também que o Brasil passou a atrair um fluxo maior de capitais estrangeiros e teve crescimento superior a 7% na massa salarial entre abril de 2008 e abril de 2009, além da queda gradual na relação dívida pública bruta/PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas do país) de 60% em 2008 para 57% em 2009.

O fato de as exportações só participarem com 13% do PIB também teria contribuído, afirmou o ministro, para amortecer os efeitos da crise mundial sobre a economia brasileira, que depende mais do mercado interno.

Mantega atribuiu essa blindagem também ao desempenho fiscal das contas púbicas, à solidez do sistema financeiro brasileiro e pela manutenção de um volume significativo de reservas internacionais, da ordem de US$ 205 bilhões.

"Os novos protagonistas no cenário internacional são os países emergentes -o Brasil entre eles -, que apresentam dinamismo econômico maior, contas públicas e externas mais equilibradas, recursos naturais abundantes e modernizaram sua estrutura produtiva", comentou.

Em relação à oferta de crédito, o ministro da Fazenda defendeu sua ampliação para a pessoa jurídica, que ainda amarga taxa de spread bem mais elevada que a cobrada da pessoa física. Ele admitiu que esse é um problema crônico na economia brasileira, agravado pela crise financeira mundial.”

DESPESAS COM JUROS BATEM RECORDE MÍNIMO

O MENOR PATAMAR DESDE MAIO DE 1998 PARA A RELAÇÃO DESPESAS/PIB

O jornal Valor Online ontem publicou a seguinte reportagem de Azelma Rodrigues:

Juro menor começa a reduzir endividamento público

“O efeito benéfico da queda dos juros sobre a dívida líquida do setor público tem sido amortecido pela variação cambial. Somente em abril, a queda de 5,92% na cotação do dólar gerou aumento de R$ 23,08 bilhões, enquanto a apropriação de juros teve queda de R$ 1,9 bilhão sobre o mês anterior.

De acordo com o Banco Central (BC), as despesas com juros atingiram 5,41% do Produto Interno Bruto (PIB) nos 12 meses terminados em abril, sendo o menor patamar desde maio de 1998 (5,38%) para a mesma relação.

A trajetória de redução da taxa básica Selic, conforme explicou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, passou a ter reflexos benignos sobre a dívida. Para cada 0,1 ponto percentual de queda na Selic, mantido por 12 meses, há uma diminuição de 0,28 ponto na relação dívida versus PIB.

Já o câmbio tem efeito inverso, porque o governo tem ativos atrelados ao dólar, como as reservas internacionais. Para cada 1% de queda do dólar, o impacto é de 0,14 ponto percentual do PIB na dívida, em sentido contrário, de forma imediata.

No mês passado, por exemplo, o dólar caiu 5,92% e o aumento na dívida foi equivalente a 0,8 ponto do PIB. A dívida saiu de 37,6% em março para 38,4% em abril.

Lopes comentou que os movimentos do câmbio sobre a dívida tem efeitos "pontuais", mesmo considerando que, desde janeiro, a apreciação do câmbio já elevou a dívida em R$ 36,9 bilhões.

Na análise do técnico do BC, o que importa para manter a relação dívida versus PIB em trajetória de queda "é um comportamento fiscal mais eficiente, de ações saneadoras do Estado nas contas públicas, e isso é o que tem sido visto nos últimos tempos", complementou.

Segundo o BC, a dívida bruta recuou de R$ 1,812 trilhão em março para R$ 1,797 trilhão em abril, tendo em vista resgate líquido de R$ 15,6 bilhões na dívida pública mobiliária federal interna.”

DESVALORIZAÇÃO DO DÓLAR É BOM SINAL PARA O BRASIL, AFIRMA MANTEGA

Li no UOL a seguinte notícia divulgada pela Agência Brasil:

“Ao participar de audiência pública no Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o processo de desvalorização do dólar que vem ocorrendo no Brasil é um bom sinal para o país, porque mostra a confiança de investidores externos na economia nacional.

Mantega acrescentou que o lado negativo, no entanto, é o encarecimento das exportações brasileiras, como consequência do real mais caro.

Segundo o ministro, nos últimos três meses houve desvalorização da moeda americana de 17,76% e, nos últimos 30 dias, de 9,84%.

Para Mantega, o lado positivo da crise financeira internacional é que ela pode trazer oportunidades. Como exemplo, ele citou a consolidação da economia dos países emergentes e a aceleração de mudanças na área, como o acúmulo de reservas internacionais. O ministro acredita que o Brasil pode ultrapassar os US$ 205 bilhões em reservas de que dispõe hoje.

Outra oportunidade com a crise, segundo Mantega, é o enfraquecimento do dólar, do euro, da libra e do iene, fortalecendo ainda mais as moedas chinesa e brasileira.”

FOTOS DE ABUSO QUE OBAMA NÃO QUER PUBLICAR INCLUEM ESTUPROS, DIZ GENERAL

A agência espanhola de notícias EFE publicou esta semana, em Londres, a seguinte notícia (li no UOL):

As fotografias de abusos de detidos na luta antiterrorista que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não quer que sejam publicadas incluem estupros e agressões sexuais.

Entre 2004 e 2006, a imprensa divulgou imagens de abusos e torturas cometidos por soldados

Após as denúncias de violações de direitos humanos, EUA transferiram o controle da prisão para o governo iraquiano

A informação foi confirmada ao jornal britânico "The Daily Telegraph" pelo general Antonio Taguba, que realizou uma investigação sobre o ocorrido na prisão iraquiana de Abu Ghraib.

O relatório que Taguba publicou em 2004 continha acusações desse tipo de abuso, mas não chegou a ser revelada a existência de fotografias que documentavam esses fatos.

As imagens contidas em algumas dessas fotos pode explicar, segundo o jornal, as tentativas de Obama de impedir a publicação de cerca de duas mil fotografias de prisões do Iraque e Afeganistão, apesar de uma promessa anterior em sentido contrário.

Taguba, que se aposentou em janeiro de 2007, expressou seu apoio à decisão de Obama, ao assinalar que as imagens mostravam cenas de "torturas, abusos, violações e todo tipo de atos indecentes".

Pelo menos uma das fotografias mostra um soldado americano estuprando supostamente uma prisioneira, enquanto em outra aparece um intérprete violando um detido do mesmo sexo.

"Não tenho certeza de que sentido, salvo o puramente legal, teria a publicação dessas fotos, e a consequência seria pôr em perigo nossas tropas, únicos protetores de nossa política externa, quando mais necessitamos", disse o general.

"A mera descrição dessas fotos é suficientemente horrível, podem acreditar em mim", acrescentou.”

sexta-feira, 29 de maio de 2009

LULA E SEU POVO

Li hoje no blog do Favre o seguinte texto de Mino Carta publicado na revista Carta Capital (SP) • Nacional desta semana: •

A MAIORIA IDENTIFICA-SE NATURALMENTE COM O IGUAL QUE CHEGOU AO PODER

Dizem que Luiz Inácio Lula da Silva é um predestinado, bafejado pela fortuna e protegido pelos deuses gregos. Pode ser. Teriam sido elas, a sorte e as divindades do destino, que, por exemplo, depositaram Fernando Henrique Cardoso no caminho de Lula. Ou atiçaram a gula chinesa e indiana por nosso minério de ferro e nossa soja.

