quarta-feira, 12 de março de 2008

O BRASIL E A RECESSÃO NOS EUA

Reproduzo a seguir a matéria de Ana Carolina Lourençon publicada hoje por “UOL Últimas Notícias”:

“BRASIL PODE SOFRER MENOS COM RECESSÃO NOS EUA, dizem analistas”

“O temor de que uma recessão possa acontecer nos Estados Unidos ainda neste ano, por conta de variáveis macroeconômicas locais que não têm combinado entre si, já traz a preocupação aos países emergentes sobre possíveis respingos da crise.

Entretanto, economistas consultados avaliam que os efeitos sobre o Brasil, por exemplo, podem ser reduzidos por conta do fortalecimento das relações com as demais nações em desenvolvimento.

"Hoje, o comércio entre os emergentes está crescendo a taxas muito altas e isso independe dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, este ciclo também pode ser responsável por levantar a economia norte-americana, pois os países em desenvolvimento crescem e começam a demandar mais produtos dos EUA", aponta o professor e pesquisador do IBMEC São Paulo, Marcelo Moura.

Uma reportagem publicada pela revista (semanal inglesa) "The Economist" na semana passada defende a tese do descolamento. Afirma que alguns países emergentes como o Brasil, China, Rússia e Índia podem continuar crescendo alheios a uma provável recessão na economia americana.

Segundo a publicação, a teoria é justificada pelo incremento nas relações comerciais entre os emergentes, que têm exportado mais para a China do que para os Estados Unidos. É importante lembrar que mais de 95% da expansão chinesa no quarto trimestre de 2007 refletiu a elevação do consumo interno.

O artigo alerta, entretanto, que a recessão americana pode ocorrer e provocar queda na produção de ‘commodity’ e trazer novas desvalorizações às Bolsas mundiais, e o dólar permanecer com tendência de queda. É bem provável que as economias em desenvolvimento, bem como suas exportações, sejam afetadas.

Segundo Moura, os Estados Unidos correspondem a um quarto da economia mundial e, portanto, é preciso uma análise mais profunda sobre o quão forte é este descolamento (se existir) que seja capaz de não contaminar os demais países.

De acordo com a "The Economist", os Estados Unidos recebem cerca de 8% das exportações chinesas, 4% das indianas, 3% das brasileiras e 1% das russas. De 2000 para cá, as vendas dos emergentes para os Estados Unidos passaram de 20% para menos de 15%, enquanto as exportações dos emergentes para a China no mesmo período saltaram de 5% para mais de 15%.

"Este comércio fortalecido entre os emergentes faz com que o efeito das crises em economias desenvolvidas seja menor", declara Moura."

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