terça-feira, 25 de março de 2008

MUITOS SETORES DA ECONOMIA BRASILEIRA JÁ TÊM CRESCIMENTO CHINÊS

O artigo a seguir, de Lino Rodrigues do “O Globo”, foi publicado hoje também pelo “blog do Favre”.

É uma notícia alvissareira. Contudo, como o artigo é do “O Globo”, logicamente nele foram, como sempre, sub-repticiamente inseridas várias bandeiras neoliberais, de interesse dos EUA, das demais potências industrializadas e de suas multinacionais aqui ramificadas. Por exemplo, a “flexibilização trabalhista” com a redução de vários direitos do trabalhador, a “redução dos impostos”, a redução do papel do Estado (“Estado Mínimo”) e outros.

“Brasil tem crescimento “chinês” e empresários choram de barriga cheia”

Crescimento chinês , apesar da burocracia

Pesquisa da FGV mostra que, mesmo com peso de impostos, empresas avançam até 50% ao ano.

“Apesar das dificuldades para se começar um negócio no Brasil (como carga tributária, burocracia e legislação trabalhista), alguns segmentos têm crescimento de padrão chinês.

Uma pesquisa do Centro de Estudos Financeiros da Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentada ontem no seminário “Riscos e Oportunidades de Empreender no Brasil”, organizado pela FGV e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mostrou que algumas empresas cresceram mais de 50% ao ano no triênio 2004/2006.

Com base nos dados da Serasa sobre 10 mil empresas de 120 segmentos, o estudo mostra que o faturamento líquido de 20% do universo dos negócios pesquisados cresceu entre zero e 20% ao ano; outros 43%, cresceram de 10% a 20%; em 30% dos casos, o aumento foi superior a 20% ao ano. Só 7% registraram retração, caso da indústria de fitas e discos magnéticos (menos 37,7% ao ano). Cine, foto e som — compreende celulares e outros equipamentos com apelo tecnológico —, teve crescimento médio de 58% ao ano. Em material esportivo, as vendas subiram 47,9% ao ano. Envasamento (bebidas e alimentação), 45,7%; comércio de couros, 42%.

Os números servem para desmistificar a história do “milagre asiático”. O Brasil não fica nada a dever para o crescimento chinês — disse o economista José Luiz Tejon, um dos palestrantes e professor da FGV.

Esse crescimento, segundo Tejon, é resultado da melhoria do emprego e da renda, do controle da inflação, da explosão do crédito e do “desejo” dos brasileiros de consumir especialmente lançamentos tecnológicos. Para ele, os dados mostram um lado saudável da economia brasileira que supera as dificuldades da burocracia estatal.

Segundo o professor Willian Eid, coordenador do seminário, os números poderiam ser melhores se o novo empreendedor brasileiro planejasse mais. Ele frisa que o Banco Mundial põe o Brasil entre os países com mais dificuldades para se fazer negócio.

Dados da Fecomércio mostram que mais de 90% dos novos empreendimentos morrem antes do primeiro ano de vida. E menos de um negócio chega ao décimo ano. É uma mortalidade impressionante, extremamente elevada e, em geral, conseqüência de planejamento mal feito.

Já o sociólogo e professor José Pastore, especialista em relações do trabalho, afirmou que a legislação trabalhista brasileira, ao contrário de países emergentes que competem com o Brasil, não evoluiu. Ele defendeu a criação de um “simples trabalhista”, com corte de encargos que oneram a folha de pagamento das empresas em 103%. “Países da Ásia e do Leste europeu que têm certa proteção trabalhista, mas não tão burocratizada e dispendiosa como no Brasil, vão ganhar a concorrência internacional. Se continuar assim, vamos perder aqui dentro também com a entrada dos importados mais baratos”.

O tributarista José Roberto Robortella defendeu a terceirização como consolidada no resto do mundo, mas que ainda precisa ser disciplinada no Brasil. Ele atacou os “fundamentalistas da CLT”, que criariam obstáculos a esse sistema.

Já Walter Cardoso Henrique, da OAB-SP, disse que o empresariado enfrenta regras tributarias absurdas e burocracia surpreendente e sem paralelo”.

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