Sim, o príncipe dos sociólogos foi o grande cabo eleitoral do ex-torneiro mecânico nas eleições de 2002. O currículo presidencial de quem conseguiu quebrar o País por três vezes e o deixou à míngua é realmente imbatível. A bola quicou na pequena área, o goleiro agarrou ar puro, só faltou empurrar malhas adentro.

É inegável também que a situarão mundial contribuiu para elevar os índices de crescimento ao longo do governo Lula. Mas ele não chegou lá por acaso. Não se desmereçam os senhores do destino, tampouco o nosso herói. Desde a adolescência, quando a mãe faxineira enterrava os filhos menores até o pescoço no quintal para que não se afastassem da casinhola enquanto trabalhava, Lula fez a sua própria sorte.

Fosse ele um gato, diríamos que estes quinze anos devida de CartaCapital registram o ensaio do pulo e o próprio, pontualmente repetido graus às artimanhas do já citado FHC para alcançar a sua reeleição em 1998. Não imaginava que o espelho do futuro refletiria alguém mais bem-sucedido e infinitamente mais popular.

Pois é, os senhores emplumados (de penas medíocres) não contavam com o povo, o que faz sentido em um país onde sonham e por ora realizam a democracia sem povo. Eis um aspecto muito relevante na eleição e na reeleição de Lula. A conexão entre este e a maioria dos brasileiros atingiu enfim uma definição clamorosa.

Não é que a mídia, face peremptória do poder, não se tenha empenhado com força total para neutralizar o Sapo Barbudo, como se deu em 1989, 1994 e 1998. Desta vez não colou, em primeiro lugar, pela razão já apontada: o naufrágio do governo FHC, tragado de vez pelo redemoinho do segundo mandato.

Como se sabe, o povo brasileiro vive no limbo, ao trazer no lombo a marca do chicote da escravidão. Inerte, resignado, em parte inconsciente da cidadania. O poder planta-se sobre esta apatia. Graças a FHC, em 2002 o mecanismo não funcionou, com a inegável colaboração do escasso apelo do candidato José Serra. E a vitória de Lula foi, inclusive, a derrota da mídia.

Desde a campanha, com a Carta aos Brasileiros, o candidato do PT cuidou de exibir a sua vocação de conciliador. Em entrevista que me concedeu em fins de 2005, em meio à crise do chamado mensalão, lá pelas tantas ele disse, impassível: “Você sabe que eu nunca fui de esquerda”. Retruquei: “Espera aí”.

O líder da brava resistência à ditadura representada pelas greves do ABC de 1978, 79 e 80 não podia deixar de ser de esquerda. Creio ter sido aquele o principal e eficaz movimento civil organizado contra o regime, fardado e à paisana. Não somente mostrou que no Brasil não havia apenas pelegos, mas também foi berço do Partido dos Trabalhadores, nascido, é bom sublinhar, com uma plataforma ideológica francamente de esquerda.

As mudanças da política mundial e a queda do Muro de Berlim exigiram retoques, nem por isso o PT deixou de ser partido esquerdista, sem detrimento da tendência inegavelmente conciliadora de Lula. Não me surpreenderia se ele dissesse nunca ter lido Marx, suponho que um dos seus modelos seja Dom Quixote, representado na casa modestíssima do operário dos anos 70 por uma estatueta do herói de Cervantes. Enfeitava uma estante de poucos livros.

Aposto, porém, em um Quixote mítico, intérprete de destemor e inconformismo, em lugar do tresloucado cavaleiro fora do seu tempo. Lula mantém os pés no chão e a cabeça na exata atmosfera do presente. Impossível imaginá-lo a navegar nas nuvens. Depois do “espera aí”, invoquei a necessária busca da igualdade em um país tão desigual, e acentuei que bastava caminhar neste rumo para ser de esquerda. Ele admitiu, sem pestanejar.

Desde fins de 1977, quando conheci Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, percebi, e até me pareceu tocar com a ponta dos dedos, seu Q.I. Altíssimo, aliado a uma simpatia invulgar, fatores decisivos da sua facilidade de comunicação. Do seu carisma, como se diz.

Até hoje, não falta quem insista em proclamar sua lida árdua com a gramática e a sintaxe. Sobretudo a sintaxe. Aleivosias cada vez mais ridículas. Grotescas. Lula exprime-se muito bem, mesmo ao tropeçar, eventualmente, no tempo de um verbo.

Já escrevi, e repito: orgulho-me de ter compreendido desde logo que o homem iria longe. Não ouso sustentar que cheguei a imaginá-lo na Presidência da República. Quando chegou, porém, não me caiu o queixo. Esperava dele um governo mais determinado, mais assertivo, mais corajoso, especialmente no combate ao insuportável desequilíbrio social, a meu ver o maior obstáculo à contemporaneidade do Brasil.

Vislumbro no MST o único movimento envolvido nessa direção, mas não vi no governo a intenção de apoiá-lo na justa medida. Não me comovi com o Bolsa Família, conquanto lhe reconheça alguns méritos. De monta discutível, de todo modo. Em contraposição, assisti à tomada de medidas que favoreceram a onda neoliberal e obstaram a produção, conforme o figurino finalmente demolido pela crise global.

Sim, não se tratou de um governo de esquerda, longe disso. Mesmo assim a personagem Lula é de porte notável, a merecer a exclamação de Barack Obama, este é “o cara”. Trata-se de um campeão da confiança em si mesmo, primeiro motivo da obstinação bem posta. O reconhecimento internacional premia uma política exterior afirmativa, digna de um país consciente das suas primazias, e, ainda mais, a devastadora empatia da figura presidencial.

Os motivos do sucesso lá fora são, de todo modo, diversos daqueles que levam a índices de aprovação nunca navegados no País. O presidente mais popular da história do Brasil, para desespero da mídia nativa, deve seu êxito sem paralelos à identificação com seu povo. A maioria dos brasileiros enxerga nele o semelhante, no sentido mais completo da palavra, que se sentou no trono.

Até hoje a mídia não perde a oportunidade, por mais vaga ou descabida, para apontar Lula e seu governo à execração pública. Furo n’água. Rapazes, desistam, enquanto ele for presidente. A maioria fecha com ele em quaisquer circunstâncias. Automaticamente. Roboticamente. Donde o retumbante fracasso da mídia, rosto do poder.

Este também é fato inédito. Talvez se trate do maior mérito, da maior qualidade do governo Lula. De forma muito mais clara do que no caso de Getúlio Vargas, o velhinho sorridente, estabeleceu-se uma ligação direta entre a nação e seu líder.

Não convém iludir-se, contudo, com a derrota da mídia. E, portanto, dos vetustos donos do poder. O próximo presidente não será um ex-torneiro mecânico habilitado à Presidência da República. Conquanto não venha a cair meu queixo se, ao contrário do que os analistas vaticinam, Lula conseguir mais uma façanha: transferir ao seu candidato, ou melhor, candidata, o peso da sua avassaladora popularidade.

A verificar. Sobra a certeza: o sucessor, seja quem for, não contará com o apoio automático, robótico, da nação. Com todas as implicações desta situação. Suas escolhas terão de ser muito mais nítidas. À direita ou à esquerda. Lula é sempre entendido, se for o caso, sempre perdoado. Santificado, ao cabo. O destino do futuro presidente é muito mais complexo e difícil, porque não gozará de tais regalias. O burguês em lugar do operário.

