sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A RECESSÃO NORTE-AMERICANA E O PERIGO PARA O BRASIL

Sobre esse importante e atual assunto que preocupa os brasileiros, selecionei dois artigos hoje publicados.
O 1º, divulgado na última edição da revista inglesa “The Economist”, compara o cenário brasileiro durante as crises econômicas que abalaram o mundo em 1998, 2001, 2005 e agora, 2008.
O 2º, do jornal inglês “Financial Times”, destaca a vantagem brasileira por exercer grande atração ao investimento estrangeiro, em escala ou taxas de crescimento maiores do que a China, a Índia e a Rússia. O artigo conclui citando o economista Emy Shayo, do Bear Stearns, que teria dito: "As pessoas estão totalmente apaixonadas pelo Brasil. Investidores vêm aqui e acreditam que este é o melhor país do mundo."
Ambos os artigos foram extraídos hoje, 18/01/2008, do site BBC BRASIL.com.

1º) "O Brasil está preparado para desaceleração mundial", diz 'Economist'

A revista britânica "The Economist" publica em sua mais recente edição um artigo em que diz que o Brasil está numa situação mais tranqüila para enfrentar um desaquecimento da economia mundial, desencadeado por uma possível recessão nos Estados Unidos.
A revista adverte, no entanto, que o país "está longe de estar imune ao que acontece no mundo" e parece estar se encaminhando para uma fase "menos benigna" em termos econômicos.
O artigo, intitulado "Desta vez, será tudo diferente", diz que há pelo menos três fatores que favorecem o país num cenário de desaquecimento mundial - e que estavam ausentes quando ocorreram crises econômicas em 1998, 2001 e 2005.

Segundo a "Economist", desta vez, o Brasil tem uma demanda de consumo doméstica forte, está mais integrado com os mercados mundiais, e depende menos do comércio com os Estados Unidos, e tem, além de uma taxa de câmbio flutuante, "um Banco Central que age de forma independente e transparente, publicando atas de suas reuniões com agilidade em seu site na internet".
Além disso, a revista destaca o fato de o país ter acabado com sua dívida em dólares. "No passado, quando a moeda (brasileira) se desvalorizava, a dívida explodia, causando mais problemas." Hoje, "o investimento estrangeiro direto é forte, e o Brasil agora tem mais dólares do que deve, um feliz desdobramento", acrescenta a revista.
O tom otimista prossegue até a conclusão do artigo: "se o Brasil for capaz de sustentar um crescimento firme sem ser desviado de seu caminho por eventos em outros lugares, o país vai parecer bem diferente dentro de dez anos", diz a "Economist".


2º) "Brasil vive grande surto de investimento estrangeiro", diz 'Financial Times'

O Brasil está se surpreendendo com o aumento dos investimentos estrangeiros, segundo artigo publicado nesta sexta-feira pelo jornal britânico "Financial Times".

O jornal cita o anúncio de compra de duas minas de minério de ferro da MMX pela Anglo American por US$ 5,5 bilhões e o anúncio recente de investimentos de US$ 1 bilhão da Symetrix, uma empresa americana de chips, para afirmar que o país tem atraído mais investimentos estrangeiros.
"O fluxo de investimento estrangeiro direto está aumentando", afirma o "Financial Times". "Por muito desta década, as atrações brasileiras foram ofuscadas pelas dos outros gigantes dos mercados emergentes, China, Índia e Rússia - até agora, o país dos Bric que cresce mais rapidamente. Mas, nos últimos meses, o Brasil começou a melhorar."

O artigo cita ainda dados publicados na semana passada pela Unctad (órgão das Nações Unidas para o desenvolvimento), que mostram que o Brasil recebeu duas vezes mais investimentos estrangeiros diretos do que a Índia em 2007 e que cresceram a uma taxa mais rápida do que na China ou na Rússia. "O fluxo total de US$ 37,4 bilhões foi mais do que o dobro da quantia atraída pelo Brasil em 2006 e, pelo menos em termos nominais, mais do que o fluxo atraído no início desta década, quando a campanha de privatização estava a todo o vapor."
O "Financial Times" afirma que o crescimento surpreendeu até os brasileiros. Na China, o fluxo caiu, enquanto, na Rússia, cresceu 70%.
Explicação: O artigo pergunta por que o Brasil está se saindo tão bem e afirma que a riqueza em recursos naturais, cuja demanda mundial tem crescido, é parte da explicação.

"O sucesso do investimento recente, no entanto, é muito mais amplo", diz o texto. "Dados do Banco Central para os primeiros 11 meses de 2007 mostram que mais de um terço do fluxo de investimentos foi direcionado para a indústria manufatureira." Além disso, o país atraiu investimentos no setor de mineração, e o etanol atraiu bilhões, diz o "Financial Times".
Mas o jornal também atribui o aumento do fluxo à melhora das perspectivas macroeconômicas no Brasil. "Setores orientados para o mercado doméstico, como a construção, estão crescendo", acrescenta o jornal.
"O crescimento, que chegou a 5% em 2007; é desapontador se comparado ao da China ou da Índia, mas investidores estão cada vez mais confiantes de que uma demanda doméstica maior e o aumento das taxas de formação de capital vão permitir ao Brasil sobreviver relativamente ileso a um desaquecimento na economia americana."
Mas o diário britânico afirma que mesmo alguns investidores com interesses no Brasil temem os obstáculos para o crescimento, citando o chefe da GE para a América Latina, Marcelo Mosci, que teria dito que o fracasso em melhorar as condições de negócios no Brasil, por meio de reformas trabalhistas, entre outras, vai criar problemas no futuro. Segundo o jornal, no entanto, no momento, isso não está prejudicando o entusiasmo.
O artigo conclui citando o economista Emy Shayo, do Bear Stearns, que teria dito: "As pessoas estão totalmente apaixonadas pelo Brasil. Investidores vêm aqui e acreditam que este é o melhor país do mundo."

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