Vem à tona a memória do passado, o ABC, o sindicato naquela ladeira íngreme, o Estádio de Vila Euclydes lotado, Lula no palanque. Deitava sua oratória impetuosa, às vezes tropeçava no tempo dos verbos. Recordo também Fernando Henrique, esforçou-se para impedir que Raymundo Faoro subisse ao palanque do presidente do sindicato. Tentativa fracassada, 30 anos atrás.

Estranhos, singulares, misteriosos cruzamentos de pessoas e pensamentos. Me ocorre um almoço em um bar de São Bernardo, entre Lula e FHC, não sei bem por que me sentei à mesma mesa. Creio ter sofrido sardinhas fritas e ovos duros. Lembro que murmurei aos ouvidos dos meus botões: “Sujeitos muito diferentes…”

LULA É MAIS BEM AVALIADO DO QUE A IGREJA E A IMPRENSA

Ontem, o jornal Correio Braziliense publicou a seguinte nota de Denise Rothenburg e Guilherme Queiroz:

“Acaba de sair do forno mais uma pesquisa eleitoral, desta vez, encomendada ao Ibope pelo presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

(...)

EM TEMPO: a consulta mostra ainda que Lula é hoje quem tem a avaliação mais favorável entre instituições e pessoas, com 79%, acima das Forças armadas, que têm 75%. Em seguida vêm os sindicatos e o Ministério Público, com 74%. A Igreja Católica e a imprensa aparecem logo abaixo, com 71%.”

MÍDIA NA AMÉRICA LATINA: UM SETOR QUE TUDO PODE

Li hoje no site “vermelho” o seguinte artigo escrito por Mário Augusto Jakobskind, publicado no site Direto da Redação:

A sociedade civil do continente está se aprofundando na questão da mídia e não aceita que os espaços midiáticos continuem sob o domínio absoluto de um patronato que tudo pode. No Brasil, o tema da democratização dos meios de comunicação está na ordem do dia. O patronato não aceita nem discutir e responde sempre com o argumento, confundindo liberdade de imprensa e expressão com liberdade de empresa.

Vale então o registro do que acabou de acontecer na Bolívia, até porque este tipo de informação dificilmente é divulgado nos espaços midiáticos conservadores. Por lá, o presidente Evo Morales aprovou decreto reservando espaços dos meios de comunicação para a livre opinião dos jornalistas e outros trabalhadores ligados a sindicatos de imprensa.

O porta-voz da Presidência, Iván Canelas, revelou que todas as opiniões serão assinadas e os meios impressos deverão fornecer o mesmo espaço que se destina aos editoriais. No caso de rádios e televisões, serão disponibilizados três minutos para uso diário.

Alguém deve estar perguntando: mas quem garante que os profissionais de imprensa que emitirem opinião contrária ao da empresa não serão vítimas de represália? Prevendo essa possibilidade, o decreto proíbe qualquer ação repressiva contra quem expôs ponto de vista divergente ao da empresa onde trabalha.

Não será surpresa se o decreto for criticado pela Sociedade Interamericana de Imprensa, que certamente dirá que a liberdade de imprensa corre perigo na Bolívia. O patronato do setor tenta ignorar um fato concreto: proprietário de veículo de comunicação é diferente de um dono de fábrica de salsichas ou algo do gênero.

Antes de o lucro contemplar os seus bolsos, os proprietários de jornais, televisões e rádios têm a obrigação de respeitar a opinião pública e aceitar a pluralidade. Não podem agir como se notícias fossem apenas mercadorias e está acabado.

O Equador é outro país em que a mídia está em debate. No Fórum Equatoriano da Comunicação diversas organizações sociais analisam a proposta de uma nova Lei de Comunicação, que será apreciada pela Assembléia Nacional, que terá até outubro próximo para aprovar uma nova legislação do setor.

O Fórum propõe, entre outras coisas, a divisão eqüitativa dos espaços midiáticos: 33% para os setores público, privado e comunitário. Não se surpreendam, portanto, se em breve a SIP, em parceria com a Organização dos Estados Americanos (OEA) voltar às baterias contra o Equador.

A Argentina também está discutindo uma nova legislação na área midiática. O governo de Cristina Kirchner, que recém enviou projeto para a discussão do tema no Congresso, vem sofrendo duras críticas dos setores conservadores, que se repetem nos diversos meios de comunicação do continente. Ou seja, mesma pauta, mesmos pontos de vista, mesmo tudo, para evitar questionamentos e impedir que a democracia avance nos espaços midiáticos.

No Brasil, o patronato está se armando para evitar que em dezembro próximo, quando será realizada a Conferência Nacional de Comunicação, haja um avanço no processo de democratização dos meios de comunicação.

Como por aqui a mídia hegemônica tudo pode, sem questionamentos, acabou de acontecer um fato lamentável, para variar envolvendo a Rede Globo. Num dos capítulos do seriado Força Tarefa foi abordado o tema milícia, tendo como cenário a comunidade de Rio das Pedras, controlada por paramilitares (milicianos) e teve como ator coadjuvante José Roberto Moreth, mais conhecido como Beto Bomba, no papel de corregedor.

O “ator” da Globo, que também preside a Associação de Moradores de Rio das Pedras, foi apontado pelo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Deputado Marcelo Freixo, como uma das 225 pessoas envolvidas com as milícias. Beto Bomba está sendo investigado pelo Ministério Público e é acusado de homicídio e extorsão. A Globo ainda por cima desrespeitou a legislação que exige o registro profissional de ator.

Será que os responsáveis pelo seriado não sabiam disso? Ou será que, como acreditam que a Rede Globo tudo pode, nada acontece, não tem problema algum transformar um marginal como Beto Bomba em ator?

Não é de hoje que a teledramaturgia da Rede Globo faz das suas. Na novela Duas Caras, escrita por Aguinaldo Silva, teve um personagem, Juvenal Portela, interpretado por Antonio Fagundes, que era miliciano. Aguinaldo possivelmente também se inspirou em Rio das Pedras, que na ficção era a Portelinha.

Por estas e muitas outras, os espaços midiáticos não podem agir como bem entendem, visando apenas a corrida desenfreada pelo ibope. E questionar isso não é censura, como muitas vezes acusam os barões da mídia e seus áulicos.

Em tempo: Ao se encontrar neste fim de semana com o presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, o presidente do Equador, Rafael Correa, disse que quando estiver presidindo a Unasul (União dos países sul-americanos) vai propor formalmente a criação de instâncias que defendam os cidadãos e os governos eleitos legitimamente dos abusos da imprensa. Correa considera a imprensa equatoriana ''corrupta, instrumento da oligarquia'' e principal ''inimigo da mudança'', tanto em seu país como na Venezuela.

Não percam por esperar novos pronunciamentos da SIP contra Correa.”

PETROBRAS ANUNCIA CRIAÇÃO DE 1 MILHÃO DE EMPREGOS ATÉ 2013

Li hoje no site “Vermelho”:

“Os investimentos da Petrobras no Brasil devem gerar mais de 1 milhão de novos postos de trabalho entre 2009 e 2013. Dos 104,6 bilhões de dólares que a companhia pretende aplicar no período nas áreas de exploração e produção, 92 bilhões de dólares vão ficar no Brasil e aquecer o mercado interno. As informações são do diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, que participou, nesta quarta-feira (27), de audiência pública conjunta das comissões de Desenvolvimento Econômico e Minas e Energia da Câmara.

A companhia prevê a criação de 267 mil novos postos de trabalhos diretos até 2013. Outros 777 mil postos de trabalhos indiretos estão relacionados à cadeia produtiva e ao chamado efeito renda, quando a renda dos trabalhadores se transforma em consumo.

Segundo Guilherme Estrella, o Brasil precisa “aproveitar a oportunidade” proporcionada pela descoberta do pré-sal. “A Petrobras passa por um momento importante em relação ao seu compromisso com o desenvolvimento do país. É um momento que traz uma série de oportunidades para o Brasil, e nós não podemos perder essa oportunidade”, afirmou.

CRÍTICAS À CPI

O deputado Luiz Alberto (PT-BA), autor do requerimento da audiência e que durante 20 anos foi técnico químico da Petrobras, destacou o rigor administrativo da empresa. E criticou os partidos de oposição, que defendem a instalação de uma CPI no Senado para investigar a companhia.

“Enquanto o Senado instala uma CPI, o jornal inglês Financial Times elogia o papel da Petrobras, sua capacidade de gestão e o domínio da tecnologia de prospecção de petróleo. No campo internacional se reconhece a importância da empresa. No Brasil, de forma irresponsável, tenta-se jogar a Petrobras no centro da arena política”, afirmou.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo da Rocha, também criticou a instalação da CPI no Senado. Ele classificou a investigação como “absurda”.

POSTURA AGRESSIVA

Durante a audiência, o diretor de Exploração e Produção destacou a “postura agressiva” da empresa desde o primeiro mandato do presidente Lula. Entre 1999 e 2002, a carteira exploratória da Petrobras atingiu uma média anual de 22.737,5 quilômetros quadrados. Nos três primeiros anos de governo Lula, a média anual saltou para 32.377,3 quilômetros quadrados.

“Isso nos dá a garantia e o conforto de ter uma área suficiente de exploração para os próximos 15 anos. A Petrobras vinha perdendo essa agressividade antes de 2003”, afirmou Guilherme Estrella.

Guilherme Estrella afirmou que, nas próximas décadas, as chamadas energias fósseis devem ocupar uma posição hegemônica entre as demais modalidades energéticas. “O Brasil tem uma situação privilegiada porque conta com grandes reservas de óleo e gás. A descoberta do pré-sal é uma grande oportunidade para o desenvolvimento industrial, tecnológico e científico do país”, afirmou.

O diretor da Petrobras informou ainda que os investimentos específicos no pré-sal – que estavam previstos para 28,9 bilhões de dólares no período 2009-2013 – devem alcançar 111,4 bilhões de dólares no período 2009-2020. A produção de óleo do pré-sal deve crescer a uma taxa anual de 35,3% entre 2013 e 2020. A expectativa é de que, em 2013, sejam produzidos 219 mil barris por dia, ante 1,8 milhão de barris por dia previstos em 2020.”

'DUPLIFALAR', AGORA, SOBRE A COREIA DO NORTE

Li hoje no site vermelho o seguinte artigo escrito por Paul Craig Roberts para o “Counterpunch”, em tradução de Caia Fittipaldi. O autor foi secretário-assistente do Tesouro no governo Reagan. É co-autor de The Tyranny of Good Intentions.

"Obama conclama o mundo a enfrentar a Coreia do Norte" – diz a manchete. Os EUA, disse Obama, estariam firmes "para defender a paz e a segurança do mundo". Palavras de 'duplifalar', de 'duplipensar', à moda de 1984.

A Coreia do Norte é país muito pequeno e pobre. A China, sozinha, pode varrer do mapa a Coreia do Norte, em minutos. E o presidente dos EUA acha que precisa do mundo inteiro para enfrentar a Coreia do Norte?

Estamos assistindo a mais uma operação dos gângsters de Washington, inventando ameaça nova, como Slobodan Milosevic, Osama bin Laden, Saddam Hussein, John Walker Lindh, Hamdi, Padilla, Sami Al-Arian, o Hamás, o presidente Máhmude Ahmadinejad e os desgraçados prisioneiros demonizados por Rumsfeld como "os 700 mais perigosos terroristas da face da Terra", que foram torturados durante seis anos na prisão de Guantanamo, para, afinal, serem libertados... sem jamais terem sido julgados. Epa! Sorry, foi um engano.

O complexo militar/de segurança que governa os EUA, associado ao Lobby israelense e ao lobby das finanças, sempre precisa ter longa lista de inimigos perigosos, para que o dinheiro dos contribuintes não pare de correr para seus cofres.

O lobby da segurança interna depende de haver infindáveis 'ameaças' para convencer os americanos a ceder suas liberdades civis em troca de qualquer segurança que o lobby deseje vender.

A questão importante é: quem enfrentará o governo dos EUA e de Israel?

Quem protegerá os cidadãos norte-americanos e israelenses, sobretudo os israelenses que se opõem ao atual governo e os cidadãos israelenses árabes?

Quem protegerá os palestinos, os iraqueanos, os afegãos, os libaneses, os sírios, contra a ameaça dos EUA e de Israel?

Não Obama, nem os camisa-verde-oliva-caqui que governam Israel.

A ideia de Obama, de 'conclamar' o mundo a "enfrentar" a Coreia do Norte é insana, mas essa ideia insana empalidece, se comparada à 'garantia' de que os EUA podem garantir "a paz e a segurança do mundo".

São os mesmos EUA que bombardearam a Sérvia, inclusive a embaixada chinesa e trens de passageiros; que entregaram a Sérvia a uma gang de traficantes muçulmanos, emprestando-lhes soldados da Otan para proteger a 'operação'... do tráfico?

São os mesmos EUA responsáveis pela morte de um milhão de iraqueanos, e que deixam órfãos e viúvas onde quer que apareçam, e que converteram em refugiados 1/5 da população do Iraque?

São os mesmos EUA que impedem o mundo de condenar Israel pelo ataque assassino contra civis libaneses em 2006 e contra civis em Gaza em 2009, os mesmos EUA que dão cobertura ao assalto israelense contra a Palestina, que já dura mais de 60 anos, assalto e roubo que já produziu quatro milhões de refugiados palestinos, arrancados de suas casas, vilas, cidades, pelo terror e pela violência de Israel?

Os mesmos EUA que fazem hoje manobras militares em repúblicas ex-soviéticas e estão cercando a Rússia com um anel de bases de mísseis?

Os mesmos EUA que bombardearam o Afeganistão até converter o país num amontoado de ruínas, com milhares de civis mortos?

Os mesmos EUA que criaram um ano novo infernal no Paquistão, ataque que, só nos primeiros dias, produziu um milhão de refugiados?

“Paz e segurança do mundo”? Mundo de quem?

Ao retornar de consulta com Obama em Washington, o ministro camisa-verde-oliva-caqui de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que seria "responsabilidade" de Israel "eliminar" a "ameaça nuclear" iraniana.

Que ameaça nuclear? Todas as agências de inteligência dos EUA concluíram, unanimemente, que o Iran não tem qualquer programa nuclear militar desde 2003. Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica já relataram que não viram nem sinal de bombas atômicas no Iran.

Quem está sendo bombardeado pelo Iran? Quantos refugiados vagam pelo mundo, tentando salvar a própria vida, por ataque comandado pelo Iran?

Quem está sendo bombardeado pela Coreia do Norte?

Os dois países que mais matam e que mais refugiados geram no mundo hoje são EUA e Israel. EUA e Israel, mais que qualquer outro país no mundo, já mataram e expulsaram milhões de pessoas que jamais foram ameaças a alguém e jamais atacaram alguém.

Não há país no mundo que rivalize com EUA e Israel, na prática corriqueira da violência assassina mais bárbara.

Mas Obama garante que os EUA protegerão "a paz e a segurança do mundo". E Netanyahu, armado com bombas atômicas, garante que Israel salvará o mundo da "ameaça iraniana".

Onde está a mídia? Por que os que lêem jornais não estão rolando de rir?”

O PAC E A MANIPULAÇÃO DA NOTÍCIA PELA “GRANDE” MÍDIA

Li hoje no blog “FBI - Festival de Besteiras da Imprensa”:

“O Contas Abertas é uma ONG, na minha opinião, terceirizada do UOL (Organizações Serra), que tem como papel fundamental manipular informações visando a construção de um PAC que não existe e, com isso, servir de instrumento para desgastar o Governo Lula e, em especial, a ministra Dilma.

No manchetão de hoje do UOL (28/05/09; 10h), lemos o seguinte título e subtítulos:

DOIS ANOS DEPOIS, APENAS 3% DAS OBRAS DO PAC ESTÃO CONCLUÍDAS

PIOR DESEMPENHO É EM INFRAESTRUTURA SOCIAL E URBANA QUE TEM APENAS 1% DOS PROJETOS FINALIZADOS

MONTANTE USADO EM TRABALHOS JÁ CONCLUÍDOS CHEGA A R$ 47,7 BILHÕES, 7% DO PREVISTO PELO PROGRAMA

Para um incauto leitor, tudo isso parece ser matéria do UOL. Entretanto, quando você clica em qualquer desses três links, é remetido ao site do Contas Abertas.

Se a direção do UOL respalda tudo o que o Contas Abertas afirma ou emite juízo é porque há muita sintonia entre os dois.

Ou, quem sabe, o UOL terceiriza o Contas Abertas para fazer esse jogo, tentando utilizar uma imagem de entidade neutra e eminentemente técnica, acima de qualquer suspeita, para desgastar o Governo Lula..

O que me traz novo desafio: desconstruir a imagem do Contas Abertas, mostrando que, das duas uma (tanto faz): ou são incompetentes ou mal-intencionados.

Minha hipótese é de que são mal-intencionados e manipulam as informações.

CONTAS ABERTAS/UOL NÃO SABE OU OMITE O QUE É O PAC

A primeira coisa que sugiro ao leitor, antes de ler as (des)informações do Contas Abertas/UOL, é conhecer o que é o PAC.

Insisto que todo mundo acha que sabe o que é o PAC mas, acredite, não sabe. As pessoas sabem apenas a interpretação interessada das Organizações Serra sobre o PAC.

Os veículos das Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão, G1, Uol, entre outros) têm todo o direito de criticar o PAC.

Desde que, naturalmente, o faça em relação ao que ele é e se propõe (dito pelo seu autor - o governo federal), e não em relação ao que as Organizações Serra gostariam que fosse.

O QUE O GOVERNO FEDERAL INFORMA QUE É O PAC?

Objetivos do PAC: modernizar a infraestrutura, melhorar o ambiente de negócios, estimular o crédito e o financiamento, aperfeiçoar a gestão pública e elevar a qualidade de vida da população.

O PAC, portanto, não é apenas uma lista de investimentos e sua avaliação não pode ser feita, apenas, via execução orçamentária, como faz o Contas Abertas e o Uol.

PORQUE O PAC É MAIS DO QUE UM PROGRAMA DE EXPANSÃO DO CRESCIMENTO?

O PAC prevê a utilização de recursos orçamentários da União, mas também prevê um conjunto de medidas institucionais que, aliado a uma rigorosa e transparente gestão, resultará em projetos, obras, serviços, além de estímulos para investimento por governos estaduais, municipais e da iniciativa privada.

Obviamente, como um esforço de gestão da ação de múltiplos entes públicos e privados, várias metas serão alcançadas, total ou parcialmente. Outras não.

Para o Contas Abertas, o PAC é um programa de responsabilidade de execução exclusiva do governo federal. Além disso, para eles, o PAC é apenas um programa de obras.

E não é; está lá, é só querer saber e informar.

QUE EXEMPLOS DE MEDIDAS INSTITUCIONAIS FORAM IMPLANTADAS E ESTÃO DANDO RESULTADOS, PARA ACELERAR O CRESCIMENTO?

Em fevereiro de 2009, o governo apresentou o balanço de dois anos do PAC. Uma das apresentações trata dos aspectos macro-econômicos e institucionais (clique aqui). Alguns exemplos, entre muitas medidas que lá estão com seus resultados:

1. DESONERAÇÃO DE OBRAS DE INFRA- ESTRUTURA - REIDI: Aprovados 14 projetos pelo MME de geração de 1.411 MW e 7 projetos de transmissão de energia com 1.230 km; Inclusão da hidrelétrica de Santo Antônio - RO - 3.150,4 MW; em 21/01/2009 o MME enquadrou mais 7 projetos em 5 Estados

• LEI GERAL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: Adesões ao Simples Nacional: aproximadamente 3,5 milhões de empresas; Formalizadas mais de 2 milhões de empresas; Criadas 500 mil novas empresas; Aumento da arrecadação em 43,8%

• Recuperação Acelerada dos Créditos de PIS e COFINS em Edificações: Renúncia fiscal prevista - R$ 1,15 bilhão em 2007 e R$ 2,3 bilhão em 2008

• Redução dos Spreeds do BNDES para Infra-Estrutura, Logística e Desenvolvimento Urbano: Volume das operações de crédito do BNDES - R$ 65 bilhões em 2007. Total em 2008 chegou a R$ 91 bilhões, resultado 40% superior a 2007

• Prorrogação do prazo de vigência do Reporto (PLV 10/2008). Com isso, criou-se a possibilidade de um grande movimento de aquisição de equipamentos para aumentar a eficiência dos portos públicos.

• A Lei 11.774/2008, oriunda da MP 428, estendeu os benefícios do Reporto para o modal ferroviário.

Até o momento, penso estar conseguindo mostrar que o Contas Abertas e o UOL omitem a informação de que o PAC é muito mais do que um programa de obras”.

UM RETRATO HONESTO DA EXPERIÊNCIA VENEZUELANA

Li hoje no site Carta Maior o seguinte artigo de Igor Fuser. O autor é jornalista, professor na Faculdade Cásper Líbero, mestre em Relações Internacionais e doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo:

“Livro analisa conquistas e limites do processo político venezuelano. Em "A Revolução Venezuelana", Gilberto Maringoni desvenda o enigma oculto sob a campanha midiática anti-chavista: como é possível que um caudilho supostamente tão desastrado mantenha altíssimos índices de apoio popular durante tanto tempo? Para o autor, é errado reduzir, como insistem os detratores da experiência venezuelana, o prestígio de Chávez à bonança petroleira da última década. O artigo é de Igor Fuser.

Na lista dos demônios da mídia empresarial, o posto número 1 pertence, disparado, a Hugo Chávez, com sua boina vermelha e língua ferina. Raramente se passa um dia sem que alguma publicação da chamada “grande imprensa” despeje regulares doses de veneno contra o presidente venezuelano, apresentado como louco, fanfarrão, ditador ou incompetente. Essa cantilena se mantém há mais dez anos. Para ser exato, desde o início de 1999, quando o antigo coronel iniciou, após sua chegada ao governo, a transformação de um dos países de estrutura social mais iníqua no planeta – mais de 50% dos habitantes na miséria, em contraste com os lucros nababescos das exportações de petróleo – em uma referência mundial para todos os que cultivam os valores da justiça e da igualdade.

O livro de Gilberto Maringoni (A Revolução Venezuelana, Editora Unesp, 2009) merece ser saudado com um antídoto perfeito contra a manipulação informativa que, na imprensa brasileira, atingiu as raias de uma lavagem cerebral. Jornalista e historiador, Maringoni fala de um tema que conhece em primeira mão. Viajou várias vezes à Venezuela e lá entrevistou quase todos os nomes que valiam a pena no tumultuado enredo político local – dos caciques da oposição conservadora, como Teodoro Petkoff, às figuras mais graduadas do regime esquerdista, entre as quais o próprio Chávez, além das mais variadas fontes na esfera acadêmica.

Com dados confiáveis em mãos, o autor desvenda o enigma oculto sob a campanha midiática anti-chavista: como é possível que um caudilho supostamente tão desastrado mantenha altíssimos índices de apoio popular durante tanto tempo? É errado reduzir, como insistem os detratores da experiência venezuelana, o prestígio de Chávez à bonança petroleira da última década. O Venezuela já viveu outros períodos de alta dos preços do petróleo, sem que a população tivesse tido acesso a mais do que umas magras migalhas do banquete. A marca da gestão chavista é algo que as primeiras gestões municipais petistas defendiam no Brasil e que, lamentavelmente, diluiu-se no lodaçal dos compromissos com as classes dominantes: a inversão das prioridades em favor das multidões oprimidas, ainda que ao preço do confronto aberto contra as elites privilegiadas.

Na Venezuela, os gastos sociais aumentaram de 8,2% do PIB, em 1998, para 13,6% em 2006. Os índices de pobreza caíram de 55,1% para 27,5%. O salário mínimo se elevou numa escala sem precedentes em qualquer outro país do chamado Terceiro Mundo e milhões de venezuelanos passaram a ter acesso a uma infinidade de benesses antes inalcançáveis – desde serviços essenciais, como assistência médica e dentária, aos ícones do consumo descartável, como telefones celulares. Nesse cenário em que a mudança passa do plano da retórica para a existência cotidiana, torna-se fácil entender porque Chávez foi vitorioso em todas as freqüentes consultas eleitorais que promoveu, com apenas uma exceção.

O grande mérito de Maringoni é que ele não se limita a salientar as conquistas do processo político venezuelano, mas também aponta, sem medo de entrar em polêmica com os defensores mais entusiastas do chavismo, os limites do festejado “socialismo do século XXI”. Concretamente: após dez anos de “revolução bolivariana”, o velho modelo de desenvolvimento dependente latino-americano, erigido com base na exportação de produtos primários (no caso, o petróleo), permanece inalterado. Os ganhos desse modelo, é verdade, passaram a beneficiar, pela primeira vez, a maioria da população, sobretudo depois que Chávez retirou a estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) das mãos da camarilha que a controlava, enquadrando a empresa sob o controle público. Mas o caminho ainda está no seu início: “O Estado continua ineficiente, lerdo, corrupto e avesso às interferências populares”, escreve o autor.

Mesmo que seja prematuro falar em uma verdadeira revolução na Venezuela, é inegável que o governo de Chávez mudou a face política daquela sociedade e, em certa medida, de toda a América do Sul. A influência venezuelana se faz presente em todo um conjunto de países onde, pela primeira vez, o poder de Estado passa a ser exercido em benefício das maiorias. Como afirma Maringoni, referindo-se à época de ofensiva conservadora mundial pós-1989: “A Venezuela é, com todos os problemas, o país onde mais se avançou, nesse período, na contestação ao neoliberalismo e no questionamento do poder global dos Estados Unidos.” Aí reside a explicação para o ódio que Chávez desperta entre os donos da mídia brasileira e internacional. Ele é, de fato, um sapo difícil de engolir.”

EUA ESPIRRA, MAS O MUNDO NÃO PEGA PNEUMONIA

“AMERICA SNEEZES AND THE WORLD IS GERM-FREE”

Li hoje no blog de Luis Favre:

“No Brasil o governo também respondeu à crise financeira tentando manter o crescimento com programas de gastos públicos e desoneração de impostos. E o mercado financeiro, que no passado teria entrado en pánico frente a tais políticas keynessianas em países em desenvolvimento, agora apoiaram. No lugar da fuga de capitais, o estimulo atraiu os investidores globais para os seus papeis.”

“In Brazil the Government has also responded to the financial crisis by trying to revive growth with big programmes of public spending and tax cuts. And financial markets, which might in the past have panicked in reaction to such Keynesian policies in developing countries, have been supportive. Instead of triggering a capital flight, stimulus policies have attracted global investors to their bonds.”

“A situação econômica do Brasil e os efeitos da crise mundial foram tema de um artigo de opinião publicado nesta quinta-feira pelo diário britânico “The Times”.
O colunista econômico Anatole Kaletsky, após visitas à África do Sul e ao Brasil, diz que os dois países, apesar de atingidos fortemente pela crise, “parecem mais fortalecidos do que deprimidos pela experiência.”

“A notável resistência dessas economias e a confiança de suas comunidades empresariais, de sua mídia e de seus mercados financeiros, em contraste com a melancolia apocalíptica na Grã-Bretanha, Europa e Estados Unidos, destaca as três transformações que esta crise trouxeram à tona”, diz o colunista.

A primeira transformação, segundo ele, é a emergência da classe média nos países desenvolvidos como principal motor do crescimento econômico global nas próximas décadas.

Ele observa que os cálculos do FMI indicam que as economias emergentes contribuirão com 100% do crescimento global até 2010, e pelo menos 70% nos cinco anos seguintes.
A segunda transformação, de acordo com Kaletsky, é “a habilidade das economias emergentes de determinar seus próprios destinos, independentemente do sucesso ou do fracasso das políticas econômicas dos Estados Unidos ou da Europa.”

“Apesar de as economias emergentes não terem conseguido se isolar completamente da crise global, elas conseguiram finalmente refutar o clichê de que quando os Estados Unidos espirram, o mundo pega pneumonia”, diz o artigo.

A terceira mudança, segundo o colunista, é a transformação política e social provocada pelo crescimento da classe média, com o fortalecimento de democracias de livre-mercado plurais e liberais. (Fonte Folha Online).”

ISRAEL, A PRÚSSIA DO MEDITERRÂNEO?

Li hoje no site “Vi o mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha o seguinte artigo de Roane Carey, do Blog "The Notion", in The Nation:

“História antiga dizia que, em vez de ser um Estado que tinha um exército, a Prússia era um exército que tinha um Estado. Israel estará a caminho de tornar-se a Prússia do Mediterrâneo?

Em geral, a intelligentsia liberal nos EUA aceita que, embora a ocupação israelense da Palestina seja abjeta, Israel, a nação, seria Estado democrático de plena democracia, com imprensa crítica e livre.

Podem esquecer. Passei três meses em Israel, com uma bolsa de estudos, e posso garantir que toda a intelligentsia liberal em Israel, as muitas pessoas com quem conversei, dizem coisa muito diferente: que a mídia em Israel está gravemente decadente, que não demonstra capacidade para oferecer nenhuma informação confiável e que, há muito tempo, já não opera como um dos pilares de uma sociedade aberta.

Os norte-americanos que não lêem hebraico nem assistem à televisão israelense talvez formem imagem diferente dessa, assumindo que o jornal Ha'aretz, diário de pequena circulação, lido só por intelectuais e políticos – e estrangeiros, que devoram a edição online em inglês –, seria representativo de pensamento mais avançado; e que colunistas e repórteres críticos, como Gideon Levy, Akiva Eldar e Amira Hass escrevem em toda a imprensa israelense. Não, nada disso; e eles só escrevem no Ha'aretz. Os jornais diários de grande circulação, Yediot e Ma'ariv, como o Jerusalem Post e os noticiários de televisão, são acentuadamente de direita – como os grandes jornais e televisões nos EUA, que, quanto a isso, são muito parecidos com a 'grande' imprensa israelense.

Quanto a Israel ser um grande Estado plenamente democrático, a maioria das pessoas com quem falei sentem que cresce um assustador movimento repressivo, na sociedade, cuja manifestação já se viu nas últimas eleições gerais. O ponto mais assustador desse movimento aconteceu durante a recente guerra de Gaza. Vi, com meus olhos, o que aconteceu, no microcosmo da Universidade Ben-Gurion, em Beer-Sheva.

Há alguns dias, Noah Slor, aluna de pós-graduação no departamento de estudos do Oriente Médio, aqui na UBG, foi presa pela polícia a pedido do serviço de segurança do campus e permaneceu detida por várias horas, por estar, pacificamente, distribuindo panfletos contra um projeto de lei, que está sendo votado no Parlamento, e que tornará crime qualquer solenidade que faça referência à Nakba (para os palestinos, a Catástrofe de 1948; para os israelenses, a "independência"). Noah distribuía panfletos fora do portão principal da universidade, onde os estudantes distribuem, tradicionalmente, de mão em mão, convites para festas, para manifestações políticas e jogos esportivos, e onde jamais alguém havia sido preso ou sequer importunado pelos agentes de segurança da universidade.

Estudantes ativistas e professores são testemunhas de que está implantado na universidade um padrão de agressão politicamente motivado, do qual são agentes os serviços de segurança da própria universidade. Slor, ativista do grupo Darom le Shalom ("Sul pela Paz"), recentemente formado por árabes e judeus da área de Beer-Sheva e que "luta contra o racismo e por direitos iguais para árabes e judeus", contou-me que, quando foi presa, um policial disse a ela: "Não se faça de ingênua.

Já conheço você de várias manifestações. Temos tudo gravado e arquivado. A agitação está documentada." Nada que ela possa provar, mas Slor tem certeza de que foi presa porque protestou contra a legislação que proíbe as solenidades do Dia da Nakba: "O policial praticamente me disse isso", disse ela.

Os estudantes estão dispostos a manter os protestos. Na mesma noite, cerca de 60 estudantes participaram de uma demonstração para denunciar as prisões, em cerimônia na universidade, da qual participaram várias autoridades. Os estudantes usaram mordaças e levavam cartazes em que se lia "O serviço de segurança manda na universidade" e "Serviço de segurança = Polícia Secreta".

(Respondendo a perguntas sobre o incidente, o porta-voz da universidade, Amir Rozenblit, declarou que não é permitido distribuir panfletos no campus – mas, por que não?! – e que Noah distribuía panfletos "em área considerada parte do campus, embora do lado externo do portão principal". Informou que um policial do serviço de segurança do campus também foi preso, na mesma ocasião e pelo mesmo motivo.)

Durante a guerra de Gaza, todos os protestos foram reprimidos. Nitza Berkovitch, sociólogo da Universidade Ben Gurion, disse que "minha impressão é que a mídia foi completa e absolutamente mobilizada. Todos os jornais apoiaram a guerra". Alguns dias antes do primeiro ataque militar a Gaza, no final de dezembro, um grupo de estudantes árabes e judeus organizou manifestação pacífica contra a guerra iminente. A polícia apareceu imediatamente e ordenou que dispersassem.

Os estudantes não insistiram, mas, quando estavam enrolando as faixas, vários estudantes foram arrastados por policiais, metidos nos camburões e permaneceram detidos durante horas, acusados de "provocar tumultos de rua".

Em meados de janeiro houve outra manifestação contra a guerra, ainda mais moderada, com cartazes que pediam o fim da violência dos dois lados, e pela paz. Outra vez, a polícia apareceu, agrediu os manifestantes e prendeu vários. Um estudante da Universidade Ben Gurion foi posto em prisão domiciliar por 30 dias.

A repressão violenta contra cidadãos palestinos é prática muito frequente em Israel. Incidentes recentes indicam que judeus também têm sido impedidos de se manifestar a favor da paz, também com violência. Centenas de israelenses foram presos por protestar contra a guerra, provavelmente muitos muçulmanos, mas, sem dúvida, também muitos judeus.

Tzoref contou que "participei de protestos nos territórios ocupados, e a polícia agiu do mesmo modo. Para mim, foi um choque ver que a polícia de repressão a tumultos age do mesmo modo também dentro da universidade, sempre com violência. Isso é novidade. A polícia jamais entrara na universidade para atacar estudantes, não, com certeza, nessa escala e com essa violência".

Para Berkovitch, também aluna da UBG, "foi como nas ditaduras sul-americanas. Havia uma ordem arbitrária, para prender pessoas em todo o país, em todas as regiões – como modo de intimidar todas as manifestações a favor da paz".

Não há dúvidas de que a guerra de Gaza expôs o que há de pior no aparelho de repressão, alimentado pelo ódio que se via manifesto nas ruas e um espírito de vingança contra os palestinos – ao qual, é claro, os foguetes do Hamás serviram de pretexto. (Berkovitch contou que pessoas que passavam pela manifestação de janeiro, gritavam ofensas para os manifestantes e vários repetiram que "os judeus devem matar mais árabes". "Nunca antes, em toda a minha vida, vira tal manifestação de ódio" – disse ela.)

É tendência muito preocupante, embora seja preciso dizer que, em geral, os judeus israelenses, mas não os palestinos, ainda gozam de razoável liberdade para manifestar-se praticamente sobre qualquer questão.

Sob governo de extrema direita, que está decidido a,não só impedir qualquer negociação séria com vistas à paz com os palestinos, mas promove e estimula ativamente a ampliação das colônias exclusivas para judeus; que dá sinais de desejar fazer guerra contra o Irã e estimula ativamente a paranoia, na opinião pública, contra o Irã; que cada vez mais claramente vê os palestinos como o inimigo interno e como ameaça, verdade é que as contradições de uma nação que aspira a ser "povo judeu" e, ao mesmo tempo, nação democrática, estão vindo à tona.

Como poderá ser democrático um Estado que aprisiona 4 milhões de palestinos em gueto murado; que constroi estradas de apartheid, só para israelenses; e que trata como cidadãos de segunda classe outros 1,5 milhão de árabes-israelenses?

Oren Yiftachel, professor de geografia da Universidade Ben-Gurion, em livro recentemente publicado, define Israel como "Estado etnocrático" (Ethnocracy Land and Identity Politics in Israel/Palestine, 2008, University of Pennsylvania Press).

O falecido professor Baruch Kimmerling, da Universidade Hebraica, falava de Israel como uma "democracia dos senhores" (Herrenvolk[1] democracy. Ver, por exemplo, Baruch Kimmerling, "Israeli democracy's decline", International Herald Tribune, 3/3/2002, em http://www.itk.ntnu.no/ansatte/Andresen_Trond/kk-f/fra151001/0786.html)."

Dê-mo-lhe o nome que seja, se Israel continuar pelo caminho que está trilhando, a repressão aumentará cada vez mais. E as vias da livre manifestação democrática se estreitarão cada vez mais. E a velha piada sobre a Prússia ("um exército que tem um Estado") ganhará nova e triste atualidade. Israel estará destinada a tornar-se a Prússia do Mediterrâneo?”

VOCÊ, CONTRIBUINTE DE SÃO PAULO, FINANCIA FERNANDO HENRIQUE

Li hoje no site “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim:

NADA COMO O DINHEIRO DO POVO

O Conversa Afiada recebeu o seguinte e-mail do amigo navegante Raul:

“Recordar é viver direto do túnel do tempo, blog do Josias em janeiro de 2007 publicou

ESTATAL TUCANA DOA R$ 500 MIL A INSTITUTO DE FHC

Você não sabe, mas está ajudando a financiar as atividades do iFHC (Instituto Fernando Henrique Cardoso). Sorrateiramente, R$ 500 mil migraram do seu bolso para o borderô da ONG aberta pelo ex-presidente da República tucano depois de ter deixado o Palácio do Planalto.

Deve-se ao repórter Daniel Bramatti a descoberta da mamata. O tema foi repercutido na edição desta quinta (18) da Folha. A Sabesp (Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) repassou ao iFHC os R$ 500 mil.

O repasse foi feito com o propósito de ajudar a financiar um projeto de preservação do acerco de Fernando Henrique Cardoso. A “doação” foi feita com base na Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Significa dizer que a Sabesp vai descontar a grana do seu Imposto de Renda. Ou seja, a generosidade é financiada por você, caro contribuinte.

A Sabesp não foi a única empresa doadora. Ao correr a sacolinha, o iFHC logrou amealhar R$ 2 milhões. O que diferencia a Sabesp dos demais doadores é a sua natureza jurídica. Trata-se de uma estatal. Como se fosse pouco, é uma estatal que, nos últimos doze anos, esteve submetida a gestões tucanas.

Para complicar, o iFHC não se dignou nem mesmo a mencionar o nome da doadora estatal na nota que levou ao ar no seu portal eletrônico. Ao privar a Sabesp da homenagem de uma citação, o instituto do ex-presidente premiou a falta de transparência.
O iFHC alega que o mimo da Sabesp foi feito dentro da lei. O que leva o signatário do blog a uma inevitável pergunta: quantos absurdos vêm sendo praticados no Brasil em nome da lei? Muitos, muitíssimos.

A Sabesp, como se sabe, deveria ter suas atenções voltadas para a melhoria da malha de saneamento básico do Estado de São Paulo. Algo muito distante das atividades desenvolvidas pelo iFHC. Por sorte, os resíduos éticos produzidos por operações do gênero não são concretos. Do contrário, não haveria esgoto que bastasse.”

DÓLAR FAZ A BOLSA EXPLODIR

DA SÉRIE “O QUE DIRÁ A MIRIAM?”

Li hoje no site “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim:

“Segundo os assim chamados economistas, os investidores estrangeiros já “precificaram” o crescimento do Brasil, invadiram a Bolsa e o resultado é impressionante: A Bovespa atingiu a mais alta pontuação do ano - 53.040 pontos, com acumulado mensal de 12,16% e 41,24% no ano. O índice Ibovespa fechou o dia com alta de 2,41% e o dólar fechou a R$ 2.”

Veja reportagem de Eduardo Campos no Valor Online:

BOVESPA RECONQUISTA OS 53 MIL PONTOS E SOBE 12,16% NO MÊS

“Depois de diversas tentativas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), não só rompeu, como superou a resistência que existia aos 52 mil pontos, conquistando nova máxima para o ano acima dos 53 mil pontos.

Com destaque para os carros-chefe, o Ibovespa encerrou o dia com alta de 2,41%, marcando 53.040 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 4,86 bilhões. Com tal pontuação, o índice acumula alta de 12,16% no mês e 41,25% no ano. Da mínima, registrada em outubro do ano passado, o indicador já subiu 80,2%.

Segundo o economista do setor de renda variável da Máxima Asset Management, Felipe Casotti, a valorização desta quinta-feira chama atenção, já que os dados apresentados durante o dia não foram tão positivos assim.

De acordo com o economista, a vendas de casas novas nos EUA, que subiram menos que o esperado em abril, e o aumento da inadimplência entre os mutuários de hipoteca deveriam inspirar mais cautela aos investidores. "O mercado já precificou uma retomada, mas não é isso que os dados sugerem", pondera.

No entanto, o economista lembra que, no momento, os fundamentos perdem importância em função do fluxo de recursos externos, que refletem o bom momento do Brasil entre os investidores estrangeiros. "Por ora, o fluxo está sobrepondo os fundamentos. Mas uma hora eles devem convergir", avalia o especialista.

Dados da própria Bovespa mostram que, no acumulado do mês até o dia 25, o saldo de negociação estrangeira permanecia acima dos R$ 4 bilhões, elevando o total de dinheiro alocado no ano para R$ 9,5 bilhões.

Contribuindo para o bom desempenho dos ativos brasileiros, as commodities atraíram compradores, em especial o petróleo, que chegou a ser negociado acima dos US$ 65 o barril de WTI, maior preço desde o começo de novembro.

Liderando o volume negociado, Petrobras PN subiu 2,69%, para R$ 34,65. Vale PNA ganhou 1,66%, a R$ 32,90. Entre as siderúrgicas, Gerdau foi destaque pelo segundo dia, subindo 5,26%, para R$ 20,40, maior preço desde outubro do ano passado.

Entre os bancos, Bradesco PN e Banco do Brasil ON subiram mais de 2,6% cada, para R$ 30,39 e R$ 21,55, respectivamente. Com menos força, Itaú Unibanco PN aumentou 0,97%, para R$ 32,00.

Varejo e construção continuaram atraindo novos compradores. B2W Varejo ganhou 6,53%, para R$ 39,95, maior alta dentro do pregão. Corretora externa tirou a recomendação de "venda" que tinha para a varejista. Entre as construtoras, Rossi ON teve acréscimo de 4,29%, para R$ 8,49.

Forte valorização também para Sabesp PN, que garantiu alta de 6,43%, para R$ 32,25, e Duratex PN, que aumentou 6,48%, a R$ 18,40. Usiminas ON, BM & FBovespa ON, Metalúrgica Gerdau PN e CCR Rodovias ON subiram mais de 5% cada.

Fora da festa, apenas 5 dos 65 papéis listados. Braskem PNA perdeu 3,44%, para R$ 7,29, Klabin PN recuou 1,51%, a R$ 3,24, e Telesp PN caiu 1,03%, a R$ 45,01. Light ON diminuiu 1,0%, para R$ 24,65, e Eletropaulo PNB cedeu 0,09%, a R$ 30,15.”